DONI # 70 – 24 a 30 de Agosto de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. A partir deste número, atualizaremos o Gráfico 2, com as informações mais abordadas pelos jornais. Assim, é possível perceber qual dos temas é priorizado por cada veículo e sua valência. Nesta semana, foram analisados 100 textos.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Venezuela: As publicações retomaram o posicionamento crítico a Lula, especialmente por esperar a apresentação das atas eleitorais.
Banco Central: Os jornais demonstraram preocupação com a escolha de Gabriel Galípolo para presidência do BC. Os textos são unânimes em exigir responsabilidade e autonomia de Galípolo, e elogiar a gestão de Campos Neto.
Estadão: O veículo se destaca como o principal crítico a Lula e ao governo. Foram nove editoriais contra o governo e treze contra o presidente.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
O mês de agosto apresenta o Estadão como o jornal mais desfavorável ao governo, com IV de – 1,09, seguido pelo Globo, com – 0,57 de IV, e a Folha bem próxima, com – 0,56. O IV de agosto até o momento é de – 0,74.
[1] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana foi a cobertura sobre a escolha de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. Os jornais foram unânimes em ressaltar a preocupação com o comprometimento da autonomia do BC, e pressionam Galípolo a manter a responsabilidade com os juros e não ceder aos anseios de Lula em influenciar as decisões da autoridade monetária. Os textos destacam que o mercado está preocupado com a possível interferência do governo no BC na política de juros, e enfatizaram a necessidade de o novo presidente seguir o legado positivo de Campos Neto.
O segundo assunto debatido envolveu as queimadas em vários estados do país. Os jornais criticam a condução da crise da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do presidente Lula na crise. Os textos lembram que a proposta de Marina para a criação de uma ação articulada, e enfatizaram que a medida já foi implementada por Jair Bolsonaro, em 2019.
O terceiro tema foi a crise na Venezuela. Os textos sugerem que o governo brasileiro é leniente com a ditadura de Maduro, principalmente com a insistência de apresentação das atas eleitorais, enquanto outros países da região teriam evidenciado a vitória da oposição.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa ampliou o tom crítico contra o Governo Federal. O Estadão apresentou abordagens negativas em todos os tipos de texto, priorizando concentrar a cobertura desfavorável nos editoriais, nove no total. Já a Folha distribuiu poucas peças contrárias nas chamadas e nos editoriais. Finalmente, o Globo apresentou textos negativos, principalmente, nos editoriais.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em agosto, o Estadão mantém a posição de jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,83, seguido pela Folha, com –1,13, e o Globo, com -0,86. O IV total do mês até o momento é de -1,21.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Esta semana, o Estadão citou Lula negativamente em 13 editoriais, 3 chamadas, 2 colunas e 1 artigo de opinião. Já o Globo dividiu suas críticas ao presidente entre chamadas, colunas e editoriais. Na Folha, o destaque foi para as 4 chamadas de capa e os 5 editoriais contrários ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula apresenta uma contínua abordagem crítica, com destaque para o Estadão, que apresenta a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo e ao presidente.
A principal preocupação da semana foi a possibilidade de um BC alinhado ao governo Lula, com uma política monetária diferente daquela aplicada por Campos Neto, sempre elogiado. Também se destaca a discussão sobre a Venezuela, sempre com uma posição contrária a Lula, por não aceitar a suposta vitória da oposição e somente pressionar pela apresentação das atas das eleições.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
