DONI # 82 – 16 a 22 de Novembro de 2024
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo e Estado de S.Paulo, e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram avaliados 109 textos.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de novembro continua com o Estadão como o mais desfavorável, com IV[1] de – 0,73, seguido pelo Globo, com – 0,27, e pela Folha, com – 0,24. O IV de novembro até o momento é de – 0,40. O nível geral de negatividade caiu, no entanto, em relação aos meses passados.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
Esta semana, a discussão sobre política fiscal continua a ser o tema mais comentado na cobertura sobre o governo federal, agora focando as alterações propostas pela equipe econômica. Embora a Folha tenha dado destaque para a divulgação do relatório com volume de concessão de benefícios fiscais a empresas, os jornais criticam a falta de controle e resultado com essa política, e alertam ainda que a valorização do salário-mínimo pode dificultar as contratações futuras no mercado de trabalho.
O segundo assunto debatido foi a Operação Contragolpe. Os jornais destacam as descobertas sobre a tentativa de assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, destacando que a investigação desconstrói a narrativa dos investigados. Para as publicações, o golpe somente seria possível se os militares apoiassem o projeto.
Finalmente, a reunião do G20 foi o terceiro tema mais abordado. Os jornais destacaram o saldo positivo da reunião para o Brasil, principalmente com a formação da aliança contra a fome. As tensões políticas foram um destaque importante, mas o consenso conquistado pelo Brasil sobre os seus principais temas, como luta contra a pobreza e tributação progressiva, foi elogiado.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa manteve um tom desfavorável mas menos intenso em relação ao governo federal, em comparação aos outros meses. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram sete, no total. A Folha priorizou as chamadas negativas, foram três. Finalmente, o Globo trouxe como destaque negativo também as chamadas, com quatro ao todo.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em novembro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -0,76, seguido pelo Globo, com –0,35, e a Folha, com -0,29. O IV total de novembro é – 0,47.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — foram 6 contrários ao total. O Globo, por sua vez, criticou Lula em chamadas, com dois textos negativos . Na Folha, o destaque desfavorável foram as colunas e as chamadas, com duas menções contrárias ao presidente em cada tipo de texto.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão. Em comparação aos últimos meses, todavia, o IV está mais baixo, o que demonstra, até o momento, uma cobertura menos crítica do que aquela que acompanhamos em agosto, setembro e outubro.
A análise dos temas nos permite observar que as três publicações continuam a priorizar a discussão sobre a política fiscal, antecipando os cortes de gastos e o debate sobre o pacote que será apresentado. Em relação ao plano de golpe de Estado, que envolvia o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, os jornais alertam para a participação de militares em um possível ataque às instituições democráticas e destacam o papel dos envolvidos no esquema. Finalmente, na discussão sobre a reunião do G20, as publicações elogiam a atuação do governo brasileiro, mesmo com as tensões presentes na reunião.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.