O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 64 – 13 a 19 de Julho de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 104 textos.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Política Fiscal: As publicações comemoraram os índícios de que a meta fiscal será cumprida. Contudo, continuam a afirmar que é necessário conter gastos e cortar despesas.

Venezuela: A imprensa criticou Lula e o Itamaraty por não censurarem Nicolás Maduro e suas declarações sobre as eleições. Para os jornais, Lula defende as eleições venezuelanas por ter a certeza da vitória de Maduro, e porque não é um verdadeiro democrata.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

Em julho, o Estadão aparece com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo, com IV[1] de – 1,12, seguido pela Folha, com – 0,65, e o Globo, com IV de – 0,49. O IV de julho até o momento é de – 0,72.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque da semana foi a cobertura sobre a política fiscal do governo. Os jornais concentraram a carga de discussões sobre a possibilidade de o governo cumprir a meta fiscal. Os periódicos afirmam que houve sinalização de que a promessa seja cumprida, porém pressionam o governo para conter gastos e despesas. As publicações ainda criticam Lula por suas declarações e ações, afirmando que ele é insensato e que atua para favorecer seus amigos.

O segundo assunto debatido foi a reforma tributária. Os textos continuam a criticar benefícios fiscais oferecidos a setores pela Câmara, e destacam o papel do Senado na revisão do texto. Os jornais destacam as tentativas de Haddad e Alckmin para taxar armamentos.

O terceiro tema foi a Venezuela. Os jornais criticam Lula por não se manifestar contra as afirmações de Nicolás Maduro. As declarações do presidente, defendendo respeito aos resultados das eleições venezuelanas, seriam reflexo da certeza de Lula de que Maduro vencerá o pleito.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nesta semana, a imprensa aumentou o tom crítico contra o Governo Federal. O Globo priorizou chamadas e colunas, enquanto a Folha concentrou as abordagens desfavoráveis nas chamadas de capa. Já o Estadão distribuiu as peças contrárias nos editoriais, chamadas e colunas.

[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em julho, o Estadão inicia o período como o periódico mais negativo, com IV de -1,44, seguido pelo Globo, com – 1,11, e a Folha, com -0,97. O IV total de julho até o momento é de 1,16.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Esta semana, os jornais citaram Lula negativamente em todos os tipos de texto. No Estadão, o destaque novamente fica com os editoriais. No total, foram oito publicações contrárias ao presidente. Já o Globo condensou suas críticas ao petista nas colunas. Na Folha, os textos desfavoráveis se distribuíram por chamadas de capa, colunas e editoriais.  

Em resumo, a grande imprensa brasileira aumentou esta semana a carga de cobertura negativa do governo, principalmente com foco nas discussões sobre a política fiscal e as eleições venezuelanas.

Lula continua como o principal alvo das críticas, considerado contrário às ações e posicionamentos que deveriam ser adotados pelo governo brasileiro na política externa. Além disso, os jornais pontuam que o petista não está preocupado com a democracia, mas apenas com a vitória de seus aliados políticos, inclusive no caso da Venezuela.

A falta de pluralismo interno dos jornais é novamente digna de nota, particularmente quando os assuntos são política fiscal do governo e a política externa em relação à Venezuela. O pluralismo externo tampouco existe, pois os jornais novamente se compartam de maneira muito similar, em todos os temas. Há apenas uma variação da intensidade da oposição feita pelos jornais, de extrema, no caso do Estadão, a muito forte, nos casos de seus pares.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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