DONI # 129 – 11 a 17 de Outubro de 2025
No DONI semanal, são examinados os textos que citam o governo federal, o presidente Lula ou algum personagem ou instituição do Executivo, publicados nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. A análise abrange manchetes, chamadas de capa, artigos de opinião, colunas e editoriais [1].
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
Correios: A crise financeira na estatal foi amplamente explorada pela mídia, que criticou o plano de reestruturação ao argumentar que ele representa um risco para o Tesouro Nacional.
Derrota da MP: Os jornais continuam a criticar o governo pelo desequilíbrio fiscal e cobram alternativas à medida provisória que previa aumento de arrecadação.
Posicionamento Editorial: O Estadão se mantém como o veículo mais crítico a Lula e ao governo federal.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[2]

Em outubro, o Estadão aparece no topo do ranking como o jornal mais desfavorável, com IV3 de – 1,31, seguido pela Folha, com –0,54, e pelo Globo, com – 0,28. O IV de outubro até o momento é de – 0,62, o menor desde agosto de 2023.
[1] Páginas 2, 3 e 4, da Folha de S.Paulo, e páginas 2 e 3, dos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
[2] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações do presidente ou do Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente é retratado é negativa ou desfavorável.
[3] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual “F” é o n° de favoráveis, “C”, o n° de contrárias, “A”, o n° de ambivalentes e “N”, o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal e de Lula

Nesta semana, a imprensa intensificou a sua cobertura negativa em relação ao governo federal e ao presidente. Os jornais acusaram o Executivo de ser o culpado pelo desequilíbrio fiscal, ficando sem alternativas para a política fiscal após a derrota da medida provisória no Congresso. Também tentaram combater a versão de declarações de governistas de que a pauta do governo foi sequestrada pelo Legislativo.
As relações entre Executivo e Legislativo estiveram no centro do debate. Os jornais criticam duramente a declaração de Lula sobre o “baixo nível” do Congresso brasileiro, sustentando que o presidente age como “chefe de facção política”, em um ato de descortesia institucional. Apesar do tom desfavorável ao governo, a cobertura também pontua a infidelidade do centrão na votação da medida provisória para aumentar a arrecadação.
Por fim, os planos do governo para socorrer os Correios foram alvo de críticas dos jornais, especialmente o aporte de R$ 20 bilhões. Para as publicações, o plano é genérico e põe em risco o Tesouro Nacional.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[4]

No período analisado, o Estadão priorizou o posicionamento negativo nos editoriais, com nove textos dessa natureza, média de quase 3 a cada dois dias. A Folha se concentrou mais em chamadas e colunas desfavoráveis. E no Globo as chamadas também preponderaram na categoria de textos contrários.
[4] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na seção de opinião, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Em outubro, o Estadão continua como jornal mais crítico a Lula, com IV de – 1,27, seguido pela Folha, com – 0,41, e O Globo, com -0,17. O IV de outubro até o momento é de – 0,50, o menor índice desde novembro de 2023.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

O Estadão concentrou suas críticas ao presidente nos editoriais e nas chamadas — com nove textos contrários em cada categoria. Na Folha, as colunas também se sobressaíram, com sete publicações críticas ao presidente. O Globo, comparativamente menos adversário à figura do presidente, apresentou posicionamento desfavorável a Lula mormente em colunas, com três publicações dessa natureza.
Nesta semana, a imprensa voltou ao tema da política fiscal como principal pauta, criticando o governo pelo equilíbrio das contas públicas. Também abordou as relações entre Executivo e Legislativo, enfatizando que a reação negativa do governo sobre a derrota da MP é desnecessária e perigosa para a democracia. Por fim, os periódicos discutiram as propostas de socorro financeiro aos Correios, sustentando que o prejuízo em estatais compromete o erário. A defesa da restrição do gasto público, via conservadorismo da política fiscal ou privatizações, é um bordão que os grandes jornais não abandonam, e ele sempre volta à tona quando a agenda da semana não é muito “quente”, como foi o caso. Essa semana assistimos ao retorno do argumento perverso de que a política econômica do governo, e consequentemente de Lula e do PT, que destoa da posição dos jornais, seria uma ameaça à democracia. Tal argumento é requentado pela imprensa em praticamente todas as eleições, por mais que o PT já acumule quase 17 anos à frente do governo federal.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
Expediente:
Natália Paiva – Coleta e codificação de dados
Eduardo Barbabela – Revisão de dados, análise e redação
Pollyanna Brêtas – Redação e revisão
João Feres Junior – Revisão, redação e análise
André Madruga – Divulgação
Lidiane Vieira – Divulgação
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula (F-C)/(A+N), na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
