DONI # 79 – 26 de Outubro a 01 de Novembro de 2024
No relatório DONI semanal, são examinados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula ou figuras e instituições do Executivo, publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1] Nesta semana, foram analisados 107 textos.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de outubro termina com o Estadão como o jornal mais desfavorável ao governo, com Índice de Viés[3] (IV) de -0,94, seguido pela Folha, com IV de -0,75, e o Globo, com -0,68. O IV de outubro foi de -0,80.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque desta semana foi o debate sobre a política fiscal, especialmente a projeção do FMI de crescimento de 3%. Os jornais ressaltam os aspectos negativos do descompasso entre política monetária e fiscal, que prejudica o crescimento do PIB brasileiro. As publicações criticam o “esquecimento” do pacote de corte de gastos, ensaiado pelo governo para o pós eleições municipais. Para os veículos, o problema é convencer Lula.
O outro tema debatido foi o segundo turno das eleições municipais de 2024. Os jornais repetem o posicionamento crítico a Lula e à esquerda. Quanto ao campo, criticam a falta de projeção das propostas em discursos. Em relação ao presidente, a crítica está associada a Bolsonaro, numa comparação de que ambos falharam na tentativa de polarizar as eleições municipais, principalmente a paulista.
Finalmente, a crise entre Brasil e Venezuela foi o terceiro assunto mais abordado. Os jornais pontuam que o governo Lula não quer aumentar as tensões com o país vizinho, enquanto o governo Maduro rejeita conversar com Celso Amorim. Para os veículos de imprensa, o caso é reflexo da “leniência petista” com o regime venezuelano.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa manteve o tom crítico ao governo federal. O Estadão apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais e nas chamadas — foram cinco, no total. A Folha apresentou peças contrárias em todos os tipos de texto, exceto nas colunas. O destaque negativo ficou com os editoriais. Finalmente, O Globo trouxe críticas ao governo principalmente nos editoriais — foram quatro nesta semana.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
No caso da cobertura de Lula, o Estadão foi o mais negativo em outubro, com um IV de -2,78, seguido pelo Globo, com -1,13 e a Folha, com IV de -0,78. O IV de outubro foi de -1,33.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — foram nove contrários, no total. A Folha, por sua vez, criticou Lula em todos os tipos de texto, exceto nos artigos de opinião. O destaque negativo ficou com editoriais e chamadas, com três para cada tipo de texto. Já O Globo priorizou as colunas negativas ao presidente, com cinco ao todo.
A análise dos temas nos permite observar que as três publicações apresentam recorrentes críticas aos gastos do governo, mesmo em pautas positivas como a revisão de projeção do crescimento do PIB. A crise com a Venezuela também foi noticiada, com um enquadramento negativo ao PT, mesmo que o governo tenha sido poupado desta vez. Primeiro, a leniência com o chavismo foi criticada. Por outro lado, houve destaque para as tentativas do Itamaraty conter a elevação de patamar da crise, mesmo com a subida de tom de Maduro contra o país. Finalmente, quando o assunto foi o resultado das eleições municipais de 2024, os jornais repetem as críticas a Lula, afirmando que o presidente, assim como Jair Bolsonaro, tenta polarizar as eleições municipais, mas sem sucesso. Quanto à esquerda, a imprensa enfatizou que o campo não teria conseguido se projetar nas eleições.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.