DONI # 69 – 17 a 23 de Agosto de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. A partir deste relatório, reformulamos o Gráfico 2 que agora informa qual dos temas foi priorizado por cada jornal e suas valências. Nesta semana, foram analisados 84 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
O mês de agosto apresenta o Estadão como o jornal mais desfavorável ao governo, com IV de – 1,18, seguido pela Folha, com – 0,56 de IV, e o Globo, com – 0,51. O IV de agosto até o momento é de – 0,74.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque da semana foi a cobertura sobre as emendas parlamentares. Os jornais dissecaram a discussão sobre a decisão do STF que suspendeu a liberação de recursos para emendas até a criação de regras de transparência. As críticas de Arthur Lira, presidente da Câmara, à proposta foram relatadas em tom declaratório, sem reverberação nos periódicos. A tese de que Lula seria o responsável pela decisão do STF foi extremamente criticada, considerada uma ideia sem base na realidade.
Os jornais elogiaram a decisão unânime do STF, como um fator que trouxe conforto ao governo para negociar com o Congresso e destacaram a importância desse processo para garantir a transparência da aplicação das verbas. Sobre o Executivo, por sua vez, os jornais trouxeram críticas quanto aos gastos do governo e a proposta de vincular repasses de verbas a políticas públicas do governo.
O segundo assunto debatido foi a proposta brasileira para as eleições venezuelanas. Os jornais criticam a ideia de novas eleições, porém com argumentos diferentes. O Globo destaca que a eleição já ocorreu e Maduro foi derrotado, logo não há porque repetir o pleito. Já Folha e Estadão afirmam que a proposta ignora o controle eleitoral do presidente da Venezuela e que a postura do Brasil prejudica a liderança do país.
O terceiro assunto debatido foi novamente a política fiscal. Os textos apresentam previsões para 2025 e reforçam que a expectativa é positiva para os investidores. Quanto ao governo, por sua vez, os jornais preveem cortes para os ministérios, apesar do aumento nos gastos.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a imprensa ampliou o tom crítico ao Governo Federal. O Estadão e a Folha apresentaram textos negativos em todas as seções. O Estadão priorizou as abordagens desfavoráveis nos editoriais, oito no total. Já a Folha concentrou peças contrárias nos artigos de opinião, nas chamadas e nas colunas, ainda que em menor número. O Globo trouxe uma cobertura mais balanceada, com alguns textos negativos em editoriais, colunas e manchetes.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em agosto o Estadão retoma a posição de jornal mais crítico a Lula, com IV de -1,56, seguido pela Folha, com –1,14, e o Globo, com -0,64. O IV total do mês até o momento é de -1,07. Lula continua a ser tratado de maneira mais desfavorável pela imprensa do que seu próprio governo.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Esta semana, o Estadão citou Lula negativamente em 6 editoriais, 2 chamadas e 3 colunas. Já o Globo dividiu suas críticas ao presidente entre editoriais e manchetes. Na Folha, todos os tipos de texto apresentaram pelo menos um texto desfavorável, com destaque para as 5 chamadas de capa contrárias ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem crítica, com destaque para o Estadão, que apresenta a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo e ao presidente.
O Globo esta semana apresentou uma cobertura mais balanceada, ainda que com pouquíssimos textos favoráveis, o que denota pouco espaço para a expressão de opiniões que não concordam com as posições editoriais do jornal. Entretando, os outros dois jornais vão bem pior nesse quesito, o do pluralismo interno.
A versão revisada do gráfico 2 desvela o pluralismo externo, ou seja, a variação da opinião no conjunto dos meios. Na verdade, ele mostra a sua falta, pois os temas preponderantes são quase sempre os mesmos e o posicionamento dos meios neles também é similar. O destaque fica com o tema Venezuela, que é reiteradamente usado para criticar o governo e Lula, cobrando deles que se alinhem com uma posição bastante rígida de tratamento do país, em tudo similar à do Departamento de Estado dos EUA, mas longe do que seria recomendável para uma política externa independente de uma potência regional como o Brasil.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.