DONI # 131 – 25 a 31 de Outubro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Operação Contenção: A ação de Claudio Castro foi retratada como uma tentativa de reorganização da direita com vistas às próximas eleições. A cobertura também fez críticas ao presidente Lula e ao ministro da Justiça por seus posicionamentos em relação à operação.
Política Externa: O encontro de Lula e Trump recebeu grande cobertura, com elogios à atuação do corpo diplomático brasileiro e ênfase de que a reunião foi “apenas” o primeiro passo para a revisão do tarifaço imposto ao Brasil pelos EUA.
Posicionamento Editorial: O Estadão se apresenta como o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Outubro termina com o Estadão no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 0,93, seguido pela Folha, com –0,61, e pelo Globo, com – 0,32. O IV de outubro é de – 0,58, o menor desde novembro de 2024.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a repercussão sobre a Operação Contenção foi o principal assunto da semana. Os jornais destacaram a ação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, como uma estratégia da direita para voltar ao jogo político, em meio à recuperação da popularidade de Lula. A cobertura priorizou as declarações críticas à posição de Lula e de Lewandowski sobre a violência no Rio de Janeiro, pontuando que a segurança pública pode ser um problema para o presidente.
As relações entre Brasil e EUA receberam ampla cobertura, com destaque para os resultados positivos da reunião bilateral. Os jornais elogiaram o governo brasileiro pelo espírito aberto nas negociações e celebraram os avanços. Também foi ressaltada a postura cautelosa do governo norte-americano após o encerramento do encontro.
O terceiro tema mais comentado da semana foi a política fiscal brasileira, que tem se mantido de forma recorrente na cobertura. As análises criticaram a decisão do Senado de autorizar novos gastos fora da meta fiscal. Reforçam o discurso de que Fernando Haddad buscar preservar as contas públicas, enquanto Lula adota uma postura mais voltada ao calendário eleitoral, ampliando despesas e fragilizando os compromissos do governo.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão priorizou posicionamento negativo nos editoriais e nas colunas, com duas edições cada. A Folha apresentou chamadas desfavoráveis, com seis textos. Já o Globo registra três chamadas e três editoriais contrários, embora um texto nesta seção tenha sido favorável ao governo.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em outubro, o Estadão também manteve o posto de jornal mais crítico a Lula, com IV de – 0,84, seguido pela Folha, com – 0,36, e O Globo, com -0,19. O IV de outubro é de – 0,42, o menor índice desde julho de 2023.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nas colunas — com quatro textos contrários. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula mormente em chamadas, com dez publicações negativas. Na Folha, as chamadas e os editoriais se sobressaíram, com três peças desfavoráveis ao presidente cada.
Nesta semana, as três principais publicações concentraram sua cobertura na Operação Contenção, interpretada como alternativa da direita para se reposicionar com vistas às eleições de 2026. Os jornais destacaram que Lula deve agir com cautela para desarmar a “bomba” da segurança pública lançada por Claudio Castro no governo federal. As edições também repercutiram as reuniões entre Brasil e EUA, elogiando a posição do governo brasileiro, descrita como aberta e colaborativa durante as negociações. Por fim, voltaram a criticar Lula pelos gastos considerados eleitoreiros, que prejudicariam o compromisso do ministro Haddad com o ajuste fiscal.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
