DONI # 91 – 18 a 24 de Janeiro de 2025
No DONI semanal são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico ao governo e a Lula, com um Índice de Valência (IV) consistentemente negativo.
Pix: A fraca reação do governo contra as notícias falsas sobre o Pix foi amplamente explorada pelos jornais.
Inflação: Os textos reclamam aumento de gastos do governo para alavancar o PIB, as consequências para elevação de preços. A declaração de Rui Costa sobre intervenção para conter a alta dos alimentos foi alvo das publicações.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de janeiro termina com o Estadão como o mais desfavorável, com IV[3] de – 1,25, seguido pelo Globo, com – 0,96, e pela Folha, com – 0,75. O IV de janeiro até o momento é de – 0,99.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, as publicações repercutiram os desdobramentos da decisão de ampliar a fiscalização sobre o Pix e a onda de notícias falsas que atingiu em cheio o governo, que suspendeu as mudanças. As publicações apontam a incapacidade da Comunicação para lidar com a repercussão negativa e a fake News sobre a criação de um imposto sobre as transferências instantâneas. Os textos também pontuam que há uma parcela da população insatisfeita com as medidas e ações do Executivo.
Finalmente, a inflação também foi assunto prioritário. Os jornais criticam Rui Costa (Casa Civil) por sugerir intervenção nos preços dos alimentos. Para os periódicos, a alta do índice de preços está ligada ao aumento das despesas públicas, e o crescimento do PIB pela expansão de gastos é insustentável.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa manteve seu tom desfavorável ao Governo Federal. O Estadão apresentou posicionamento negativo, prioritariamente nas chamadas e nos editoriais — ambas com nove. A Folha e o Globo priorizaram as chamadas negativas, com oito e onze edições, respectivamente.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em janeiro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,69, marca mais negativa desde outubro de 2024, seguido pela Folha, com – 0,97, e o Globo, com -0,83. O IV total de janeiro até o momento é de – 1,13.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 8 textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em chamadas e em colunas, com quatro publicações negativas cada uma. A Folha distribuiu textos desfavoráveis em seus vários formatos, como destaque para as chamadas e editoriais, e também manchetes, que são uma potente forma de comunicação jornalística.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa.
As três publicações priorizam a discussão sobre a inabilidade política na condução da comunicação do governo na polêmica sobre o Pix. Os jornais ressaltam a falta de articulação para conter a onda de notícias falsas, ao mesmo tempo que o Executivo decidiu trocar do comando da Secretaria de Comunicação (Secom), que passou para as mãos de Sidônio Palmeira.
Além disso, a inflação continuou a receber destaque no noticiário e tratada como uma consequência para os mais pobres da má condução da política econômica e a falta de compromisso com corte de gastos públicos
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.