DONI # 67 – 03 a 09 de Agosto de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. A partir deste relatório, apresentaremos uma análise mais refinada sobre os temas abordados e o posicionamento dos jornais (Gráfico 2). Assim, é possível perceber qual assunto é priorizado por cada veículo e sua valência. Nesta semana, foram analisados 99 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
O mês de agosto apresenta o Estadão como o jornal mais desfavorável ao governo, com IV[1] de – 1,07, seguido pelo Globo, com – 0.71 de IV, e a Folha, com – 0,67. O IV de agosto até o momento é de – 0,80.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana foi novamente a cobertura sobre as eleições venezuelanas. Os jornais concentraram suas críticas à nota do PT sobre a eleição de Maduro. Em artigos, pressionavam Lula a tomar uma posição sobre a Venezuela. Apesar disso, destacaram o papel de mediador do Brasil e elogiaram a atuação do Itamaraty. Os textos também defendem ser essencial que o país não naturalize o que ocorreu nas eleições no país vizinho. Como o gráfico acima destaca, os jornais priorizaram críticas a Lula, principalmente o Globo e a Folha, enquanto o governo federal recebeu textos favoráveis sobre o tema.
O segundo assunto debatido foi a política fiscal. Os textos ressaltaram que, apesar do cenário de juros altos, a condução do orçamento impede que os efeitos positivos para o país. Os jornais ainda observaram a desproporcionalidade do aumento do orçamento, que não segue a proposta de um teto de gastos efetivo. Apesar de o tema não estar muito presente na cobertura de Lula, ele é o segundo assunto mais frequente na abordagem sobre governo federal e de forma extremamente negativa.
Finalmente, o terceiro tema de destaque – o segundo da cobertura de Lula – abordou a questão dos presentes presidenciais. A decisão do TCU de permitir a Lula manter um dos presentes recebidos no primeiro mandato foi considerada polêmica por abrir um precedente para Jair Bolsonaro, no caso das joias sauditas. Mesmo que a decisão seja do TCU, é importante perceber que a Folha critica Lula pela manutenção de um relógio Cartier.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa ampliou o tom crítico ao governo federal. O Estadão priorizou as abordagens desfavoráveis nos editoriais – foram nove, no total. Já a Folha concentrou peças contrárias nas colunas e nos editoriais. Finalmente, o Globo trouxe mais textos negativos em colunas, chamadas e editoriais.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em julho, o Estadão finalizou como o periódico mais negativo, com IV de -1,31, seguido pelo Globo, com Em agosto, a Folha surge como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,50, seguido pelo Estadão, com –1,10, e o Globo, com -0,86. O IV total do mês até o momento é de -1,15.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Esta semana, o Estadão citou Lula negativamente em 8 editoriais. Na Folha, o destaque desfavorável foi distribuído nas 3 chamadas de capa, 5 editoriais e 5 colunas. Já o Globo dividiu suas críticas ao presidente entre 3 chamadas e 6 colunas.
Mais uma vez os jornais demonstraram baixíssimo nível de pluralismo interno, com a possível exceção de O Globo, que combina a cobertura negativa com alguns textos favoráveis e ambivalentes. Mesmo assim, o fato de o presidente receber seis colunas negativas e nada mais denota a presença de uma equipe de colunistas fortemente enviesada nos quadros do jornal. O pluralismo externo mais uma vez esteve ausente. O que se nota nas últimas semanas é a permanência do Estadão no extremo da negatividade no que toca ao tratamento do Governo e do presidente, ao passo que a Folha se aproxima dessa posição a passos largos.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.