O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

PNR #34 – Venezuela

O relatório tem como objetivo compreender a repercussão nas redes sociais das eleições venezuelanas. A análise incide sobre as páginas públicas que compartilharam posts, entre os dias 22 e 29 de julho de 2024, filtradas pelo termo de busca “Venezuela” em posts que obtiveram destaque no Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio da plataforma Crowdtangle, nas bases de páginas do Facebook e do Instagram.

O relatório está dividido em três seções: análise de dados do Facebook, análise de dados do Instagram e conclusões.

 

PRINCIPAIS DESCOBERTAS


Predomínio de perfis da direita: As páginas de direita dominaram o debate sobre as eleições na Venezuela nas duas plataformas, destacando críticas ao presidente Nicolás Maduro e associando sua figura a líderes brasileiros como Lula. Figuras como Jair Bolsonaro, Carla Zambelli e Bia Kicis tiveram forte presença e influência nas discussões tanto no Facebook quanto no Instagram.
Maior engajamento nas postagens de direita: As interações nas páginas de direita superaram significativamente as das páginas de esquerda. No Facebook, as publicações mais interativas foram aquelas que criticavam o governo venezuelano, enquanto no Instagram, postagens que focavam nos procedimentos eleitorais e na participação dos eleitores tiveram destaque.
Parce reação coordenada da esquerda: Não houve uma resposta significativa ou coordenada dos principais perfis do governo e de esquerda ao discurso imposto pela direita. A única página de esquerda notável foi a do MST, que apareceu apenas na 25ª posição no ranking de interações do Instagram.
Páginas de imprensa: As páginas de imprensa tiveram uma presença relevante no debate, mas em número de interações foram superadas pelas páginas de direita. Perfis de veículos como O Globo, CNN Brasil e Metrópoles participaram ativamente do tópico, embora com menor impacto se comparados às páginas de figuras políticas de direita.
Discussão regional e internacional: Os termos mais frequentes nas nuvens de palavras, como “Brasil”, “Lula” e “Argentina”, indicam que o debate sobre as eleições venezuelanas também envolveu uma perspectiva regional, com referências aos posicionamentos de líderes e países vizinhos, principalmente Javier Milei.

1.     FACEBOOK

Tabela 1. Dados Gerais

Publicações2.745
Total de páginas que postaram630
Interações462.560

Tabela 2. Interações e postagens por dia

MêsTotal de interaçõesTotal de posts
22/07/202410.62941
23/07/202421.298171
24/07/202481.439357
25/07/202448.007390
26/07/202445.654376
27/07/202476.783412
28/07/202476.582454
29/07/2024102.168544

A tabela 2 mostra que o dia 29 de julho registrou o maior número de interações e publicações.

Tabela 3. Top 5 posts com maior número de interações (em negrito as páginas que tiveram os maiores totais por tipo de publicação)

IdeologiaPerfilPostInteraçõesCurtidasComentáriosCompartilhamentosReações positivas[1]Reações negativas[2]
DireitaJair Messias BolsonaroFoto14.97910.8451.5442.134178278
DireitaCarla ZambelliFoto10.3256.1921.5872.16086300
DireitaO GloboFoto8.6171.5873.1505343.202144
DireitaBia KicisVideo8.0405.3147301.668173155
DireitaBia KicisFoto6.3902.9247551.547307857

[1] Reações positivas é a soma das seguintes reações do Facebook: Amei, Força, Uau e Risos.

[2] Reações negativas é a soma das seguintes reações do Facebook: Força, Grrr e Triste.

O ranking de interações do Facebook contou com uma forte presença das páginas de direita, com exceção da terceira posição, que foi ocupada pelo jornal O Globo. O destaque foi o perfil da deputada federal Bia Kicis(PL-DF), conquistando duas posições no ranking.

Na liderança, aparece a postagem do ex-presidente Jair Bolsonaro, que trouxe uma lista com 11 pontos sobre as suas percepções a respeito das eleições na Venezuela. Bolsonaro conta que a população venezuelana foi desarmada durante o governo de Hugo Chávez e Maduro, tendo o apoio de Lula e ONGs, enquanto as milícias se armavam no país. Ele também relata suspeitas de fraudes nas eleições que, segundo ele, não há voto secreto. Os eleitores seriam coagidos a votarem no governo em troca de comida, além de falta transparência e lisura do processo. Também afirma que Maduro dificilmente aceitaria perder as eleições, podendo alegar golpe da oposição. Por fim, declara que Lula e Maduro “são mais que parceiros e amigos, são inseparáveis na busca do socialismo para toda a América do Sul”, e que ambos seguem empobrecendo sua população. A postagem é acompanhada de uma foto de Bolsonaro.

Em segundo lugar, temos a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com uma imagem com as figuras de Maduro e Lula – ambos discursando com um microfone na mão – com o questionamento: “E agora, Lula, vai reconhecer a farsa do seu amigo ditador?”. Na legenda, Zambelli declara ser uma “farsa” as eleições da Venezuela, visto que, segundo ela, são controladas pela ditadura de Maduro, que vetou a disputa de opositores, determinou quem teria o direito de votar, utilizou as milícias para instaurar medo e causou pânico na população através de discursos violentos. No final, critica o silêncio de Lula sobre a violência no país vizinho.

A terceira posição é ocupada pelo jornal O Globo, que traz uma foto de Maduro em um dos seus comícios, com a manchete: “Maduro adota discurso da extrema direita e diz que sistema eleitoral do Brasil não é auditável”. Na legenda, noticiam que o presidente da Venezuela criticou os sistemas eleitorais do Brasil, Estados Unidos e Colômbia, sem apresentar nenhuma prova.

Em quarto colocado, aparece a deputada Bia Kicis (PL-DF), que postou um vídeo de um comício da oposição ao governo na Venezuela mostrando as ruas cheias de apoiadores. Na legenda, ela afirma que a oposição atraiu uma multidão e pediu a Deus misericórdia ao país.

A quinta posição também é ocupada por Bia Kicis, que publicou uma imagem em que aparece a foto de Maduro com a manchete do jornal Metrópoles: “Maduro bloqueia sites de notícias dias antes das eleições venezuelanas”. Abaixo há um texto com denúncias de que bloqueio foi feito por uma ONG, sendo confirmadas pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa. Na legenda, Kicis chama Maduro de “amigo de Lula” e afirma que ele está censurando os sites de notícias pouco antes das eleições venezuelanas.

Tabela 4. Total de interações por tipo de publicação nos 20 perfis com maior número de interações*

IdeologiaPerfilLinkLive VideoVídeoFotoOutros VideosYouTubeTotal Geral
DireitaBia Kicis  23.25316.828  40.081
DireitaJovem Pan News3.712 18.48210.498  32.692
DireitaJornal da Cidade Online26.113     26.113
DireitaDr. Sandro Lucio Gonçalves  24.660   24.660
ImprensaCNNBrasil8.280 15.447 674 24.401
DireitaCarla Zambelli  7.50416.340  23.844
ImprensaUOL Notícias17.2111.0193.562   21792
ImprensaO Globo6.325 2.12310.194  18642
DireitaJair Messias Bolsonaro   14.979  14.979
ImprensaBand Jornalismo3.589 9.517   13.106
DireitaRevista Oeste   9.779  9.779
ImprensaMetrópoles1.528126 7.100  8.754
DireitaGazeta do Povo6.798 1.542   8.340
ImprensaUOL6.487208851   7.546
DireitaO Antagonista6.458 107112 4487.125
ImprensaEstadão2.09750394.846  7.032
DireitaMais Sudeste 6.557    6.557
DireitaPleno.News5.449     5.449
EsquerdaDesmascarando 2  5.039   5.039
Imprensag1 – O Portal de Notícias da globo2.777  1.797  4.574

Os dados revelam forte desequilíbrio no total de páginas entre direita e esquerda, de 11 contra 1. Entre os perfis de direita, há a participação de políticos importantes, como Jair Bolsonaro, Bia Kicis e Carla Zambeli e perfis de mídia de direita como a Jovem Pan News e a Revista Oeste. Já na esquerda, notamos a presença apenas de um perfil, Desmascarando 2.

Tabela 5. Total de interações, reações positivas e reações negativas por tipo de publicação nos 20 perfis com maior número de interações dividido por grupo

Tipo de publicaçãoDireitaEsquerdaImprensa
Link48.530048.294
Live6.55701.403
Video75.5485.03931.539
Foto68.536023.937
Outros Vídeos00674
Youtube44800
Total199.6195.039105.847

No total de interações, a vantagem é massacrante para o campo da direita: com 199.619 interações, contra 5.039 em páginas de esquerda. Os perfis de imprensa alcançaram 105.847 interações. As redes de direita obtiveram maior número de interações em fotos, enquanto as de esquerda registraram sucesso com vídeos.

Imagem 1. Nuvem de palavras de termos presentes nas publicações sobre a temática analisada

A nuvem de palavras destaca os termos mais frequentemente associados às eleições venezuelanas. O termo mais proeminente é “Venezuela”, seguido por “Maduro”, indicando que o foco principal das postagens está no país e em seu presidente, Nicolás Maduro. Outros termos de destaque incluem “Eleições”, “Presidente”, “Oposição” e “Fraude”, sugerindo que há um intenso debate em torno do processo eleitoral e da legitimidade do governo. Termos como “Reeleito”, “Golpe”, “Resultado” e “Derrota” reforçam essa interpretação, apontando para questões de estabilidade política e possíveis controvérsias. A presença de palavras como “Mídia”, “Sociais” e “Notícias” indica a importância da cobertura midiática e das redes sociais na formação de opiniões sobre as eleições venezuelanas. Além disso, termos como “Brasil”, “Lula” e “Argentina” sugerem um debate regional e a influência de líderes e países vizinhos nas dinâmicas políticas venezuelanas, principalmente com os posicionamentos de Javier Milei e de Lula. Em resumo, a nuvem de palavras revela um cenário de tensão política, com foco nas eleições, legitimidade.

Imagem 2: Relação entre o total de seguidores de cada página que realizou postagens (X) e a soma de interações dos posts (Y)

Considerando os textos das postagens, também procedemos a modelagem de tópicos. O objetivo desse tipo de análise é extrair temas ocultos de grandes volumes de texto. Para isso, são utilizadas aplicações do processamento de linguagem natural.

Na imagem 3, consideramos os termos com as maiores diferenças entre os dois tópicos extraídos do corpo textual. O primeiro é produto das páginas de direita e realça palavras como extrema (de extrema esquerda) e amigo. Exemplo: “qual seria a posição do Brasil, sendo Lula o Chefe Supremo das FFAA e amigo de Maduro?” (da página de Bolsonaro). O segundo tópico extrai termos mais presentes em posts da imprensa. Exemplo: “O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, respondeu às preocupações de Lula em relação aos seus comentários de que o país cairá em um ‘banho de sangue’ caso seu partido não ganhe as eleições, dizendo que ‘quem se assustou que tome um chá de camomila’.

Imagem 3: Palvras com maiores diferenças entre dois tópicos

2.     INSTAGRAM

Tabela 6. Visão geral dos dados

Publicações3.165
Total de páginas que postaram1.485
Interações7.581.929

Tabela 7. Total de interações e postagens por dia

MêsTotal de interaçõesTotal de posts
22/07/202464.86340
23/07/2024264.926152
24/07/2024921.974368
25/07/2024446.510285
26/07/2024335.119191
27/07/2024642.484219
28/07/20241.009.733374
29/07/20243.896.3201.552

A tabela 6 mostra que houve um maior número de interações e de publicações no dia 29 de julho.

Tabela 8. Top 5 posts com maior número de interações (em negrito as páginas que tiveram os maiores totais por tipo de publicação)

IdeologiaPerfilTipo de postCurtidasComentáriosTotal de Interações
DireitaJair M. BolsonaroFoto153.221149.4663.755
DireitaLucas PavanatoFoto92.18190.8721.309
DireitaCarla Zambelli 22Foto85.02879.2775.751
DireitaMauricio do VôleiFoto73.68763.7809.907
DireitaRenato BattistaFoto67.92964.5613.368

O ranking de interações do Instagram foi ocupado predominantemente por páginas de direita. Na liderança, segue postagem de Jair Bolsonaro, anteriormente descrita.

A segunda posição é ocupada pelo pré-candidato a vereador por São Paulo, Lucas Pavanato (PL), que publicou um print da sua postagem na rede X. Pavanato afirma que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela expulsou fiscais e paralisou a transmissão das apurações dos votos. Em seguida, declara que os “capangas de Maduro” alvejaram vítimas, e relembra que Lula defendeu o venezuelano, trazendo-o para o Brasil.

Em terceiro lugar, aparece a publicação de Carla Zambelli (PL-SP), já descrita no ranking do Facebook.

Em quarto colocado, consta a publicação do deputado federal Mauricio do Vôlei (PL-MG), que postou uma foto de Maduro com a palavra “derrota”. Na parte inferior da imagem, o texto: “Dia triste para o povo venezuelano. Maduro foi reeleito. Oremos pela Venezuela.” Na legenda, o deputado afirma que o CNE confirmou a vitória de Maduro com 51,2% dos votos.

A quinta posição é ocupada pelo candidato a vereador Renato Batista (União Brasil-SP) com publicação compartilhada com o ex-deputado estadual Arthur do Val (União Brasil-SP). Trata-se de uma imagem em que aparece o presidente da Venezuela e o candidato da oposição, Edmundo Gonzalez. No centro da imagem, o texto: “Mais um golpe na Venezuela! Ditador Maduro frauda as eleições e diz que ‘venceu’ com 51% dos votos”. Na legenda, Renato Batista declara ser “inacreditável” e afirma que a ditadura continuará se perpetuando no poder.

Tabela 9. Top 20 perfis com maior número de interações (em negrito as páginas que tiveram os maiores totais por tipo de publicação)

Orientação ideológicaPerfilTotal de CurtidasTotal de ComentáriosTotal de Interações
DireitaJovem Pan NEWS210.17649.906260.082
DireitaCONEXÃO POLÍTICA240.14911.066251.215
DireitaRevista Oeste208.09925.367233.466
ImprensaMetrópoles192.23631.160223.396
ImprensaMetrópoles Política183.64129.833213.474
DireitaLucas Pavanato177.1833.034180.217
DireitaMarco Antônio Costa168.6518.232176.883
DireitaJair M. Bolsonaro149.4663.755153.221
DireitaHoje no Mundo Militar131.3036.275137.578
ImprensaCNN Política96.48515.710112.195
DireitaBia Kicis107.2263.573110.799
DireitaPleno.News102.7667.408110.174
DireitaCarla Zambelli 22103.3906.405109.795
DireitaEmily Motta103.4225.592109.014
DireitaGazeta do Povo98.6176.719105.336
ImprensaCNN Brasil88.39114.122102.513
ImprensaInfoMoney89.2669.29098.556
ImprensaFolha de S.Paulo79.54014.98594.525
ImprensaPortal R773.62316.85190.474
ImprensaJornal da Record71.39516.92488.319
Direita🇧🇷 🇮🇹 Gabriel Ferrigno | Atualidades, História e Geopolítica75.2761.51776.793
DireitaGabriel Ferrigno 🇧🇷 🇮🇹74.1961.49875.694
DireitaMauricio do Vôlei 🏐63.7809.90773.687
Imprensag158.85313.53372.386
EsquerdaMST57.20011.77168.971

No Instagram, a esquerda não conseguiu emplacar um perfil entre as 20 páginas com maior número de interações. A primeira página de esquerda aparece apenas na 25ª posição.

Houve novamente um domínio da direita, com 15 páginas ranqueadas no Top 25, contra 1 de esquerda. Figuras importantes de direita estiveram mais uma vez presentes, como Jair Bolsonaro, Carla Zambelli, Bia Kicis e as páginas Conexão Política e Jovem Pan News. Na esquerda, notamos a ausência de figuras e perfis importantes para engajar a audiência no debate, com apenas a página do MST aparecendo no ranking.

Há ainda a presença de nove páginas de imprensa entre as mais bem colocadas. Nas interações, o domínio é da direita: são 2.163.954 interações em páginas de direita, contra 68.971 nas de esquerda e 1.095.838 nos perfis de imprensa.

Imagem 4. Nuvem de palavras de termos presentes nas publicações sobre a temática analisada

A nuvem de palavras referente ao tema das eleições venezuelanas no Instagram apresenta algumas similaridades e diferenças em relação à análise feita para o Facebook. Novamente, os termos “Venezuela” e “Maduro” são os mais destacados, reafirmando que o país e seu presidente estão no centro das discussões. No entanto, nota-se uma ênfase maior em palavras como “Eleitor”, “Resultado” e “Voto”, o que pode indicar um foco mais específico nos indivíduos que participam do processo eleitoral e nas consequências do voto.

Além disso, termos como “Regime”, “Apuração” e “Democracia” aparecem de forma proeminente, sugerindo discussões sobre a natureza do governo e a integridade do processo eleitoral.

A presença de “Brasil”, “Nicolás” e “Países” reflete a recorrente preocupação com a perspectiva regional e internacional. Em comparação com a nuvem de palavras do Facebook, a do Instagram parece apresentar um enfoque ligeiramente mais técnico e detalhado sobre os procedimentos eleitorais e a participação dos eleitores.

Imagem 5. relação entre o total de seguidores de cada página que realizou postagens (X) e a soma de interações dos posts (Y)

A partir da modelagem de tópicos, observamos as palavras que mais se distanciam entre si. Os termos não indicam uma clara diferença entre tipos de postagens. No primeiro tópico, por exemplo, a palavra “regime” aparece tanto em postagens da direita quanto da imprensa profissional. No segundo tópico, há termos mais ligados a postagens da imprensa profissional. Por exemplo, o termo “questionou” em “O grupo de oposição da Venezuela questionou o resultado oficial da eleição presidencial anunciado na madrugada de segunda-feira (29/7), de que Nicolás Maduro foi reeleito” (Metrópoles).

Imagem 6: Palavras com maiores diferenças entre dois tópicos

3.    CONCLUSÕES

A análise dos dados das redes sociais, combinando nuvens de palavras, tabelas de interações e postagens, correlações entre seguidores e interações e modelagem de tópicos, revela um intenso debate em torno das eleições venezuelanas, dominado principalmente por perfis de direita. No Facebook, os termos mais recorrentes foram “Venezuela”, “Maduro”, “Eleições”, “Presidente” e “Fraude”, indicando um foco significativo na figura do presidente Nicolás Maduro e na legitimidade do processo eleitoral. As publicações mais interativas foram as que criticavam abertamente o governo venezuelano e associavam Lula e outras figuras políticas brasileiras a seu regime.

No Instagram, observou-se uma dinâmica semelhante, com “Venezuela” e “Maduro” como os termos mais destacados, mas com uma ênfase adicional em palavras como “Eleitor”, “Resultado” e “Voto”. Isso sugere um interesse mais específico nos procedimentos eleitorais e na participação dos eleitores. As postagens mais populares também vieram predominantemente de perfis de direita, criticando a legitimidade das eleições e a influência de líderes como Lula.

Os dados gerais de interações mostram uma clara vantagem para os perfis de direita, tanto em número de interações quanto em variedade de conteúdos que geraram engajamento. No Facebook, Jair Bolsonaro, Carla Zambelli e Bia Kicis foram as figuras mais influentes, enquanto no Instagram, além desses, Lucas Pavanato e Renato Batista também se destacaram. As páginas de imprensa tiveram uma presença significativa, mas foram superadas pelas interações em páginas de direita.

A conclusão é que as redes sociais serviram como um campo de batalha para narrativas políticas em torno das eleições na Venezuela, com uma predominância de perfis de direita moldando o discurso e mobilizando suas bases. É preciso levar em conta o fato de a grande imprensa ter usado o tema das eleições na Venezuela para criticar veementemente Lula e o PT, como mostra o relatório semanal do De Olho na Imprensa (DONI), também produzido pelo LEMEP. Isto é, nesse tópico a esquerda foi massacrada nas mídias tradicionais e nas redes sociais, onde assistimos a uma sinergia entre cobertura negativa das páginas das empresas de mídia e a extrema-direita, irmanadas no objetivo de expor Lula como um líder político com inclinações antidemocráticas e amigo de ditadores.  

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

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[1] Utilizamos o número atribuído pelo Crowdtangle. De forma simples, performance é definida dividindo-se as interações obtidas pelas interações esperadas. O número de interações esperadas é igual à média de interações obtidas nos últimos 100 posts. Para mais, ver: https://help.crowdtangle.com/en/articles/2013937-how-do-you-calculate-overperforming-scores

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