DONI # 133 – 08 a 14 de Novembro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Segurança Pública: A cobertura do PL Antifacções distribuiu críticas para todos os lados. No que toca ao governo, a imprensa classifica o projeto como fraco e que não consegue atacar o problema. Hugo Motta recebe tratamento desfavorável por indicar Guilherme Derrite como relator. Já Derrite, aliado de Bolsonaro e relator, por propor alterações nas competências da Polícia Federal.
Juros Altos: Os jornais destacaram que o patamar elevado da Selic reflete a avaliação do mercado de que o governo não demonstra compromisso com o equilíbrio fiscal. Para a imprensa, embora Lula deseje juros baixos, o Ministério da Fazenda não consegue atuar de forma eficaz.
Posicionamento Editorial: O Estadão se apresenta como o veículo mais crítico ao governo federal e a Lula.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em novembro, o Estadão segue no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 0,94, seguido pela Folha, com –0,67, e pelo Globo, com – 0,50. O IV de novembro até o momento é de – 0,96.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a repercussão do tema da Segurança Pública foi o principal tema da cobertura. Os jornais criticaram o pacote antifacção de Lewandowski, considerado “mais do mesmo”. Para a imprensa, o debate deveria se concentrar na captura dos criminosos, e não apenas no endurecimento das penas. A cobertura também enfatizou a indicação de Derrite como o relator do PL na Câmara, decisão criticada por polarizar um debate altamente tensionado. Os textos ainda ressaltaram o incômodo do governo com a escolha de um bolsonarista para relatar o projeto. As posições de Derrite, como a proposta de mudar a competência da PF, foram duramente criticadas.
A política fiscal voltou ao centro das discussões. Os jornais retomam o debate sobre a manutenção da Selic em patamar elevado, apontada como consequência da falta de compromisso do governo com o equilíbrio fiscal. Segundo a cobertura, o Ministério da Fazenda seria o principal responsável pela persistência dos juros altos, apesar de Lula ser o maior interessado em reduzi-los.
O terceiro tema mais abordado foi a retomada das discussões sobre o escândalo do INSS e a Operação Sem Desconto. As análises destacam a prisão de Alessandro Stefanutto e fazem questão de registrar que ele integrou o governo Lula entre 2023 e 2025. Os jornais também sugerem que o governo estaria preocupado com possíveis repercussões da operação para o pleito de 2026.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão priorizou posicionamento negativo nas colunas, com quatro edições. A Folha apresentou artigos de opinião e chamadas desfavoráveis, com cinco textos contrários cada. Já o Globo registra quatro chamadas, quatro colunas e quatro editoriais contrários.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em novembro, o Estadão retoma o posto de jornal mais crítico a Lula, com IV de – 1,15, seguido pela Folha, com – 1,00, e O Globo, com -0,50. O IV de novembro até o momento é de – 0,85.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão distribuiu as críticas a Lula nos editoriais, foram cinco contrários. Já O Globo concentrou a cobertura nas colunas, com cinco publicações. Por fim, a Folha priorizou as chamadas negativas, com quatro peças desfavoráveis.
Nesta semana, o PL Antifacções dominou a cobertura das três principais publicações impressas do país, com críticas dirigidas a todos os envolvidos. O governo foi acusado de apresentar um projeto sem novidades; Hugo Motta de escolher politicamente Derrite, o que, segundo a imprensa, reduz as chances de consenso entre esquerda e direita sobre o assunto; e Derrite, de propor a redução das competências da PF. As edições também repercutiram a taxa de juros no país, mais uma vez culpando o governo por não atender às demandas do mercado de produção de um maior equilíbrio fiscal. Por fim, o escândalo do INSS foi amplamente abordado, com os jornais ressaltando a preocupação do governo de que o caso possa respingar nas eleições de 2026.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
