DONI # 102 – 05 a 11 de Abril de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Juscelino Filho: A queda do ministro da Comunicação foi amplamente explorada pelos jornais para sustentar uma suposta fragilidade do governo. Para os veículos, a demissão deveria ter sido feita meses atrás, mas a falta de uma base aliada forte resultou na manutenção de Juscelino e mais desgaste para o governo petista.
EUA vs China: Os textos ressaltam que a guerra comercial entre EUA e China deixou o Brasil em uma posição desconfortável entre as duas potências. Avaliam que a disputa pode resultar em uma recessão da economia brasileira.
Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais contrário a Lula, com um Índice de Valência (IV) altamente negativo. Mas a Folha o ultrapassou como principal crítico do governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de abril continua com a Folha ocupando o posto de jornal mais desfavorável, com IV[3] de – 1,20, seguida pelo Estadão, com – 1,00, e pelo Globo, com – 0,96. O IV de abril até o momento é de – 1,05.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a discussão sobre o pedido de demissão de Juscelino Filho, do Ministério da Comunicação. Os jornais criticam a demora na saída do ministro, afirmando que o desfecho da crise demonstra a fraqueza do governo. Na avaliação dos veículos, Juscelino Filho não foi demitido antes porque a coalizão do governo no Congresso é fraca.
O segundo assunto mais abordado foi o próprio governo federal. Os jornais reforçam a narrativa de que a gestão petista frustrou os brasileiros, especialmente após pesquisa Datafolha mostrar que parte da população avalia que a situação da economia piorou.
Finalmente, as Relações Exteriores também foram alvo de reportagens. Os jornais destacaram o posicionamento difícil do país no conflito entre EUA e China. Os textos afirmam que é possível que o país sofra com uma recessão como consequência da guerra comercial entre as duas potências.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa manteve seu tom desfavorável. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram oito, no total. A Folha priorizou as chamadas desfavoráveis, com sete edições. Finalmente, o Globo distribuiu peças contrárias nas chamadas de capa, com cinco textos.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em abril, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,87, seguido pelo Globo, com – 1,28, e a Folha, com -0,60. O IV total de abril até o momento é de – 1,07.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 5 textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em colunas, com três publicações negativas. Na Folha, os editoriais concentraram cinco menções contrárias ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão, na cobertura sobre o presidente, e para a Folha, na abordagem sobre o governo.
Nesta semana, as três publicações ainda insistiram na repercussão sobre a popularidade do presidente. A narrativa dos jornais persiste em apontar fracasso de Lula. O episódio da demissão de Juscelino Filho foi empregado para fortalecer a imagem de fragilidade do governo. A crise comercial entre EUA e China, que pode gerar oportunidades comerciais e industriais para o país, foi interpretada em chave negativa, como possibilidade de resultar em recessão.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.