DONI # 135 – 22 a 28 de Novembro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Relação Executivo-Legislativo: A crise na relação entre Executivo e Legislativo foi destaque essa semana. Os rompimentos das presidências das Casas com as lideranças do PT foram assunto. Os jornais acusaram Lula de ser o culpado ao atuar na articulação política do governo
STF: A imprensa ataca a escolha de Messias para o STF, alegando ser a menos equilibrada para a vaga. Os jornais ainda destacam que a decisão instaurou crise com o Senado e resultou em ações pouco republicana de alguns ministros do STF em favor de Messias.
Posicionamento Editorial: O Estadão se apresenta como o veículo mais crítico ao governo federal e a Lula.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em novembro, Estadão ocupa o topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV[3] de – 1,05, seguido pela Folha, com –0,82, e pelo Globo, com – 0,46. O IV de novembro até o momento é de – 0,92.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a discussão sobre a crise instaurada na relação entre Executivo e Legislativo foi o principal assunto. Os jornais destacaram os rompimentos de Hugo Motta e Davi Alcolumbre com os líderes do Governo nas duas casas. Para a imprensa, a coalizão do governo Lula 3 é igual a de governos anteriores, em que petista deu pastas de pouco prestígio aos aliados. Os jornais consideram que o Parlamento é dono do jogo e que Lula não tem dosado suas jogadas e seu governo fica, assim, ingovernável.
O segundo tema é a escolha de Jorge Messias para o STF. Os jornais destacam a total insatisfação de Davi Alcolumbre com a escolha de Lula, que contraria a sua indicação de Rodrigo Pacheco. Os jornais criticam a escolha não apenas pela crise instaurada na relação com o Senado, mas por considerarem que Jorge Messias seria um nome “menos sóbrio”, repetindo as práticas de Jair Bolsonaro. Os textos ainda destacam que o presidente do Senado afirma ter votos para vetar a escolha de Messias e que, os apoios dos ministros do STF Nunes Marques e Mendonça não seria nada republicano.
O terceiro tema mais abordado foi, novamente, a política fiscal. As análises reforçam as críticas ao governo e utilizam uma fala do ministro da Justiça para reforçar as críticas. Lewandowski teria afirmado que o problema da segurança pública no país seria resultado de poucos investimentos na área. Nisso, os jornais afirmam que a insistência em abrir exceções para expandir a dívida pública somente piora a condição das contas públicas.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, os três jornais priorizaram chamadas negativas. O Estadão apresentou seis unidades, a Folha apresentou doze unidades e O Globo oito unidades.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em novembro, o Estadão continua como o jornal mais negativo na cobertura de Lula, com IV de – 1,50, seguido pela Folha, com – 1,16, e O Globo, com -0,95. O IV de novembro até o momento é de – 1,18.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão desta semana priorizou as críticas a Lula nas colunas, com três textos contrários. Já no Globo, as chamadas concentraram a cobertura desfavorável, com cinco publicações. Finalmente, a Folha priorizou também as chamadas negativas, com nove peças negativas ao presidente.
Nesta semana, as três principais publicações investiram nos desdobramentos da escolha de Jorge Messias para o STF, que resultou no rompimento de Alcolumbre e governo. Os jornais também destacam que a escolha não seria adequada para o cargo. As edições também repercutiram a crise entre Hugo Motta e Lindeberg Farias, pontuando o rompimento da Câmara com a liderança do PT e que esta reforça a crise entre Executivo e Legislativo, principalmente após a decisão sobre a vaga no STF. Por fim, a política fiscal permanece como uma preocupação central das publicações, que insistem na falta de compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, desta vez destacando, que o Executivo possui um foco muito grande em gastos e não nos ajustes fiscais.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
