DONI # 103 – 12 a 18 de Abril de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico a Lula, com um Índice de Valência (IV) intensamente negativo e retoma a posição de principal crítico do Governo Federal.
Asilo Político: A decisão do governo federal de conceder asilo político à Nadine Heredia foi criticada. Para os jornais, não havia razões para considerar que a ex-primeira-dama peruana sofre perseguição política no país.
Política Fiscal: Os textos afirmam que a sociedade está preocupada com a inflação. Os jornais ainda criticam as propostas do governo federal de aumento da arrecadação afirmando que não são factíveis.23.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

O mês de abril continua com o Estadão superando a Folha e ocupando o posto de jornal mais desfavorável, com IV[1] de – 1,70, seguido pela própria Folha, com – 1,59 e pelo Globo, com – 1,03. O IV de abril até o momento é de – 1,38.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a discussão sobre a política fiscal. Os jornais criticam novamente o foco do Governo em achar medidas populares e a projeção de 118 bilhões de reais para atingir a meta de superávit. Na visão dos textos, há uma descrença na política fiscal do governo e PLDO 2026 pode colapsar as contas públicas de 2027.
O segundo assunto mais abordado foi o projeto de Anistia. Os jornais reforçam a crítica à uma parcela da base do governo que assinou o pedido de urgência para o projeto de anistia. Os textos alertam para a importância do governo agir para negociar e evitar a votação do pedido de urgência.
Finalmente, as Relações Exteriores são novamente alvo de reportagens. Para além dos textos sobre a posição do Brasil na disputa entre EUA e China, o pedido de asilo de Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, foi tema esta semana. Os jornais criticaram duramente a decisão do governo brasileiro de conceder o asilo à Heredia, por considerarem que ela não sofre perseguição política e que a decisão desconsidera a decisão do Judiciário peruano.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em abril, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -2,25, seguido pelo Globo com – 1,44, e a Folha, com -0,90. O IV total de abril até o momento é de – 1,33.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 8 textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em colunas com cinco publicações negativas. Na Folha, os editoriais concentraram cinco menções contrárias ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão, na cobertura negativa sobre o presidente Lula e sobre o governo.
Essa semana as três publicações continuam a discutir sobre a proposta de política fiscal. A narrativa dos jornais de que o projeto do governo não tem apoio da população e nem explicação para as metas de arrecadação. A decisão de conceder asilo político para a ex-primeira-dama peruana também é um dos destaques da semana, sendo criticada por não ter, na visão dos jornais, fundamento. Finalmente, a ausência de ação do governo para impedir a votação do pedido de urgência para a proposta de anistia e o apoio de uma parcela da base governista são criticadas. Segundo os periódicos, o governo não agiu para evitar a proposta e apoiar o Judiciário e a democracia.
Mais uma vez o DONI revela a falta de pluralismo interno dos grandes jornais brasileiros. As posições editoriais, quase sempre contrárias ao governo, se refletem também nas manchetes e são seguidas por colunistas, e frequentemente reforçadas por manchetes e chamadas. O espaço que as publicações tem para ideias que destoam de sua linha editorial é diminuto.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.