DONI # 75 – 28 de Setembro a 04 de Outubro de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais O Globo e Estado de S. Paulo, e 2, 3 e 4, da Folha de S. Paulo. O Gráfico 2 apresenta os temas priorizados pelos jornais. Assim, é possível perceber os assuntos selecionados por cada veículo e sua valência. Nesta semana, foram analisados 118 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
O mês de setembro termina com o Estadão como o mais desfavorável, com IV de – 2,26, seguido pela Folha, com 1,02, e o Globo, com – 0,81. O IV de setembro foi de – 1,27. Em outubro, a ordemo permanece a mesma: Estadão como o mais desfavorável, IV de 0,87, seguido pela Folha com 0,86 e O Globo com 0,61. O IV de outubro até o momento é de 0,77.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque desta semana foi o debate sobre a regulação das bets. Os jornais apresentam posições distintas: enquanto o Globo destacou o trabalho em conjunto de Governo e Congresso para regular as apostas, o Estadão denuncia que o Ministério da Fazenda apenas teria se preocupado com a questão da arrecadação e não sobre o problema social de fato. Os três jornais, todavia, são unânimes em afirmar que o governo subestimou o tema e que não se preocupou com o tema como deveria. Os textos ainda pontuam que o governo recuou na ideia de bloquear o cartão do Bolsa Família.
O segundo assunto debatido foi a Política Fiscal, especialmente o encontro entre o governo e os representantes das agências de risco. Os jornais criticam o presidente Lula e o governo por camuflarem os gastos e o aumento da dívida pública no encontro com as agências. Para os jornais, é insustentável o atual crescimento da economia.
Finalmente, as Eleições de 2024 foram o terceiro tema mais abordado. Os jornais são categóricos em afirmar que os padrinhos políticos Lula e Bolsonaro não são eficazes na campanha de São Paulo. Os textos pontuam as ações, ou ausência delas, durante a campanha de 2024. O Globo ainda apresenta duas conclusões sobre o caso: primeiro afirmam que uma vitória de Marçal pode alçá-lo a potencial candidato capaz de vencer Lula em 2026; depois afirmam que, se Boulos vencer em São Paulo, Lula sairá fortalecido e Bolsonaro enfraquecido da disputa.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[2]
Nesta semana, a imprensa manteve o tom crítico ao Governo Federal. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram dez, no total. A Folha apresentou peças contrárias em todos os tipos de texto, com prioridade para as cinco chamadas negativas. Finalmente, O Globo trouxe críticas ao governo em quase todos os tipos de texto, a exceção das manchetes. O destaque negativo do jornal carioca ficou com as chamadas.
[2] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em setembro, o Estadão foi o jornal mais crítico a Lula, com IV de -4,36, seguido pelo Globo com –1,37, e a Folha, com com -1,17. O IV total de setembro foi de – 1,95. Em outubro, o Estadão continua como o mais negativo, com um IV parcial de – 10,00, seguido pela Folha com – 1,00 e O Globo com IV de – 0, 86. O IV de outubro até o momento é de – 1,57.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais, foram 12 contrários ao total. O Globo, por sua vez, criticou Lula em chamadas, colunas e editoriais, com destaque para o último, foram 5 no total. Na Folha, o destaque desfavorável foi distribuído nas 6 chamadas, 3 chamadas, 1 coluna e 1 artigo de opinião.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem crítica, com destaque para o Estadão, que continua com a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo e ao presidente, alcançando um IV de – 10 neste início de outubro.
A análise dos temas nos permite observar que as três publicações apresentam críticas ao crescimento dos gastos do governo e alertam para uma possível maquiagem nos números apresentados às agências de risco. Em relação às bets, o tom é crítico à forma como o governo tratou do assunto. Finalmente, quando o assunto são as eleições municipais de 2024, os jornais são unânimes em afirmar que Lula não tem ajudado seus apadrinhados. E o Globo ainda arrisca uma futurologia: afirmam que se Marçal for eleito na capital paulista ele será o candidato da direita à derrotar Lula no futuro. Essa nem os modelos mais sofisticados da Ciência Política foram capazes de prever.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.