DONI # 98 – 8 a 14 de Março de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
“Mulher Bonita”: Os jornais fizeram duras críticas a Lula por sua declaração sobre a escolha de Gleisi Hoffmann, afirmando que sua frase foi machista e representa uma visão ultrapassada da realidade.
Governo à esquerda: As publicações interpretaram as mudanças nos ministérios como uma guinada do governo à esquerda. Na visão da imprensa, o descontrole fiscal foi elevado para tentar recuperar a popularidade do presidente.
Posicionamento Editorial: Os principais jornais brasileiros acentuaram sua cobertura negativa em março. A Folha apresentou a cobertura mais desfavorável contra o governo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de março marca uma cobertura essencialmente negativa contra o governo. A Folha se posiciona como jornal mais negativo, com IV[3] de – 2,20, seguida pelo Globo, com – 1,88, e pelo Estadão, com – 1,54. O IV de março até o momento é de – 1,82, o maior de todo o período.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, o principal assunto da cobertura foi a reforma ministerial. Os jornais continuam a explorar a escolha de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, destacando que o centrão não está satisfeito com a escolha. Os textos destacam que as mudanças nos ministérios direcionam o governo para uma posição mais à esquerda.
O segundo tema mais abordado foi o funcionamento do governo. Os jornais discutem os gastos excessivos em publicidade, e atribuem o aumento das despesas como parte da estratégia para reverter a queda de popularidade do presidente. Os textos criticam Lula pela irresponsabilidade fiscal de seu governo.
A inflação foi um dos principais assuntos da semana. A decisão do governo de criar isenções foi atacada e considerada como uma medida populista. Os textos sugerem que Lula modere sua atuação sobre a questão dos alimentos, na medida em que o principal culpado pela escalada dos preços é o próprio Planalto.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, o Estadão continuou a apresentar posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais, foram dez edições no total. O Globo distribuiu chamadas e colunas contrárias ao governo, com sete edições cada. Já na Folha, as chamadas foram as mais desfavoráveis, concentrando sete textos.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

O mês de março amplia a cobertura extremamente desfavorável para Lula. O Estadão é o veículo mais contrário ao presidente, com IV de – 2,67, seguido pelo Globo, com – 1,71, e pela Folha, com – 1,33. O IV de março até o momento é foi de – 1,84.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão concentrou suas críticas ao presidente nos editoriais, com onze textos contrários. A Folha e O Globo, por sua vez, priorizaram as colunas negativas a Lula, com sete cada.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma abordagem predominantemente crítica, com destaque para o Estadão e a Folha. A cobertura negativa se intensificou ainda mais em março, acompanhada de um tom mais severo por parte da imprensa.
As três publicações exploraram as declarações de Lula sobre Gleisi, em meio à reforma ministerial e articulação com o Congresso. O discurso do presidente foi atacado, e classificado como machista. Os textos destacam que o governo deu uma guinada à esquerda com as mudanças no Planalto. A preocupação com a responsabilidade fiscal ganhou um novo capítulo com aumento de gastos gerado por ações para reverter a queda na popularidade de Lula, o que resultará em mais pressão sobre os juros no futuro.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.