DONI # 104 – 19 a 25 de Abril de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Caso INSS: A descoberta de um esquema de corrupção no Instituto Nacional de Previdência Social deflagrou uma crise no governo. Para os jornais, não havia alternativa para o presidente senão agir imediatamente para conter o problema.
Política Fiscal: A imprensa avalia que a proposta do governo para o IR é insuficiente para enfrentar os desequilíbrios fiscais do país. As análises destacam que o governo tem conhecimento da situação e persiste com a medida.
Posicionamento Editorial: Os jornais acentuaram o tom negativo na cobertura do governo, e o mês de abril apresenta o Índice de Valência (IV) mais desfavorável desde 2023.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de abril continua com o Estadão como jornal mais desfavorável, com IV[1] de – 2,10, seguido pela Folha, com – 2,09, e pelo Globo, com – 1,37. O IV de abril até o momento é de – 1,8, o mais negativo, até o momento, do governo desde 2023.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
Nesta semana, o principal tema foi a investigação da Polícia Federal que revelou um esquema de fraudes no INSS. Os jornais culparam o governo pelo desvio de recursos, e avaliam que o caso mobilizar a oposição que quer agora uma CPI. Na visão da imprensa, Lula agiu corretamente ao demitir o presidente do órgão sem aguardar o avanço das investigações.
O segundo assunto mais abordado foi novamente a Política Fiscal. Os jornais reforçam a crítica ao projeto de mudança do IR do governo federal. Segundo as publicações, era preciso um projeto mais aprofundado. Para eles, a proposta de isenção serve apenas de propaganda oficial. Os textos alertam que o arcabouço fiscal não comporta os gastos nos próximos anos.
Finalmente, a reforma ministerial foi o terceiro assunto da semana. A decisão de Pedro Fernandes de não aceitar o convite para o Ministério das Comunicações foi encarada como um sinal de fraqueza do próprio governo. Os jornais criticaram duramente a decisão de Lula de aceitar a nova indicação de Davi Alcolumbre para o ministério, e afirmam que a situação gerada pelo União Brasil desgastou a imagem do presidente.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa acentuou o tom desfavorável. O Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais e chamadas — foram oito e sete, no total, respectivamente. A Folha publicou uma série de chamadas, colunas e editoriais negativos, com sete edições cada. Finalmente, o Globo trouxe como destaque negativo as chamadas, com nove textos, além de oito colunas de mesmo tom.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em abril, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -2,47, seguido pelo Globo, com – 1,78, e a Folha, com -1,39. O IV total de abril até o momento é de – 1,77, o segundo mais negativo do ano de 2025, atrás apenas de fevereiro.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 8 textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em colunas, com nove publicações negativas. Na Folha, os editoriais concentraram sete menções contrárias ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos de opinião dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela um contínuo tratamento desfavorável, do presidente Lula e de seu governo. É notável o viés demonstrado por colunistas, que estão sempre dispostos a ecoar os mesmos posicionamentos dos editores e donos dos jornais, em sacrifício da pluralidade de opiniões.
Nesta semana, as três publicações continuam a discutir a proposta de política fiscal do governo. A interpretação dos textos é a de que o projeto é superficial e não enfrenta os problemas de arrecadação. A decisão de Pedro Fernandes de rejeitar o convite para ser ministro das Comunicações foi considerada pelos jornais como uma demonstração de fraqueza do governo. Além disso, a decisão de Lula de permitir que Alcolumbre escolhesse um novo nome gerou ainda mais desgaste para o presidente. Finalmente, a crise no INSS foi um tema relevante. O esquema descoberto pela Polícia Federal foi recorrentemente explorado pelos textos que criticaram o INSS e o ministro da Previdência. As publicações cobraram uma resposta rápida do governo.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
