O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 127 – 27 de Setembro a 03 de Outubro de 2025

No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

PRINCIPAIS DESCOBERTAS

Política Fiscal: Os jornais mantêm as críticas à política fiscal do governo, que essa semana direcionadas ao corte linear em 10% nos incentivos fiscais, considerado insuficiente.

Imposto de Renda: A imprensa destaca a vitória do governo na votação sobre o projeto de Imposto de Renda. Contudo, alertam que a proposta é insuficiente para resolver os problemas tributários do país.

Posicionamento Editorial: O Estadão é ainda o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em setembro, o Estadão terminou no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 1,71, seguido pela Folha, com –0,71, e pelo Globo, com – 0,58. O IV de setembro foi de – 0,93. Outubro começa com a mesma hierarquia: Estadão como o mais negativo, com – 1,00, seguido pela Folha com – 0,11 e O Globo 0. O primeiro IV de Outubro é – 0, 19.


[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.

[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.

[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.

Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, os jornais fortaleceram novamente a retórica contrária à política fiscal do governo, especialmente a proposta de corte linear de 10% em incentivos fiscais federais. Os textos sugerem que a medida é insuficiente e sustentam a posição do TCU de exigir a revisão da estratégia do governo quanto ao foco no limite inferior da meta fiscal. Para o TCU, o governo deve focar na meta zero. Para a imprensa, é necessário uma agenda de reforma tributária visando justiça e eficiência e não ganhos fiscais temporários.
A proposta do governo de mudança no Imposto de Renda. Os jornais destacam a vitória do Governo em aprovar o projeto depois de um primeiro semestre considerado desastroso com as crises do INSS e do Pix. Os jornais, contudo, consideram o plano insuficiente para resolver a questão tarifária do país e também afirmam que a medida é populismo com objetivo de reeleger Lula no próximo ano.
Por fim, o terceiro tópico de maior repercussão foi a relação entre EUA e Brasil. Neste caso, os jornais destacam a dificuldade nas negociações com Trump, considerado imprevisível demais. Os jornais ainda afirmam que Lula deveria priorizar o Itamaraty e não as opiniões de Celso Amorim na questão.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão distribuiu textos negativos por todos os formatos, com maior frequência nos editoriais, com um total de 3. Já Folha e O Globo concentraram-se na publicação de editoriais desfavoráveis, com quatro textos e três textos dessa natureza em cada periódico, respectivamente, além de algumas chamadas e colunas em número menor.

[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em setembro, o Estadão terminou como jornal mais crítico a Lula, com IV de – 1,07, seguido pela Folha, com – 0,51, e O Globo, com -0,14. O IV de setembro foi de – 0,50, o menor desde novembro de 2024. Já Outubro começa com o Estadão como o mais negativo, com – 0,50, seguido pelo Globo com – 0,17 e a Folha com IV positivo 0,28. O primeiro IV de Outubro do presidente é de – 0,06.

Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão focou as críticas ao presidente nos editoriais— com três textos contrários. A Folha apresentou viés ainda mais negativo nos editoriais, com um total de 4 na semana. Mesmo O Globo, que nos últimos tempos tem apresentado uma cobertura menos enviesada contra o presidente e seu governo, publicou 3 editoriais desfavoráveis a Lula, mas nenhum outro texto dessa natureza nas páginas estudadas.
Esta semana, as três publicações discutiram mais uma vez os gastos públicos do governo, criticando o corte anunciado pelo governo, considerado por eles insuficiente para resolver os problemas fiscais. Também destacaram as negociações entre EUA e Brasil e argumentaram que o presidente brasileiro deveria priorizar o corpo diplomático e não seu assessor na hora das decisões. Por fim, os periódicos elogiaram a vitória do governo na proposta de mudança do Imposto de Renda, mas afirmaram que o projeto ainda é insuficiente para resolver a questão tributária no país.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.

DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

Expediente:

Natália Paiva – Coleta e codificação de dados

Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação

Pollyanna Brêtas – Redação e revisão

João Feres Junior – Revisão, redação e análise

André Madruga – Divulgação

Lidiane Vieira – Divulgação


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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