DONI # 74 – 21 a 27 de Setembro de 2024
No relatório DONI semanal, são analisados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula ou figuras e instituições do Executivo publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A avaliação abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram examinados 123 textos.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de setembro mantém o Estadão como o mais desfavorável, com Índice de Viés[3] (IV) de -2,26, seguido pela Folha, com -1,02, e o Globo, com -0,81. O IV de setembro até o momento é de -1,27.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
Os destaques da cobertura semanal são o cumprimento da meta fiscal, a regulação das apostas pela internet e o discurso de Lula na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O debate sobre a política fiscal persiste, especialmente em relação à capacidade de cumprimento da meta. Os jornais evocam declarações de Geraldo Alckmin, vice-presidente e de Fernando Haddad (Fazenda), garantindo que o governo cumprirá a meta fiscal, contudo também apresentam o alerta do Tribunal de Conta da União (TCU) sobre o descumprimento e a visão do Copom a respeito da política expansionista, com alertas para o governo Lula não cometer os mesmos erros do governo Dilma.
O segundo assunto é a decisão de regulação das ‘bets’. A cobertura jornalística ressalta a preocupação do governo com uso dos benefícios do Bolsa Família para apostas, além das medidas do governo para monitorar as transferências para esses jogos e evitar o endividamento dos brasileiros.
Finalmente, a participação de Lula na assembleia da ONU foi o terceiro tema mais abordado. Os jornais fizeram críticas a três aspectos principais: o discurso de abertura de Lula, classificado como vazio e uma tentativa de esconder os problemas do país; abandono de promessas de campanha — como o desenvolvimento sustentável e representação feminina no Planalto; e por fim, o posicionamento quanto à Venezuela e à guerra na Ucrânia. Segundo as publicações, a simplificação desses conflitos compromete a pretensão de Lula de ser um líder no Sul Global.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
A imprensa diminuiu o tom crítico ao governo federal. O Estadão manteve posicionamento negativo em todos os tipos de texto, priorizando as abordagens desfavoráveis nos editoriais — foram dezesseis. A Folha também apresentou peças contrárias em todos os segmentos, com prioridade para as chamadas de capa. Finalmente, O Globo trouxe críticas ao governo em todos as partes analisadas, exceto nos artigos de opinião. O destaque negativo do jornal carioca ficou com as colunas e os editoriais.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em setembro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -4,31, seguido pela Folha, com -1,15, e O Globo, com -1,22. O IV total de setembro é de -1,88.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
O Estadão citou o presidente negativamente em doze editoriais, quatro chamadas, duas colunas, uma manchete e um artigo de opinião. Na Folha, o tom desfavorável foi distribuído em cinco chamadas, três editoriais, duas colunas, um artigo de opinião e uma manchete. O Globo criticou Lula em chamadas, editoriais e em seis colunas.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem crítica, com o Estadão mantendo a maior proporção de textos desfavoráveis ao governo e ao presidente.
As três publicações apresentam críticas ao modelo expansionista de gastos e alertam para um possível descumprimento da meta fiscal. Em relação às ‘bets’, o tom é conciliatório e a regulação é considerada positiva, apesar de pontuarem problemas na gestão do tema. Finalmente, quando o assunto é ONU, os jornais são unânimes em criticar Lula e seu discurso que esconderia a crise vivida atualmente no país. Para as publicações, o governo e Lula prometem muito, mas entregam pouco.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.