DONI # 80 – 02 a 08 de Novembro de 2024
No DONI semanal, são examinados os textos que mencionam o presidente Lula ou algum personagem, ou instituição do Executivo, nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo, e da Folha de S.Paulo. A análise abrange as manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1]. Nesta semana, foram avaliados 110 textos.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de novembro começa com o Estadão como o mais desfavorável, com Índice de Viés (IV)[1] de – 0,87, seguido pelo Globo, com – 0,33, e a Folha, com 0,3. O IV de novembro até o momento é de – 0,47.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque desta semana é o debate sobre a Política Fiscal. A discussão prioriza a narrativa de articulação do pacote de corte de gastos do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Os jornais reforçam a narrativa que separa a equipe econômica, preocupada com o ajuste fiscal, e o presidente Lula, um “populista” que teria como objetivo apenas manter gastos sociais mirando sem sua reeleição em 2026.
O segundo assunto debatido foi a segurança pública, especialmente a PEC da Segurança Pública. Os jornais elogiam a proposta do governo e o diagnóstico do ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) quanto à importância de alterar a Constituição para combater o crime organizado. Apesar dos elogios, os jornais criticam o atraso na apresentação da proposta.
Finalmente, as eleições nos Estados Unidos foram o terceiro tema mais abordado. Os veículos destacaram a posição brasileira de externalizar o apoio à candidata democrata Kamala Harris, e a preocupação com as possíveis consequências negativas à democracia com a vitória de Trump. Os textos ainda pontuam a tentativa do bolsonarismo de se aproximar do presidente recém-eleito para fortalecer uma candidatura de 2026.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa manteve o tom crítico ao governo federal. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram seis, no total. A Folha priorizou também a seção de editoriais, com seis textos contrários. Já o Globo apresentou dez chamadas de capa desfavoráveis.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em novembro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -0,60, seguido pelo Globo, com –0,44, e a Folha, com com -0,33. O IV total de novembro é – 0,47.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais, foram 6 contrários no total. O Globo, por sua vez, criticou Lula em chamadas, editoriais e colunas, com destaque para o último, com 5 ao todo. Na Folha, foram seis editoriais.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem crítica, com destaque para o Estadão. Mas, em comparação aos últimos meses, o IV está mais baixo, o que demonstra, até o momento, uma cobertura menos intensamente negativa do que o registrado em agosto, setembro e outubro.
A análise dos temas nos permite observar que as três publicações continuam a debater a política fiscal a partir de uma oposição entre a equipe econômica e Lula, com o objetivo de criticar o presidente pelas falhas em projetos propostos pela Fazenda, e que agradam o mercado. Em relação às eleições norte-americanas, a vitória de Trump, candidato que o governo brasileiro não apoiava, acende um alerta nos jornais sobre possíveis prejuízos para o país diante do que consideram um erro diplomático de Lula.
Em suma, o mês de novembro se inicia com uma mídia que repete o modus operandi das últimas semanas: elogios direcionados a alguns ministros e ministérios e críticas direcionadas prioritariamente a Lula.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.