DONI # 126 – 20 a 26 de Setembro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Política Fiscal: Os jornais mantêm as críticas aos gastos públicos, reforçando a ideia de que o governo gasta demais e pressiona o BC a manter a Selic elevada para conter a inflação.
Brasil e EUA: A imprensa destaca a posição do governo Trump de negar o visto ao ministro Padilha. Ainda assim, as publicações ressaltam que o governo brasileiro segue negociando com os EUA para reduzir as sanções impostas.
Posicionamento Editorial: O Estadão é ainda o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em setembro, o Estadão aparece no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV[1] de – 1,78, seguido pela Folha, com –0,67, e pelo Globo, com – 0,45. O IV de setembro até o momento é de – 0,88.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, os jornais intensificaram a retórica contrária à política fiscal do governo, especialmente em relação aos gastos públicos e à taxa de juros. Os textos ainda destacam que o Copom prevê a manutenção dos juros em patamar elevado, apesar das reclamações de Haddad. Para a imprensa, o Executivo persegue o meio da meta fiscal, e não seu piso.
As relações entre Brasil e EUA foram o segundo tema mais abordado. A cobertura ressaltou que o governo americano negou visto de viagem ao ministro Alexandre Padilha (Saúde), que desistiu de integrar a comitiva brasileira na reunião da Assembleia da ONU, em Nova York. Os jornais mantêm o debate sobre as negociações bilaterais para reduzir as sanções econômicas, sugerindo que a habilidade de Lula pode favorecer o diálogo com Washington.
Por fim, o terceiro tópico de maior repercussão foi a possível saída de ministros do União Brasil do governo. Neste caso, os jornais destacam o ultimato do partido a Sabino e a decisão dele de acatar a determinação. Ainda assim, registraram que a popularidade do presidente subiu, embora ainda seja considerada frágil.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão distribuiu textos negativos por quase todos os formatos. Já Folha e O Globo concentraram-se na publicação de chamadas desfavoráveis, com quatro textos dessa natureza em cada periódico.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em setembro, o Estadão continua como jornal mais crítico a Lula, com IV de – 1,12, seguido pela Folha, com – 0,52, e O Globo, com -0,19. O IV de setembro até o momento é de – 0,57, o menor desde novembro de 2024.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais e chamadas — com quatro e três textos contrários, respectivamente. O Globo, por sua vez, apresentou posicionamento desfavorável a Lula mormente em colunas, com três publicações negativas, mas também publicou textos favoráveis essa semana, em número comparável. Na Folha, as chamadas se sobressaíram, com três publicações desfavoráveis ao presidente. Esta semana, as três publicações discutiram os gastos públicos do governo. Os jornais criticaram a manutenção das despesas em patamares supostamente elevados e relacionaram a alta da Selic ao cenário político. As publicações também criticaram o governo estadunidense por negar o visto de viagem ao ministro Padilha, mas avaliaram que o episódio não vai interferir nas negociações entre os países. Por fim, os periódicos discutiram o posicionamento do União Brasil, que exige a saída de seus ministros do governo, obrigando Sabino a deixar o Ministério do Turismo.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
