DONI # 83 – 23 a 29 de Novembro de 2024
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais[1]. Nesta semana, foram avaliados 103 textos.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]
O mês de novembro continua com o Estadão como o mais desfavorável, com IV[3] de – 0,66, seguido pela Folha, com – 0,38, e pelo Globo, com – 0,24. O IV de novembro até o momento é de – 0,41.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula
Esta semana, a discussão sobre política fiscal continua como tema central na cobertura sobre o governo federal. A discussão retorna ao assunto favorito nos últimos meses: uma suposta desconfiança do mercado quanto à responsabilidade fiscal do governo. Para os jornais, o mercado está insatisfeito com a proposta. Já Fernando Haddad estaria preocupado em adotar novas medidas para garantir o equilíbrio das contas públicas.
O segundo assunto mais abordado foi a Operação Contragolpe. Os jornais ressaltam os desafios da Justiça brasileira para punir os responsáveis. As publicações também mencionam que a trama expõe o atentado do bolsonarismo contra a democracia e arranha a imagem das Forças Armadas.
Finalmente, a política externa também foi alvo de reportagens. Os jornais elogiam o diálogo e equilíbrio, em comparação ao governo anterior. A crise com a França foi analisada à luz das negociações entre Mercosul e União Europeia. Os jornais criticam o posicionamento francês e aproveitam o protecionismo do país europeu para defender que nem Macron, nem Lula adotem medidas protecionistas.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]
Nesta semana, a imprensa manteve um tom desfavorável, mas menos intenso em relação ao governo federal, em comparação aos outros meses. O Estadão novamente apresentou posicionamento negativo prioritariamente nos editoriais — foram seis, no total. A Folha priorizou as chamadas negativas, com seis edições. Finalmente, o Globo trouxe como destaque negativo as colunas, com três ao todo.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Em novembro, o Estadão continua como o jornal mais crítico a Lula, com IV de -0,81, seguido pela Folha, com –0,37, e o Globo, com -0,33. O IV total de novembro é – 0,49.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
Nesta semana, o Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais — com 7 textos contrários ao total. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula em colunas, com três publicações negativas. Na Folha, as chamadas concentraram as cinco menções contrárias ao presidente.
Em resumo, a análise dos textos temáticos dos jornais brasileiros sobre o governo Lula revela uma contínua abordagem negativa, com destaque para o Estadão. Em comparação aos últimos meses, todavia, o IV está mais baixo, o que demonstra, até o momento, uma cobertura menos crítica do que aquela que acompanhamos em agosto, setembro e outubro.
As três publicações continuam a priorizar a discussão sobre a economia e os desdobramentos da cobrança para corte de despesas, destacando esta semana a desconfiança do mercado em relação ao plano do governo para manter a responsabilidade fiscal. Para os jornais, o pacote reflete o esforço do governo em tentar equilibrar as contas públicas, mas foca em medidas eleitoreiras. Quanto ao plano de golpe de Estado, que envolvia o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, os jornais alertam para as possíveis consequências que a trama terá para as Forças Armadas. Finalmente, na discussão sobre a política externa, os jornais elogiam a tentativa de diálogo, em um raro elogio ao governo petista.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Apoio:
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.