O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 68 – 10 a 16 de Agosto de 2024

No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. A partir deste número, atualizaremos o Gráfico 2 com a informação dos jornais. Assim, é possível perceber qual tema é priorizado por cada jornal e sua valência. Nesta semana, foram analisados 84 textos.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Venezuela: Os jornais mudaram o posicionamento quanto a Lula, elogiando sua cautela em relação ao vizinho. Apesar disso, a proposta de novas eleições não foi bem recebida.
Política Fiscal: Os jornais reforçam as críticas ao Orçamento e aos gastos do governo. Nesta semana, a cobertura do governo é mais equilibrada no tema em comparação à de Lula, que é totalmente negativa.
Estadão: O veículo se destaca como o principal crítico a Lula e ao governo. Foram oito editoriais contra o governo e sete contra Lula.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

O mês de agosto apresenta o Estadão como o jornal mais desfavorável ao governo, com IV[1] de – 1,16, seguido pelo Globo, com – 0,71 de IV, e a Folha, com – 0,65. O IV de agosto até o momento é de – 0,83.


[1] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque, pela terceira semana consecutiva, foi a cobertura sobre as eleições venezuelanas. Os jornais modificaram a narrativa sobre Lula. Apesar de críticas ao presidente, por declarações sobre a possibilidade de que a situação seja resolvida na Justiça, a cobrança das atas eleitorais é elogiada. Todavia, a sugestão de novas eleições, apesar de encampada por Biden, é vista como uma proposta equivocada pelos jornais. Eles consideram que Lula está perdido na situação.

O segundo assunto debatido foi novamente a política fiscal. Os textos reforçam as críticas aos gastos, considerados desenfreados, com destaque à decisão do TCU que obrigou a abertura de crédito extraordinário fora dos limites do arcabouço. É interessante notar a diferença entre as coberturas: enquanto há alguma diversidade nos textos que citam o governo, no caso de Lula, todas as nove menções são negativas.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Nesta semana, a imprensa reduziu o tom crítico contra o Governo Federal. O Estadão priorizou as abordagens desfavoráveis nos editoriais — foram oito, no total. Já a Folha concentrou poucas peças contrárias nas chamadas e nos editoriais. Finalmente, o Globo trouxe mais textos negativos em colunas.

[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em agosto, o Estadão retoma a posição de jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,48, seguido pela Folha, com –1,34, e o Globo, com -0,66. O IV total do mês até o momento é de -1,11.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Nesta semana, o Estadão citou Lula negativamente em 7 editoriais, 4 chamadas e 4 colunas. Já o Globo dividiu suas críticas ao presidente entre chamadas e colunas. Na Folha, o destaque desfavorável foi distribuído nas 5 chamadas de capa e 3 editoriais.  

Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem crítica, com destaque para o Estadão, que apresenta a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo e ao presidente.

A análise dos temas nos permite observar que as três publicações possuem uma posição crítica sobre o governo, principalmente no debate sobre a Venezuela, priorizado pelo Globo. Embora a cobertura do governo seja predominantemente negativa, há textos favoráveis. Já em relação a Lula o tom é essencialmente negativo, e o presidente é frequentemente associado a Maduro, o que prejudicaria as ações do governo brasileiro.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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