DONI # 89 – 04 a 10 de Janeiro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Política Fiscal: Os jornais aproveitam o início do ano para destacar a desconfiança do mercado em relação à responsabilidade fiscal do governo e apontam o presidente como único capaz de dissipar as dúvidas.
Nem Lula, nem Bolsonaro: Os jornais criticam a politização do ato em defesa da democracia, que contou a presença de Lula. Os textos ainda lembram que os ataques do 8 de janeiro de 2023 só ocorreram porque o bolsonarismo usurpa a verdade cívica.
Posicionamento Editorial: O Estadão começa o ano como o veículo mais crítico ao governo e de Lula, com um Índice de Valência (IV) negativo consistentemente superior ao de seus pares.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de janeiro começa com o Estadão como o mais desfavorável, com IV[1] de – 1,06, seguido pelo Globo, com – 0,83, e pela Folha, com – 0,62. O IV de janeiro até o momento é de – 0,84.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, as publicações aproveitaram o início do ano para reforçar a importância de políticas fiscais anticíclicas e contracionistas, diante dos “efeitos negativos” de uma economia superaquecida. Os jornais ainda reforçam que há uma grande desconfiança do mercado e que apenas Lula seria capaz de resolver a questão.
O segundo assunto mais abordado foi o próprio governo federal. A possibilidade de Sidônio Palmeira assumir a SECOM é elogiada. Os textos ainda pontuam que o pacto nacional pela retomada de obras inacabadas é positivo, mas pode ser de lenta execução.
Finalmente, a memória sobre o 8 de janeiro de 2023 foi tema nesta semana. O ato em defesa da democracia e que relembrou a data foi criticado pelos jornais, e classificado como um evento cooptado pela esquerda e, principalmente, por Lula que deu tom político. Para os periódicos, a cerimônia deveria evitar a politização, e a polarização poderia aumentar as tensões entre os poderes. Os textos ainda destacam a ausência dos presidentes das casas legislativas, e reforçam que o ataque do 8 de janeiro não teria ocorrido sem Jair Bolsonaro e a usurpação da verdade cívica que o bolsonarismo faz.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa manteve a cobertura francamente desfavorável. O Estadão apresentou posicionamento negativ, especialmente em nove editoriais contrários. A Folha e o Globo priorizaram as chamadas desfavoráveis, com quatro e nove textos, respectivamente. Mas é digno de nota o fato de todos os 3 editoriais publicados pela Folha sobre o Governo terem sido negativos.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em janeiro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,82, marca mais negativa desde outubro de 2024, seguido pela Folha, com – 1,00, e o Globo, com -0,35. O IV total de janeiro até o momento é de – 0,95.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 9 textos contrários. O Globo, por sua vez, concentrou posicionamento desfavorável a Lula em colunas, com três publicações negativas, ao mesmo tempo que publicou um número significativo de editoriais desfavoráveis: 4. A Folha distribuiu peças desfavoráveis nas chamadas de capa, editoriais e colunas.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão.
As três publicações priorizam a temática econômica na cobertura do governo, pressionando o presidente Lula a assumir um compromisso fiscal que reduza a desconfiança do mercado financeiro. Os textos também cobram o ato pela democracia que lembra os ataques do 8 de janeiro de 2023, criticando a politização feita por Lula e pela esquerda durante os eventos. Os jornais ainda aproveitam para reforçar que a tentativa de golpe foi fruto das ações de Jair Bolsonaro.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.