O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 77 – 12 a 18 de Outubro de 2024

No relatório DONI semanal, são examinados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula ou figuras e instituições do Executivo, publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram avaliados 123 textos.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico a Lula. Já a Folha ultrapassou o concorrente paulistano no ranking do Índice de Viés mais negativo em relação ao governo federal.

Apagão em SP: Apesar de algumas críticas a Tarcísio e Nunes, os jornais nacionalizaram a crise e questionaram o governo federal sobre a atuação da agência reguladora.

Eleições 2024: Os jornais pontuam o desempenho do Centrão como uma vitória da direita “democrática”. Os textos criticam Lula pela incapacidade de ajudar seus candidatos a vencerem, e afirmam que quem já foi governado pelo PT não quer a esquerda no poder.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de outubro apresenta a Folha como o jornal mais desfavorável ao governo, com Índice de Viés[3] (IV) de -1,00, seguida pelo Estadão, com IV de -0,93, e O Globo, com -0,52. O IV de outubro até o momento é de -0,84.


[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque foi o debate sobre a política fiscal, especialmente a questão da responsabilidade fiscal. Os jornais novamente sustentam a posição de cortes de despesas de Haddad e Tebet, como defensores da responsabilidade fiscal, enquanto o resto do governo não estaria preocupado com os gastos públicos. Os textos sugerem que Lula esqueça o populismo e foque no arcabouço fiscal.

O segundo assunto debatido foi o apagão na cidade de São Paulo, após um temporal. Os jornais nacionalizaram a discussão sobre a falta de energia na capital paulista e criticam Alexandre Silveira (Minas e Energia), pelo que chamaram de desrespeito à autonomia da Aneel. Para eles, o ministro utilizou questões políticas para atacar a agência reguladora, com o objetivo de prejudicar Ricardo Nunes. Os textos evitam culpabilizar o governo estadual e municipal. E, ainda, reproduziram as declarações de Tarcísio e Nunes contra o governo Lula.

Finalmente, os resultados do primeiro turno de 2024 voltaram a ser tema. Os jornais pontuam a campanha em diversas capitais, especialmente São Paulo. O destaque fica por conta do elogio ao Centrão. Para o Estadão, a direita “civilizada” venceu a direita bolsonarista e a esquerda lulista.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa manteve o tom crítico ao governo federal. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo, prioritariamente nos editoriais — foram nove, no total, seguido de perto pelas chamadas, com sete peças contrárias ao governo. A Folha apresentou posicionamentos contrários em todos os tipos de texto, com destaque para as chamadas. Finalmente, O Globo trouxe críticas ao governo em quase todas as seções, exceto nos artigos de opinião.  As colunas e os editoriais concentraram publicações desfavoráveis

[2] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em outubro, o Estadão continua como o mais negativo, com um IV parcial de -2,56, seguido pelo Globo, com -0,97, e a Folha, com IV de -0,66. O IV de outubro até o momento é de -1,16.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Nesta semana, o Estadão novamente focou as críticas ao presidente nos editoriais — foram doze textos. O Globo e a Folha, por sua vez, criticaram Lula em chamadas — foram sete, no jornal carioca, e seis, no jornal paulista.

A análise dos temas nos permite observar que as três publicações apresentam recorrentes críticas aos gastos do governo, sempre elogiando ministros que defendem a responsabilidade fiscal, como Fernando Haddad e Simone Tebet.

Em relação ao apagão em São Paulo, a imprensa nacionalizou o debate. Houve críticas sobre o tratamento do tema pelo ministro de Minas e Energia. Apesar de responsabilizar o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo, os jornais aproveitam para culpabilizar o governo federal pela falta de fiscalização da agência reguladora, omitindo que ela é presidida por um indicado do governo anterior.

Em relação às eleições municipais de 2024, os jornais afirmam que Lula não consegue mais ajudar seus apadrinhados. O Estadão ainda arrisca um aceno ao Centrão, classificando o bloco de partidos como “direita mais civilizada e democrática, mais pragmática e menos ideológica” do que Jair Bolsonaro, que teria vencido as eleições municipais contra a esquerda porque “quem já foi governado pela esquerda, sobretudo pelo PT, quer distância de governos de esquerda”.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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