DONI # 121 – 23 a 29 de Agosto de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Federação União Brasil e PP: Os jornais apontam a possibilidade de a federação desembarcar do governo Lula, atribuindo o movimento à postura considerada soberba do presidente.
“Cacoetes Autoritários”: A imprensa repercute o programa de regulação das Big Techs proposto pelo governo federal. Embora reconheça o alinhamento à posição do STF, destaca críticas a dispositivos considerados autoritários e com eficácia limitada.
Posicionamento Editorial: A Folha se mantém como o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em agosto, a Folha aparece no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 0,93, seguida pelo Estadão, com –0,88, e pelo Globo, com – 0,37. O IV de agosto até o momento é de – 068, o menor desde novembro de 2024.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, o destaque esteve no campo das Relações Exteriores. O primeiro assunto foi a reação aos ataques dos Estados Unidos contra o programa Mais Médicos. A imprensa critica as medidas do governo Trump contra a política pública brasileira e as retaliações ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Os jornais ressaltam que as ações norte-americanas vão além da pressão contra Alexandre de Moraes e podem configurar uma tentativa de interferência na soberania brasileira. Também relacionam as dificuldades externas à soberba de Lula citam falas de Lula, citando declarações sobre a guerra na Ucrânia e uma tentativa de reaproximação de Nicolás Maduro com o Brasil.
O segundo tema mais abordado foi o próprio governo federal. Com a oficialização da federação entre União-PP, a cobertura aponta sinais de possível desembarque do grupo da base governista, em movimento interpretado como estratégia para fortalecer uma candidatura de Tarcísio de Freitas em 2026. Novamente, os jornais atribuem as tensões ao estilo do presidente.
Por fim, o terceiro tópico de maior repercussão foi a proposta para regulação das Big Techs. Aqui, os jornais reagem ao projeto de remoção imediata de conteúdo, criticando a exclusão da desinformação como critério e, ao mesmo tempo, elogiando o alinhamento do texto à leitura do STF sobre o tema. Os textos ainda classificam a iniciativa como uma expressão do “cacoete autoritário” do lulopetismo.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais, com sete edições. A Folha apresentou as chamadas desfavoráveis, com seis textos. Já o Globo registra três chamadas contrárias.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em agosto, a Folha continua como jornal mais crítico a Lula, com IV de – 1,12, seguida pelo Estadão, com – 0,96, e O Globo, com -0,34. O IV de agosto até o momento é de – 0,76, o menor desde dezembro de 2024.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com sete textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula mormente em editoriais, em colunas e em editoriais, com uma publicação negativa cada. Na Folha, os editoriais e as chamadas também se sobressaíram, com três publicações desfavoráveis ao presidente cada.
Esta semana, as três publicações discutem as retaliações dos Estados Unidos ao Brasil, agora por conta do programa Mais Médicos. Os jornais criticam Trump pela ação e destacam que a defesa da soberania cobra do Brasil um preço alto, mas necessário, para se contrapor à interferência externa. A imprensa também destaca um possível desembarque da federação União e PP do governo Lula, sugerindo que o presidente é o principal culpado pela desarticulação da base aliada. Por fim, os periódicos discutem o projeto de regulação das Big Techs. Apesar de elogiarem o alinhamento ao STF, os afirmam que o texto carrega “cacoetes autoritários” do lulopetismo.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
