17 a 23 de junho, 2019
Por Natasha Bachini e João Feres Junior.
Entre os dias 17 e 23 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.241 posts, que geraram 3.964.371 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Catraca Livre (411 posts), Portal R7 (400 posts) e Veja (390 posts).
Entre os dias 17 e 23 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.241 posts, que geraram 3.964.371 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: Catraca Livre (411 posts), Portal R7 (400 posts) e Veja (390 posts).
Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (17/6/2019 a 23/6/2019)[1]
Os 20 posts da tabela acima concentram 13% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram o vídeo (65%), seguido de link (15%), foto (15%) e texto (5%).
A página do presidente Jair Bolsonaro segue ocupando o maior número de posições na lista. Seus posts mais compartilhados trataram, em linhas gerais, sobre o decreto das armas, as obras no Lote 5 da Ferrovia da Integração Oeste-Leste, a exploração economia da Amazônia e a prisão perpétua.
No post mais compartilhado da semana, Bolsonaro recortou duas falas da senadora Katia Abreu na tentativa de mostrar sua contradição sobre o porte de armas e a partir daí, defender o decreto das armas que tramita no Congresso. Na primeira, em entrevista antiga, a senadora disse que nas propriedades rurais, o uso da arma é necessário, devido ao isolamento. Na segunda, Abreu posicionou-se contrariamente ao projeto na tribuna, alegando que nunca precisou usar arma. O presidente também argumentou sobre o decreto em sua live semanal, afirmando que ele não tem nada de inconstitucional e que “o cidadão precisa da arma para se defender pois não tem como recorrer ao poder público”, ao contrário dos parlamentares que podem solicitar proteção especial. Nesta, Bolsonaro ainda defendeu a exploração da Amazônia e a Reforma da Previdência, e acusou o governo do PT de ter “assaltado o BNDES”,
Nos outros posts, Bolsonaro discorreu em prol da prisão perpétua como punição para casos como o do menino Rhuan, esquartejado e morto pela mãe e sua companheira e anunciou que procurará trabalhar para desburocratizar a vida dos micro e pequenos empreendedores, mas não disse como. Bolsonaro publicou também um vídeo com sua mãe cantando e fotos com o jogador Ronaldinho Gaúcho e o juiz Sergio Moro.
Falando em Sergio Moro, a Vaza Jato continuou a repercutir na rede durante essa semana. As páginas de Kim Kataguiri, Álvaro Dias e o Portal R7 saíram em defesa do ministro, enquanto a Conversa Afiada Oficial colocou-lhe na parede. O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) recortou trecho da resposta de Moro ao senador Rogério Carvalho (PT-SE) quando dava esclarecimentos sobre as denúncias, no qual o ministro dizia não ser necessário fazer curso para “vir aqui e falar a verdade”. Carvalho sugeriu que Moro fez um treinamento em comunicação para aprender a posicionar-se enquanto “guardião da moral e da lei”.
Em entrevista após essa sessão, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) afirmou que Moro “não deixou nenhuma pergunta sem resposta”, e “saiu maior do que entrou”. Em seu outro post do ranking, Dias argumenta que “Lula de dentro da prisão, pediu a Glenn Greenwald do Intercept para investigar Sergio Moro e Deltan Dallagnol”. O senador fala isso com base em trecho da entrevista concedida por Lula ao veículo no dia 21 de maio. Entretanto, nessa mesma entrevista, Glenn Greenwald anuncia que as investigações já encontravam-se em andamento.
O Portal R7 emplacou matéria no ranking com percepções semelhantes às de Álvaro Dias. No título, o veículo explicita seu posicionamento: “Moro deu um baile no Senado – e marcou seu batismo como político”. Totalmente favorável ao ministro, ao longo do texto, o R7 mostrou-se um entusiasta da atuação política de Moro: “Se não aparecerem novos e contudentes vazamentos, The Intercept pode se considerar padrinho da candidatura favorita à Presidência em 2022”.
Por fim, tivemos o post do Conversa Afiada Oficial com avaliação distinta sobre os esclarecimentos de Moro no Senado. O jornalista Paulo Henrique Amorim ridicularizou o ministro e seus defensores, como o ex-governador Roberto Requião. Lembrando a trajetória de Moro, desde seu apelido de “marreco de Maringá” e seu perdão à Lorenzoni, que assumiu publicamente a prática de Caixa 2, Amorim questionou por que agora provas ilícitas não valem, sendo que durante a Lava Jato, quando ainda era juiz, Moro as considerou, e sugeriu que Fernando Henrique Cardoso deve ter caído na gargalhada quando Moro disse: “Não tive projeto político, só cumpri a lei”.
Embora as denúncias da Vaza Jato tenham colocado o ministro Sergio Moro na berlinda, a direita segue forte no Facebook, onde seu discurso ainda é predominante. Entretanto, chama a atenção o fato do presidente não sair em defesa do seu ministro-estrela, deixando esse papel para parlamentares como Kim Kataguiri e Álvaro Dias e o veículos da imprensa chapa-branca, como o Portal R7. Bolsonaro procurou nessa semana dar mais ênfase a posições punitivistas aproveitando-se de casos como o do menino Rhuan, que sensibilizam a opinião pública, o que pode ser uma estratégia para desviar a atenção dos escândalos, por um lado, e atacar a população LGBT por outro, visto que suas páginas de apoio creditaram o assassinato do menino à orientação sexual de sua mãe. Aguardamos as cenas dos próximos capítulos…
[1] Tendo em vista nossos propósitos, foram excluídos da lista um post do G1 e três posts do Portal R7 por não tratarem de política.