O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 114 – 28 de Junho a 04 de Julho de 2025

No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Derrotado: Os jornais reforçam a imagem de um governo fragilizado no episódio do IOF, argumentando que a judicialização do tema agrava ainda mais a já desgastada relação entre Executivo e Legislativo.

Gasta mais do que arrecada: As reportagens destacam que, mesmo com o aumento da arrecadação, o governo continua a gastar além de suas receitas. Além disso, as reportagens alertam que a elevação no orçamento destinado ao BPC evidencia uma gestão ineficiente dos programas públicos.

Posicionamento Editorial: O Estadão mantém-se como o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Junho termina com o Estadão como o jornal mais desfavorável, com IV[1] de – 2,52, seguido pela Folha, com – 2,12, e pelo Globo, com – 1,93. O IV de junho foi de – 2,18, o mais negativo do governo desde 2023. Julho, por sua vez, inicia-se ainda mais crítico ao governo. O Estadão continua como o mais crítico, com – 6,50, seguido pelo Globo, com – 2,25, e a Folha, com – 1,71. A primeira parcial de julho é de – 2,52, o pior índice desde 2023.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a crise entre os Poderes se aprofundou, e a crise entre Executivo e Legislativo alcançou também o Judiciário. O estopim continua sendo a derrubada do decreto que aumentava o IOF, agora com a participação do Judiciário. Os jornais acusam o governo de recorrer à Justiça para resolver a disputa, o que teria agravado a crise política, apresentando o Executivo como o maior derrotado. Para a imprensa, o Congresso também sai fragilizado, tendo prejudicado a população ao derrubar o decreto.

O segundo assunto mais abordado foi o próprio governo. Os jornais retomam críticas à ineficiência, apoiando-se em dados do TCU para apontar excesso de gastos com os programas sociais. Os textos também criticam Lula, considerado intransigente diante de um Congresso de maioria conservadora.

Por fim, o terceiro assunto da semana foi a política fiscal. Os periódicos alertam que o aumento dos custos do BPC revelam a má gestão do programa e ressaltam que, embora o governo tenha ampliado a arrecadação, não conseguiu cobrir os gastos. Os textos também ressaltam a contradição do Congresso, que , apesar do discurso em defesa da responsabilidade fiscal, não demonstra compromisso com reformas estruturais.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

Nesta semana, a imprensa intensificou seu tom desfavorável. O Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais, com sete edições. A Folha apresentou as chamadas negativas, com nove textos. Já no Globo, as chamadas também foram o destaque negativo, com dez textos.

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em junho, o Estadão terminou o mês como o jornal mais crítico a Lula, com IV de – 2,68, seguido pela Folha, com – 2,60, e  Globo, com -2,06. O IV total de junho foi de – 2,47, o segundo mais negativo da série histórica desde 2023. Julho se inicia com um tom ainda mais contrário. O Estadão alcança a marca de IV – 13,00, seguido pelo Globo, com – 5,33, e a Folha, com – 1,09. A primeira parcial do IV de julho é de – 2,73, superando o IV de junho como o segundo pior da série.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais e nas chamadas — com 7 contrários por formato de texto, uma média de um editorial e uma chamada contrária por dia. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em chamadas, com seis publicações negativas. Na Folha, as chamadas concentraram nove menções críticas ao presidente, superando a média do Estadão para esse formato de texto jornalístico.   

Nesta semana, as três publicações continuam a discutir o choque entre Legislativo e Executivo, que agora respingou no Judiciário. A narrativa dos jornais prioriza novamente críticas ao governo, considerado fraco, ineficaz ou derrotado. O Congresso, por sua vez, também é alvo de textos contrários, por não apoiar a realização de reformas estruturais no país. As notícias dão conta de que o governo tem gastado mais do que arrecada, e que programas sociais, como o BPC, têm sido ajustados por conta da ineficiência da administração.

A homogeneidade do viés com que os três meios tratam Lula e seu governo dão um testemunho reiterado da falta de pluralismo externo dos meios de comunicação de massa em nosso país.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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