DONI # 81 – 09 a 15 de Novembro de 2024
No relatório DONI semanal, são examinados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula ou figuras e instituições do Executivo, publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram avaliados 110 textos
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de novembro começa com o Estadão como o veículo mais desfavorável, com Índice de Valência[1] (IV) de – 0,83, seguido pelo Globo e pela Folha, ambos com – 0,33. O IV de novembro até o momento é de – 0,46.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
Esta semana, a discussão econômica continua como o destaque da cobertura sobre o governo federal, principalmente as discussões sobre política fiscal e sobre a PEC da escala 6X1. A discussão da política fiscal repete a fórmula das últimas semanas: a dicotomia entre equipe econômica, preocupada com os gastos, e o presidente Lula, como um entrave para o ajuste. Desta vez, o BC é a instituição defensora do corte, apoiando o cumprimento da meta inflacionária. Por sua vez, Lula é criticado por supostamente demonizar o mercado. Para os jornais, a preocupação de Lula é a de que os ajustes afetam somente os mais pobres, por isso o pacote de taxação dos super ricos surge para amenizar essas críticas.
O segundo assunto debatido foi a proposta da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) para reduzir a jornada de trabalho. Os veículos sugerem que o governo, apesar de publicamente abraçar a proposta, estaria internamente dividido: ministros como Luiz Marinho (Trabalho) e o vice-presidente Geraldo Alckmin apoiaram a proposta, enquanto a equipe econômica e instituições como o BC teriam ressalvas sobre o projeto.
Finalmente, a tentativa de atentado ao STF foi o terceiro tema mais abordado. Os jornais destacaram a relação do autor do ataque com o PL. Sobre o governo federal e Lula, os textos pontuaram a discussão para aumentar a proteção das sedes dos poderes em Brasília, e ainda a ausência da Abin nos debates sobre o atentado. O caso teria escancarado que a agência tem sido escanteada pelo governo, o que resultaria em um problema para a Polícia Federal.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa reduziu o tom crítico em relação ao governo federal, na comparação aos meses anteriores. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram seis, no total. A Folha e o Globo carregaram os textos desfavoráveis nas chamadas, com três e sete, respectivamente.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em novembro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -0,81, seguido pelo Globo, com –0,46, e a Folha, com com -0,35. O IV total de novembro é – 0,55.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais, foram 9 contrários no total. O Globo, por sua vez, criticou Lula em chamadas, editoriais e colunas, todos com três textos negativos cada. Na Folha, os textos contrários foram distribuídos nos editoriais e nas chamadas, com duas publicações de cada tipo de texto.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem crítica, com destaque para o Estadão. Em comparação aos últimos meses, todavia, o IV se apresenta um pouco mais baixo, o que demonstra um tom menos crítico do que aquele que acompanhamos em agosto, setembro e outubro.
A análise dos temas nos permite observar que as três publicações continuam a priorizar a discussão sobre economia, principalmente sob uma lente de dualidade equipe econômica vs Lula, na qual a primeira se preocupa com os ajustes fiscais, e o segundo apenas com a sua reeleição. Em relação à tentativa de atentado no STF, os jornais alertam que o debate sobre o caso acendeu a luz amarela sobre a ABIN ter sido afastada da discussão sobre inteligência e segurança pública, resultando em problemas para a PF. Finalmente, a proposta de redução da escala de trabalho de 6×1 é apresentada como uma pauta que teria dividido o governo. Os jornais avaliam que a imagem de apoio apresentada publicamente pelo governo não seria compartilhada por todos os ministros, principalmente por parte da equipe econômica, que teria ressalvas sobre os resultados do projeto para setores produtivos.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.