DONI # 76 – 05 a 11 de Outubro de 2024
No DONI semanal, são avaliados os textos que mencionam o governo federal, o presidente Lula ou figuras e instituições do Executivo publicados nos jornais O Globo, Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram examinados 95 textos.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3 dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
No mês de outubro, o Estadão se mantém como o veículo mais desfavorável, seguido pela Folha, ambos com Índice de Viés[3] (IV) de -0,92. O Globo aparece com -0,52. O IV de outubro até o momento é de -0,76.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
O destaque desta semana foi o debate sobre a política fiscal, especialmente a decisão de aumentar a Selic. Os jornais pontuam que a elevação da taxa pode ser prejudicial e reforçam a mudança na avaliação da nota do Brasil pela Moody’s. Evocando as críticas de economistas do mercado, os jornais afirmaram que a mudança não foi coerente, e o aumento da Selic não teria animado os analistas.
As eleições municipais de 2024 foram o segundo assunto mais debatido. Os jornais destacaram o desempenho do PSD nas urnas, e o aceno de Gilberto Kassab, presidente do partido, a Lula. As publicações pontuaram que o governo terá que ceder ainda mais espaço para o Centrão. Os textos também reproduziram declarações de Kassab, criticando a nacionalização dos confrontos municipais, especialmente o caso paulista, por Lula e Bolsonaro.
Finalmente, a sabatina de Gabriel Galípolo, no Senado, foi o terceiro tema mais abordado. Os jornais elogiam o novo presidente do Banco Central, comparando sua figura à de Campos Neto. Os textos criticam o posicionamento de Lula e suas críticas à autonomia do Banco Central, ressaltando que há preocupações sobre uma possível interferência do governo no BC.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa manteve o tom crítico ao governo federal. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais. No total, foram oito. A Folha distribuiu peças contrárias em chamadas e editoriais. Finalmente, O Globo trouxe críticas ao governo em quase todos os tipos de texto, exceto nas manchetes. O destaque negativo do jornal carioca ficou concentrado nos artigos de opinião.
[2] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em outubro, o Estadão continua como o mais negativo, com um IV parcial de -2,45, seguido pelo Globo, com -0,80, e a Folha, com IV de -0,54. O IV de outubro até o momento é de -1,04.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais, com oito textos negativos. O Globo, por sua vez, criticou Lula em chamadas, colunas e editoriais. Na Folha, o tom desfavorável foi distribuído em duas chamadas de capa, uma coluna e três editoriais.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão, que alcançou um IV de -4,3, até o início da segunda quinzena de outubro.
A análise dos temas presentes nos veículos da imprensa brasileira nos permite observar que, embora tenham elogiado a escolha de Gabriel Galípolo para a presidência da autoridade monetária, as publicações ainda recorreram ao expediente de lançar dúvidas sobre a autonomia do Banco Central, diante de um indicado de Lula. Além disso, o arranjo da cena política, após o resultado do primeiro turno das eleições municipais, também rendeu textos contrários ao presidente e a forma como o governo terá que equilibrar as novas demandas de partidos do Centrão, que tiveram bom desempenho no pleito.
Para baixar o nosso relatório, clique aqui.
DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.