18 a 24 de novembro, 2018
Entre os dias 18 e 24 de novembro, as 155 páginas que monitoramos publicaram 6.496 posts, que geraram 4.240.261 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Revista Exame (385 posts), Portal R7 (375 posts) e O Globo (354 posts).
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (18/11/2018 a 24/11/2018)
Os 20 posts da tabela acima concentram 14% dos compartilhamentos obtidos pelas 155 páginas ao longo do período. O recurso mais empregado nos posts foi o link (70%), seguido de foto (15%), vídeo (10%) e texto (5%).
Pela primeira vez durante este pouco mais de um ano de monitoramento as páginas da grande imprensa predominam no ranking, respondendo por 60% dos posts. Este bom desempenho deveu-se a repercussão de decisões judiciais negativas ao Partido dos Trabalhadores (PT) na imprensa.
A aceitação da denúncia do Ministério Público Paulista contra Fernando Haddad (PT), baseada na delação do empresário Ricardo Pessoa (UTC) foi tratada em sete posts do ranking. A maioria deles consistiu em links para matérias jornalísticas. Houve também comemoração do fato pela página do Movimento Brasil Livre (MBL), que se utilizou ironicamente do slogan da campanha petista: “Haddad é Lula”. O acatamento da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra Lula, Dilma, Palocci e Mantega, também rendeu grande volume de compartilhamentos, especialmente para as páginas das revistas Veja e Exame, cujos títulos das reportagens denominaram o episódio como “quadrilhão do PT”.
As nomeações do presidente eleito para os ministérios se fizeram presentes no ranking em menor medida. Jair Bolsonaro (PSL) comunicou pelo Facebook a indicação de Ricardo Velez Rodriguez, Professor Emérito da Escola de Comando e estado Maior do Exército, para a pasta da Educação. A entrega de três ministérios a políticos do Democratas que são investigados por corrupção foi criticada pela página Fora Temer, que reproduziu o comentário de Josias de Souza no Jornal da Gazeta: “Virou fumaça a ideia de que Bolsonaro é intransigente com os maus feitos. Ao contrário do que havia prometido aos seus eleitores, o novo presidente jogou no balcão das barganhas políticas um pedaço do primeiro escalão do governo”. A revista Veja informou em matéria que o ex-presidente da Unimed e deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), foi indicado para o Ministério da Saúde, a despeito de ser investigado por suspeita de fraude no período em que foi secretário no Mato Grosso do Sul.
Bolsonaro foi alvejado também durante o desfile da marca Thinkblue, no qual as modelos carregaram placas com suas frases machistas, racistas e xenófobas. O evento foi registrado pela Mídia Ninja, cujo post ocupa a sétima posição da lista.
Assunto de grande destaque no ranking passado, o fim do Programa Mais Medicos, alavancou ainda algumas posições no rol dessa semana. Em post, o MBL reproduziu a coluna de Merval Pereira, em O Globo, que comemorou o fim do convênio com Cuba, alegando que o seu objetivo era lavar dinheiro. Já a revista Exame noticiou que 92% das vagas do Mais Médicos encontram-se preenchidas por brasileiros. Entretanto, o título da matéria distorce parcialmente o fato. 7.871 profissionais concluíram o processo e selecionaram o município onde vão atuar, mas até a última sexta, somente 27 médicos haviam se apresentado nas unidades básicas de saúde.
Em resumo, os posts relativos à Política que obtiveram maior volume de compartilhamentos no Facebook durante essa semana abordaram negativamente as instituições e os políticos, especialmente o Partido dos Trabalhadores. Tal comportamento reflete, em boa medida, a dinâmica adotada pelos meios de comunicação de massa, cuja cobertura sobre política apresenta esse perfil antipolítico e antipetista, acentuado nos últimos anos com as operações da Polícia Federal.
Ao longo de nossa série de análises, observamos que este enquadramento negativo da política institucional pela grande imprensa é apropriado pelos movimentos da nova direita na rede, que de modo semelhante, enquanto alvejavam o Executivo e o Legislativo, endossavam as ações do Judiciário e do Ministério Público. Porém, nesta semana, foram as próprias páginas da imprensa que desempenharam esse papel no Facebook. Inclusive Bolsonaro, até então blindado na rede, foi criticado em matérias que viralizaram. Nas próximas semanas, devemos avaliar se o que vemos agora é um episódio pontual ou se o debate político na rede está se reconfigurando após o período eleitoral.