DONI # 124 – 06 a 12 de Setembro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Julgamento 8 de janeiro: Os jornais divergiram sobre o voto do ministro Fux, considerado técnico por alguns analistas, mas apontado como juridicamente inconsistente por outros. As publicações discutiram a tramitação do julgamento, debatendo se o processo deveria ser analisado no STF ou na primeira instância.
Privatização dos Correios: A imprensa critica, mais uma vez, os resultados negativos da estatal. Os periódicos atribuem o prejuízo a interesses político-partidários e defendem a privatização da empresa.
Posicionamento Editorial: O Estadão se mantém como o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em setembro, o Estadão aparece no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 1,00, seguido pela Folha, com –0,43, e pelo Globo, com – 0,11. O IV de setembro até o momento é de – 0,52, o menor desde novembro de 2024.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, o destaque foi o julgamento dos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. Os jornais ressaltaram não apenas a sessão do Supremo em si, mas também a escolha de Bolsonaro pelo caminho do golpismo em detrimento da oposição institucional. Embora reconheçam a condenação como justa, alguns textos reforçam ponto mais sensível do voto do ministro Fux. Neste sentido, parte da imprensa incorporou o discurso de que o processo deveria ter começado na primeira instância, como ocorreu no caso do Lula, ou, ao menos, ter sido apreciado no plenário do STF.
O segundo tema de maior repercussão foram as relações entre Brasil e EUA. Com o julgamento de Bolsonaro, os jornais apontaram a necessidade de o governo responder de forma técnica aos Estados Unidos. As publicações também criticam a chamada “chantagem tarifária” de Trump e destacam a urgência de o Brasil levar a sério o intervencionismo do presidente norte-americano.
Por fim, o terceiro tópico foi o debate sobre os Correios. A imprensa voltou a defender a privatização da estatal, alegando que a empresa está submetida a interesses político-partidários. Além disso, os textos refutam a justificativa apresentada pelo ministro Haddad, segundo a qual os prejuízos decorrem de entregas em regiões remotas.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais, com três edições. A Folha apresentou as chamadas desfavoráveis, com dois textos. Já o Globo registra dois editoriais contrários.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em setembro, o Estadão continua como jornal mais crítico a Lula, com IV de – 0,92, seguido pela Folha, com – 0,50, e O Globo, com -0,13. O IV de setembro até o momento é de – 0,49, o menor desde novembro de 2024.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com sete textos contrários. O Globo, de maneira mais branda, apresentou posicionamento desfavorável a Lula mormente em editoriais, com duas publicações negativas. Na Folha, as chamadas se sobressaíram, com três publicações desfavoráveis ao presidente.
Esta semana, a imprensa discute a decisão da federação União-PP de sair do governo. Os jornais alertam para a contradição embutida no projeto, que pretende se afastar da base governista no Congresso, mas sem renunciar aos ministérios e cargos. Mantendo-se fiéis ao seu bordão mais frequente, as publicações também criticam o governo federal pelo suposto elevado nível do gasto público e apontam que, somado ao aumento da taxa Selic, esses fatores intensificam a pressão inflacionária. Por fim, os periódicos mantiveram em pauta a operação contra o PCC e a disputa política em torno da autoria da investigação.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
