O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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2 a 8 de janeiro, 2018

Por Natasha Bachini. João Feres Jr e Luna Sassara.

Na primeira semana de 2018 foram publicados 3.700 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.218.380 de compartilhamentos .
Na primeira semana de 2018 foram publicados 3.700 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.218.380 de compartilhamentos .

Na primeira semana de 2018 foram publicados 3.700 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.218.380 de compartilhamentos[1]. As páginas que mais postaram foram: VEJA (303 posts), Juventude Contra Corrupção (294 posts) e Folha de S. Paulo (292 posts). Em comparação aos dados da semana anterior, esses números mostram a retomada do debate político na rede após o recesso.

Tabela 1: 10 posts mais compartilhados da semana (02/01/2018 a 08/01/2018)[2]

Na primeira semana de 2018 foram publicados 3.700 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.218.380 de compartilhamentos.
Na primeira semana de 2018 foram publicados 3.700 posts nas 41 páginas monitoradas por nossa pesquisa, totalizando 2.218.380 de compartilhamentos.

Os 10 posts da tabela acima concentram 21% do volume total de compartilhamentos alcançados pelas 41 páginas monitoradas ao longo dessa semana. No âmbito dos recursos empregados, observou-se diversificação: 50% de vídeos, 40% de links e 10% de fotos.

As duas primeiras colocações do ranking são ocupadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL). O 1º post mais compartilhado consiste numa foto que compara os casos de Rodrigo Goularte e Jonatan Diniz, dois brasileiros presos em outros países por diferentes motivos, culpa o governo e a mídia por não darem atenção ao caso, e pede que as pessoas assinem a petição no avaaz.org para que o último seja liberado. O 2º post também pede pela liberdade de Jonatan, reforçando que ele foi preso na Venezuela por estar distribuindo alimentos às crianças famintas no Natal. Porém, a história não foi bem essa. O próprio Jonatan divulgou um vídeo na internet revelando ter premeditado sua detenção para chamar atenção para a causa defendida por sua ONG, a Time to Change the Earth, criada dias antes de sua viagem.

A 3ª e a 4ª posições são de posts do deputado Marco Feliciano (PSC-RJ). No 3º post, Feliciano trata em vídeo do caso de Fallon Fox, 1ª lutadora trans de MMA, que na sua visão, massacrou sua adversária mulher. Feliciano afirma que foi uma competição injusta, devido à diferença na constituição corpórea entre as lutadoras, e desafia a bancada “feminina”/feminista da Câmara, especialmente a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), marcada no post, a criar um projeto de lei que impeça lutas desse tipo.

No 4º post, Feliciano faz a tréplica da resposta de Gregório Duvivier ao seu post da semana do Natal. Tal resposta fui publicada no jornal Folha de S.Paulo sob o título “Pai, perdoa-lhes, porque não entenderam porra nenhuma”. O deputado inicia seu vídeo comparando sua trajetória à de Duvivier. Nessa comparação, ele se coloca como o bom cristão de família pobre, enquanto o humorista seria o menino rico profanador. Feliciano, mais uma vez, não economiza deméritos ao seu desafeto e afirma que Duviviver “vilipendia a fé” e “debocha” dos cristãos. O pastor também se defende da insinuação que lhe é feita no texto de “pastor corrupto”, afirmando que não pertence ao Partido dos Trabalhadores (PT). Ele também afirma que os muçulmanos, ligados à esquerda, são terroristas. Feliciano ataca ainda a Globo e a Folha, e se vangloria do número de compartilhamentos que consegue alcançar mesmo sem o apoio da grande imprensa.

O 5º post e o 10º pertencem ao também deputado do PSC pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro. No 5º post, Bolsonaro reproduz o depoimento do Coronel da Polícia Militar do Maranhão Ivaldo à Guará News, no qual o militar defende que a União ajude os Estados a combater o crime e critica o indulto de Natal, pois “bandido só entende uma linguagem: a da força” e “se quisesse passar o Natal e o Ano Novo com sua família, não estava roubando e matando os outros na rua”. Na legenda do post, consta uma das máximas do deputado: “não pode haver direitos humanos para bandidos”. O seu outro post vai na mesma linha, também reproduzindo o depoimento de uma policial, dessa vez do Rio Grande do Norte, que chora ao comentar a crise de segurança pública do estado e acusa a Rede Globo de editar as matérias colocando os policiais como “criminosos”.

O 6º, o 8º e o 9º posts são da página Juventude Contra Corrupção (JCC). O 6º post consiste no delegado Francischini acusando Lula, Dilma e o PT de terem roubado a Petrobrás e afirma que quem os defende, especialmente no caso do julgamento do dia 24/1, é “tão bandido quanto eles”.  O 8º post mais compartilhado da semana é uma foto de um suposto militar mal camuflado acompanhada de um comentário irônico que sugere que o Estado é incompetente. No texto que acompanha o post, comenta-se que o Estado só sabe arrecadar impostos, mas não é competente na oferta de serviços como saúde e educação. O 9º post também é uma foto, na qual se homenageia os procuradores da Lava Jato pelos 3 anos da Operação.

O 7º post é do G1 e remete a uma matéria do portal sobre a condenação da nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, por processo trabalhista. Sua nomeação encontra-se suspensa pela Justiça.

Como vemos, o ano virou, mas a composição do ranking não mudou: segue dominado pelas páginas de direita, sobretudo pelas páginas dos deputados do PSC e de movimentos recém-formados, como o MBL e a JCC. A linha argumentativa desses atores tampouco se altera: o discurso moralista baseado no tripé “cristianismo – militarismo – anti-estatismo” ataca a esquerda, e especialmente o PT, seu principal expoente, acusando-os de corruptos e depravadores da sociedade brasileira. Contudo, 2018 está apenas em seu início e é um ano eleitoral, ou seja, muitos assuntos e atores podem modificar a configuração desse debate ao longo do tempo. Seguimos atentos!

[1] Uma nova página foi incorporada à nossa lista: Mídia Ninja. Ela não constava em nosso ranking por não se classificar dentre as categorias que estipulamos, mas como “organização sem fins lucrativos”. Contudo, devido ao seu expressivo número de seguidores e por ser uma página de mídia, decidimos incluí-la no monitoramento.

[2] Nessa semana tivemos a substituição de dois posts no ranking: um do G1 e outro de Adilson Barroso (PEN).

 

Por Natasha Bachini, João Feres Jr e Luna Sassara..

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