O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 73 – 14 a 20 de Setembro de 2024

No relatório DONI semanal, são analisados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula e figuras e instituições do Executivo, publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram examinados 99 textos.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3 dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Queimadas: Os jornais criticaram a condução da crise do fogo pelo governo, ironizando Lula e sua tentativa de ser um líder mundial na questão ambiental, sem conseguir lidar com o tema no próprio país.
Política Fiscal: As publicações repetem as críticas aos gastos do governo, porém elogiam o aumento da taxa Selic, aprovado por unanimidade pelo Copom. Para os jornais, a economia cresce mais do que consegue suportar.
Estadão: O veículo continua como o principal crítico de Lula e de governo. Todos os quatorze editoriais foram contra o Executivo e o presidente.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

No mês de setembro, o Estadão permanece como o veículo mais desfavorável, com Índice de Viés[3] (IV) de -2,5, seguido pela Folha, com -0,85, e o Globo, com -0,80. O IV de setembro até o momento é de -1,23.


[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Os destaques da semana são o combate às queimadas, a política fiscal e o aumento da taxa Selic.

Sobre a cobertura dos incêndios ambientais, os jornais afirmam que o governo estava despreparado para a gestão da crise. Os textos classificam como péssima a condução da situação pelo presidente. As publicações pontuam que Lula tenta se apresentar como líder mundial na questão climática, mas não faz o dever de casa.

O segundo assunto debatido foi a política fiscal, no contexto da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que aumentou a taxa básica de juros. Os textos reforçam que a decisão é correta e necessária para conter a pressão inflacionária. Os jornais criticaram o governo pelo que definem como “manobras contábeis” — medidas que deslocam despesas para fora do Orçamento. A crítica resgata o enquadramento da chamada “contabilidade criativa” do governo Dilma Rousseff.

O aumento da Selic foi o terceiro tema mais abordado. Os jornais são categóricos em afirmar que a unanimidade do Copom na aprovação da alta dos juros é positiva e demonstra que Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, pode ser um bom presidente do BC. Os textos afirmam que a elevação é uma resposta aos altos gastos do governo. Para os jornais, a economia brasileira cresce mais rápido do que é capaz de suportar.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa subiu o tom contra o governo federal, publicando abordagens desfavoráveis em todos os tipos de texto. O Estadão priorizou as abordagens contrárias nos editoriais — foram quatorze, no total. Já Folha e Globo distribuíram suas críticas nas chamadas, nas colunas e nos editoriais.

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em setembro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -6,00, seguido pela Folha, com -1,13, e o Globo, com -1,00. O IV total de setembro é de -2,00.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Na semana, o Estadão citou o presidente negativamente em quatorze editoriais, quatro chamadas e uma coluna. O Globo, por sua vez, apresentou uma cobertura bem mais equilibrada, inclusive com alguns artigos favoráveis. Na Folha, a abordagem desfavorável também não foi intensa, e se distribuiu por duas colunas, dois editoriais, uma chamada e uma manchete.

Em resumo, com a exceção do Estadão, que continua a dedicar uma cobertura intensamente negativa ao governo e a Lula, os outros dois jornais amainaram a intensidade das críticas, ainda que o tema da política fiscal tenha persistido, sempre por meio da defesa de uma concepção ortodoxa da economia. Além desse tema costumeiro, essa semana trouxe o tema da crise ambiental, cuja responsabilidade também foi creditada ao governo, pelos jornais.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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