14 a 20 de outubro, 2018
Entre os dias 14 e 20 de outubro de 2018, as 155 páginas que monitoramos publicaram 9.659 posts, que geraram 15.087.511 compartilhamentos. As páginas que mais postaram no período foram as mesmas da semana anterior: Estadão (418 posts), UOL (404 posts) e O Globo (397 posts).
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (14/10/2018 a 20/10/2018)
Os 20 posts da tabela acima concentram 10% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 155 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi o vídeo (40%), seguido do link (30%), da foto (15%) e do texto (15%).
A página de Jair Bolsonaro gerou o maior volume de compartilhamentos, ocupando 12 posições no ranking. Por meio de suas lives e matérias do R7, Bolsonaro rebateu acusações de caixa 2 duplamente qualificado oriundas de denúncia da Folha de S. Paulo, que noticiou esquema no qual empresários estariam comprando a distribuição em massa de mensagens contra o PT por meio do aplicativo de mensagens Whatsapp. Os disparos teriam sido contratados por até R$12 milhões, infringindo a lei eleitoral ao menos em três aspectos: os contratos configurariam doações não declaradas, partiram de pessoas jurídicas e configurariam terceirização de serviços.
Bolsonaro se defendeu das acusações alegando que o jornal estaria em conluio com o candidato Fernando Haddad, que “não há provas, só indícios”, e que não é necessário produzir fake news para combater o PT, pois os escândalos de corrupção, “os assaltos as estatais” e “a defesa das ditaduras socialistas” são incontestáveis. A mesma linha argumentativa foi usada pelo apresentador do Programa Pânico Emílio Zurita, pelo jornalista José Nêumanne Pinto em programa da TV Estadão e pelo blog O Antagonista, cujos posts foram reproduzidos respectivamente pelo MBL e pelo próprio Bolsonaro, e pelos deputados Kim Kataguiri (DEM) e Marco Feliciano (PODE).
Haddad foi mencionado em diversas oportunidades também como “socialista” em decorrência de sua tese de doutorado e livro em comemoração dos 150 anos da obra de Marx e Engels.
O candidato ainda deu explicações ao seu eleitorado, afirmando que não acabará com o ministério da Educação nem com o Bolsa Família, que Alexandre Frota não será seu ministro da Cultura, tampouco as mulheres devem ganhar menos, negando que irá liberar a caça, permitindo apenas a do javali, e universalizar o ensino à distância. Este último só seria implementado nas zonas rurais, onde não há escolas próximas.
No que concerne a este tema, o candidato do PSL mais uma vez atacou o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), dizendo que seus integrantes são “picaretas que nunca trabalharam na vida”, que desativará as 2000 escolas do movimento existentes, pois estas “não formam estudantes, mas guerrilheiros”, que toda a “invasão de terra” será considerada terrorismo no seu governo, e que haverá excludente de ilicitude para quem reagir a uma ocupação.
Bolsonaro gravou vídeos com mulheres e homossexuais, dois grupos sociais que ele hostilizou publicamente no passado. No primeiro vídeo, que contou com a participação de professoras da linguagem de sinais, o deputado procurou relativizar seu posicionamento na votação sobre os direitos de pessoas com deficiência na Câmara alegando que se tratava de uma votação simbólica e que foi contrário somente ao ponto que incluía elementos da “ideologia de gênero”. No segundo vídeo, pessoas que se identificam como homossexuais acusam o PT de querer libertar quem praticou crimes hediondos e criticam o “kit gay” afirmando que se tornaram homossexuais por terem sido informados sobre sexo quando crianças.
Em seus posts, Bolsonaro continuou afirmando a existência do “kit gay”, classificado como notícia falsa pelo TSE, e insinuou inúmeras vezes, junto ao MBL e à página O Reacionário, que a sua tentativa de homicídio fora arquitetada pelo PSOL e pelo PT, conectando o ocorrido ao do ex-prefeito Celso Daniel. O candidato chegou até a mostrar os pontos de sua cirurgia e sua bolsa coletora em um dos vídeos .
O candidato se utilizou também do recurso do direcionamento para compartilhar notícias negativas sobre Fernando Haddad produzidas pelo portal R7. Uma delas trata de um processo relacionado à gestão do Theatro Municipal de São Paulo no qual Haddad responde por improbidade administrativa. A segunda trata da Operação Partialis, na qual Haddad não está envolvido, mas é relacionado tanto pela chamada da matéria quanto por Jair Bolsonaro.
Por fim, nessa semana apenas dois posts de páginas de esquerda alcançaram o ranking: um de Haddad sobre a decisão da Justiça Eleitoral de proibir a difusão da fake news acerca do “kit gay” por Jair Bolsonaro, e um vídeo de sua vice Manuela D’Ávila relatando comentários que recebe nas redes sociais. No vídeo, a candidata chama a atenção para fake news envolvendo seu nome que foram divulgadas na rede e para ameaças à sua integridade física.
Em resumo, observamos que o candidato do PSL, com o auxílio das páginas e políticos da nova direita e de parte da grande imprensa, se utilizaram do Facebook na penúltima semana de campanha eleitoral para criticar Fernando Haddad, o PT o PSOL e os movimentos sociais, especialmente o MST e o MTST. As mesmas páginas relativizaram a denúncia feita pela Folha, posteriormente apresentada ao TSE, sobre o uso de caixa 2 na campanha de Bolsonaro para o impulsionamento de fake news. Nenhuma providência foi tomada pelo TSE sobre o assunto até o momento.