DONI # 101 – 29 de Março a 04 de Abril de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Popularidade: Os jornais exploraram novamente a queda na popularidade do presidente para sustentar a narrativa de fracasso do governo e defender que Lula deveria desistir da candidatura à reeleição em 2026, sugerindo Tebet ou Alckmin como cabeça de chapa, com Haddad como vice.
Política Fiscal: Os textos elogiam a ação do BC de tentar equilibrar a economia com o aumento dos juros. Mas dizem que o governo atrapalha a estratégia ao tentar manter a economia aquecida e limitar os danos da inflação com aumento da disponibilidade de crédito.
Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico ao governo e a Lula, com um Índice de Valência (IV) consistentemente negativo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de março termina com o Estadão como o veículo mais desfavorável, com IV[3] de – 1,35, seguido pelo Globo, com – 1,09, e pela Folha, com – 1,08. O IV de março foi de – 1,18. Abril começou com a Folha como o mais desfavorável, com IV de – 1,80, seguida pelo Globo, com -0,86, e o Estadão, com – 0,75. O IV de Abril está com IV de – 1,00.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
Nesta semana, a discussão sobre a política fiscal ganhou força. Os jornais criticam o presidente Lula e o governo por prejudicarem a atuação do BC. Na visão dos veículos, enquanto o BC tenta desacelerar a atividade econômica com o aumento de juros, o governo busca o movimento inverso, aquecendo a economia e limitando os danos da inflação incentivando o crédito.
O segundo assunto mais abordado foi o próprio governo federal. Os jornais priorizam as solenidades e as pesquisas da Quaest sobre a queda na popularidade de Lula, afirmando que o copo estaria “meio vazio” para o governo.
Finalmente, as eleições de 2026 também foram alvo de reportagens. Os jornais destacaram a indefinição no campo da direita bolsonarista sobre quem será o candidato, o que pode beneficiar Lula. Os textos afirmam que desistir da reeleição seria um gesto de grandeza do presidente que deveria apoiar Tebet ou Alckmin.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa manteve seu tom desfavorável. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram oito, no total. A Folha priorizou as chamadas negativas, com seis edições. Finalmente, o Globo distribuiu críticas nas chamadas de capa, também seis textos.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
O Estadão encerrou o mês de março como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -2,23, seguido pelo Globo, com – 1,08, e a Folha, com -0,91. O IV total de março foi de – 1,33. Em abril, Estadão e o Globo são os mais negativos, ambos com IV de – 2,00, seguidos pela Folha, com – 0,83. O IV de abril até o momento é de – 1,53.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 7 textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em colunas, com seis publicações negativas. Na Folha, os editoriais concentraram quatro menções contrárias ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão, na cobertura sobre o governo e o presidente Lula.
Em comparação com fevereiro, o mês de março termina com uma leve queda na cobertura negativa média do governo e de Lula. Nesta semana, as três publicações priorizam a discussão sobre a popularidade do governo e seus efeitos para as eleições de 26. Os resultados da pesquisa da Quaest incentivam os jornais a defenderem que Lula não deve ser candidato à reeleição. Por outro lado, os periódicos pontuam que a indecisão na direita demonstra que o atual presidente venceria todos os adversários. Na economia, a narrativa contra o governo continua a mesma, sempre criticando o aumento de gastos e defendendo o posicionamento do BC de tentar desacelerar a economia com o aumento dos juros.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
