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O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 100 – 22 a 28 de Março de 2025

No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1].


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Popularidade: Os jornais criticam o governo por tomar decisões apenas visando a recuperação da popularidade do presidente. Não há preocupação com a responsabilidade fiscal, apenas com a reeleição em 2026.

Segurança Pública: As notícias destacaram a fala de Lewandowski como infeliz, sendo um combustível para a oposição. Os jornais alertam que a Segurança Pública é o principal problema do governo, que dá sinais de que irá se preocupar com o tema daqui para a frente.

Posicionamento Editorial: Os principais jornais brasileiros apresentaram uma redução na cobertura negativa. Essa semana o Estadão liderou o ranking de cobertura mais desfavorável tanto em relação ao governo quanto ao presidente.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

A segunda metade do mês de março continua com uma redução na cobertura negativa contra o governo. O Estadão retoma a posição como jornal mais negativo, com IV[3] de – 1,35, seguido pelo Globo, com – 1,09, e pela Folha, com – 1,09. O IV de março até o momento é de – 1,18.


[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a política fiscal do governo Lula dominou a cobertura. Os jornais relembraram a entrevista de Simone Tebet sobre os problemas fiscais para o próximo governo e criticaram desta vez o presidente Lula por gastar para garantir sua reeleição em 2026. Para os os jornais, o presidente é resistente a realizar ajustes fiscais.

O segundo tema mais abordado foi o funcionamento do governo. Os jornais reforçam as críticas que há alguns meses não apareciam, mas que em março retornaram com força: de que o governo Lula 3 é uma tentativa de repetir os governos Lula I e II. Os periódicos, criticaram também a falta de ambição no Governo Federal para priorizar agendas não populares como a questão da Segurança Pública. Os jornais são enfáticos: o PT  não sabe o que é exercer a presidência e ser governo. A temática da Segurança Pública foi o terceiro destaque da semana. Ganhou repercussão a declaração do ministro da Justiça Ricardo Lewandoski sobre a polícia prender mal no país e o Judiciário soltar os presos. Os jornais pontuam que a fala foi amplamente utilizada pela oposição e que a temática da Segurança Pública é o calcanhar de Aquiles do governo. Entretanto, os jornais pontuam que há uma luz no fim do túnel: a PEC da Segurança Pública e a retomada de projetos existentes como o Celular Seguro apontam para uma possível retomada do tema por parte do governo Lula.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, o Estadão continuou a apresentar posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais, foram dez edições, no total. O Globo distribuiu chamadas e colunas contrárias ao governo, com cinco e quatro edições cada, respectivamente. Já na Folha, as chamadas foram as mais desfavoráveis, concentrando três textos.

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Na segunda parte do mês, a imprensa também reduz a cobertura desfavorável para Lula. O Estadão é o veículo mais contrário ao presidente, com IV de – 2,23, seguido pelo Globo, com – 1,09, e pela Folha, com – 0,91. O IV de março até o momento é foi de – 1,33.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão concentrou suas críticas ao presidente nos editoriais, com nove textos contrários. A Folha priorizou as colunas negativas a Lula, com três textos. Já no Globo as chamadas foram os tipos de texto mais negativos, com quatro.

Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma abordagem predominantemente crítica, com destaque para o Estadão e a Folha. Contudo, a cobertura negativa parece ter momentaneamente arrefecido na segunda metade do mês de março.

As três publicações criticaram a suposta falta da responsabilidade fiscal do governo, acusando-o de priorizar a popularidade do presidente e a reeleição em 2026 e não propostas que ajustem as contas. Além disso, a pecha de ultrapassado que víamos na cobertura em 2023 retorna agora, com os jornais afirmando que o governo apenas recicla propostas antigas e populares e não prioriza problemas reais como a questão fiscal e a segurança pública. Esse último aspecto se conecta diretamente à temática de Segurança Pública que é um dos assuntos importantes essa semana, após a declaração de Lewandoski. Os jornais criticam o ministro por sua fala e destacam que o governo começou a se preocupar com o tema agora com a PEC e a retomada do programa Celular Seguro.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Apoio:

[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

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