O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 128 – 04 a 10 de Outubro de 2025

No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Brasil x EUA: Os jornais destacam as boas relações entre o chanceler Mauro Vieira e Marco Rubio, sugerindo o diálogo pode ser um trunfo nas negociações sobre o tarifaço.

Derrota da MP: A derrota da medida provisória do IOF é resultado de um governo com baixa capacidade de negociação no Congresso, segundo a imprensa. Os textos ainda aproveitam a questão econômica para criticar Executivo e Legislativo, desinteressados em resolver o equilíbrio fiscal no país.

Posicionamento Editorial: O Estadão se apresenta como o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em outubro, o Estadão aparece no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 0,75, seguido pela Folha, com –0,38, e pelo Globo, com – 0,12. O IV de outubro até o momento é de – 0,37, o menor desde agosto de 2023.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a cobertura jornalística continuou mirando na política fiscal do governo, destacando críticas à administração por sua suposta desatenção ao equilíbrio das contas públicas. Além do Executivo, os textos direcionaram artilharia contra o Congresso Nacional, igualmente considerado pouco preocupado com as despesas. A proposta de teto de gastos do Senado foi avaliada como um projeto fadado ao fracasso. Em contrapartida, as publicações elogiam o posicionamento do BC, ressaltando que, mesmo sob a presidência de Gabriel Galípolo — indicado por Lula e crítico de Campos Neto —, a instituição conservou padrões de gestões anteriores.
O segundo tema mais abordado foram as relações entre Brasil e Estados Unidos. A cobertura sobre o encontro de Lula e Trump enfatizou, nesta semana, a relação entre Marco Rubio e Mauro Vieira, que são consideradas estratégicas para assegurar um bom diálogo com o governo norte-americano. Os jornais apontam que o caso de Bolsonaro não tem sido mencionado nas conversas e sugerem que Eduardo Bolsonaro deveria retornar ao Brasil. Por fim, o terceiro tópico mais recorrente envolveu as relações entre Executivo e Legislativo.
A imprensa enfatizou que a agenda governamental obteve aprovação de projetos, mesmo em um contexto de clima hostil no Legislativo. Todavia, o principal assunto esteve na derrota da MP do governo em uma negociação que os jornais consideraram desastrosa. Os textos indicam que a articulação de grupos bolsonaristas e o Centrão contribuiu para derrotas, o que reforça que eles têm pouco compromisso com as questões fiscais do país.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais, com quatro edições. A Folha apresentou as chamadas desfavoráveis, com cinco textos. Já o Globo registra três colunas contrárias, embora apresente uma manchete favorável e uma neutra, o que não é comum para a publicação. O mesmo ocorreu na Folha.

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em outubro, o Estadão continua como jornal mais crítico a Lula, com IV de – 0,54, seguido pela Folha, com – 0,18, e O Globo, com -0,09. O IV de outubro até o momento é de – 0,23, o menor índice de todo o período.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão concentrou as críticas ao presidente nos editoriais — com 4 textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula sobretudo em colunas, com três publicações negativas. Na Folha, as colunas e as chamadas também se sobressaíram, com três publicações desfavoráveis ao presidente cada. Nesta semana, os três principais periódicos do país focaram sua cobertura na política fiscal, criticando o governo e o Congresso Nacional por suposta negligência no equilíbrio das contas públicas. Também abordaram as relações Brasil-EUA, enfatizando o diálogo entre Marco Rubio e Mauro Vieira, como um fator estratégico para as negociações com o governo Trump, na medida em que Rubio é considerado integrante do lado mais ideológico do governo daquele país. Por fim, os periódicos discutiram as tensões entre Executivo e Legislativo, ressaltando a aprovação de projetos importantes do governo apesar do ambiente hostil, ao mesmo tempo que criticaram a derrota da MP do IOF devido a uma negociação considerada desastrosa.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Expediente:

Natália Paiva – Coleta e codificação de dados

Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação

Pollyanna Brêtas – Redação e revisão

João Feres Junior – Revisão, redação e análise

André Madruga – Divulgação

Lidiane Vieira – Divulgação


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

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