DONI # 107 – 10 a 16 de Maio de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
INSS: Para sustentar a cobertura sobre descontos em aposentadorias, a imprensa explora uma suposta disputa entre Haddad e Rui Costa pelo protagonismo na resolução do problema.
ONG Petista: Os jornais destacam o Ministério do Desenvolvimento destinou 85% dos recursos de um dos seus programas para uma organização cuja coordenação seria formada por petistas.
Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico a Lula, enquanto O Globo apresenta a cobertura mais contrária ao governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

No mês de maio, o Globo ocupa o papel de mais desfavorável, com IV[1] de – 3,47, seguido pela Folha, com – 3,15, e pelo Estadão, com – 2,21. O IV de maio até o momento é de – 2,87, o mais negativo do governo desde 2023.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Pela quarta semana consecutiva, o principal tema da cobertura do governo foi a investigação da Polícia Federal sobre um esquema de descontos irregulares em benefícios do INSS. Os jornais destacam informações de que o governo estaria preocupado com a narrativa de escândalo. Para os jornais, o ressarcimento das vítimas — principal meta para a solução da crise — estaria no centro de uma disputa entre Haddad e Rui Costa.
O segundo assunto mais abordado foi a política fiscal do governo federal. Os jornais defendem a posição de Armínio Fraga sobre o congelamento dos reajustes do salário-mínimo e a decisão do Banco Central de aumentar a Selic, em um contexto de incertezas. Finalmente, as pautas sobre os ministérios e ministros do governo federal ocupam o terceiro lugar no ranking de assuntos. As publicações priorizaram notícias como a ocultação de documentos pelo Ministério da Gestão, ou a suposta distribuição de cisternas a filiados do PT por um programa do Ministério do Desenvolvimento. Segundo os jornais, durante a semana, apenas a fala de Haddad sobre energia barata e sustentável foi positiva.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa intensificou seu tom desfavorável. O Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais, com oito textos. A Folha e Globo reforçaram a cobertura desfavorável nas chamadas, com sete e seis textos, respectivamente.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em maio, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de – 4,00, alcançando o máximo de negatividade da série histórica, seguido pelo Globo, com – 3,25, e a Folha, com -2,00, ambos atingindo o segundo ponto mais negativo de sua série histórica. O IV total de maio até o momento é de – 2,89, o segundo mais negativo da série histórica desde 2023.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 10 textos contrários. A Folha publicou 6 editoriais desfavoráveis ao presidente, as chamadas concentraram sete menções contrárias ao presidente. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em chamadas e em colunas, com cinco publicações negativas em cada seção.
Nesta semana, as três publicações continuam a discutir a crise no INSS. A narrativa dos jornais é a de que o governo estaria em alerta com o escândalo e sofrendo com uma nova crise entre ministros para decidir quem é o protagonista na resolução. A cobertura sobre problemas nos ministérios entrou na pauta, especialmente sugerindo que petistas receberiam recursos do Ministério do Desenvolvimento através do contrato com uma ONG. Finalmente, a política fiscal do governo retorna ao debate, com elogios ao BC pelo aumento da taxa básica de juros.
A cobertura do Governo e de Lula atingem recordes de negatividade, com os jornais mostrando-se depostos a enviesar fortemente a cobertura com o claro objetivo de atingir a popularidade do presidente, diminuindo assim a probabilidade de mais uma vitória eleitoral sua em 2026.
Ao fazer isso, mais uma vez sacrificam qualquer possibilidade de pluralidade interna e, infelizmente, também de pluralidade externa, pois se posicionam de maneira muito similar.
Para baixar o nosso relatório, clique aqui.
DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.