O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 78 – 19 a 25 de Outubro de 2024

No relatório DONI semanal, são examinados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula ou figuras e instituições do Executivo, publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram analisados 106 textos.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico, com um Índice de Valência (IV) consistentemente negativo.

Esquerda Identitária: Os jornais criticam o excesso de pautas identitárias da esquerda, que teria esquecido a luta pela igualdade política.

Política Fiscal: Os meios continuam a defender o posicionamento de Haddad e Tebet pela responsabilidade fiscal, criticando servidores e Lula por não se preocuparem com a saúde econômica do país.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de outubro apresenta o Estadão como o jornal mais desfavorável ao governo, com Índice de Viés[3] (IV) de -1,00, seguido pela Folha, com IV de -0,79, e o Globo, com -0,65. O IV de outubro, até o momento, é de -0,82.


[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

O destaque desta semana foi o debate sobre a política fiscal, especialmente a questão da responsabilidade fiscal. Os jornais defendem a posição de Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento. Os dois ministros são tratados como defensores da responsabilidade fiscal, em oposição a Lula que não cede aos alertas sobre os limites da revisão de gastos. Com críticas às pressões das categorias, os textos noticiam a proposta de economizar R$ 5 bi, com o projeto do PL dos supersalários e destacam o apoio da opinião pública.

O segundo assunto mais abordado foi a reunião dos Brics. Os jornais destacam que o Brasil como próximo presidente do bloco enfrentará inúmeros desafios, entre eles a desigualdade interna do bloco. A ausência de Lula no encontro, resultado de um acidente doméstico, é até comemorada em certos textos por evitar prováveis dores de cabeça na diplomacia do país por possíveis declarações e posicionamentos do presidente.

Finalmente, o segundo turno das eleições municipais de 2024 voltaram à cena esta semana, e dentro da cobertura do presidente. Os jornais repetem as críticas feitas ao longo da campanha de que o presidente não é capaz de transferir capital político e votos aos seus candidatos a prefeito. A esquerda também é apresentada negativamente. Os textos afirmam que o campo se perdeu em suas questões identitárias e não discute aquela que seria a sua pauta principal, segundo os jornalistas: a igualdade política.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa manteve o tom crítico ao governo federal. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram dez, no total. A Folha apresentou peças contrárias em todos os tipos de texto, exceto nos artigos de opinião. O destaque desfavorável foi distribuído nas chamadas e as manchetes. Finalmente, O Globo trouxe críticas ao governo principalmente nas chamadas de capa.

[2] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em outubro, o Estadão continua como o mais negativo, com um IV parcial de -2,78, seguido pelo Globo, com -1,13, e a Folha, com IV de -0,78. O IV de outubro até o momento é de -1,34.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Nesta semana, o Estadão novamente focou as críticas ao presidente nos editoriais, foram doze contrários no total. A Folha, por sua vez, criticou Lula em chamadas, editoriais e manchetes, com três inserções negativas para cada tipo de texto. Já O Globo priorizou as chamadas de capa com textos negativos ao presidente, com seis.

A análise dos temas nos permite observar que as três publicações apresentam críticas recorrentes aos gastos do governo, mas elogiando ministros que defendem a responsabilidade fiscal, como Fernando Haddad e Simone Tebet. A reunião dos Brics também foi noticiada, com um enquadramento negativo ao governo. Primeiro, a ausência de Lula foi abordada como um fator positivo por evitar constrangimentos ao país. Posteriormente, os jornais ainda destacaram os desafios que o Brasil terá ao assumir a Presidência do bloco. Finalmente, quando o assunto é a eleição municipal de 2024, os jornais repetem que Lula não consegue mais ajudar seus apadrinhados a se elegerem. Neste sentido, a Folha afirma ainda que a esquerda teria se afastado do debate sobre igualdade política em prol de uma discussão sobre identitarismo, o que a teria feito perder eleitores para a extrema direita.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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