Vaza Jato nos jornais – 28 de junho
Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.
O décimo nono dia desde a eclosão do escândalo Vaza Jato tem a menor cobertura até o momento, com apenas seis textos que citam o tema. Não houve novos vazamentos no dia anterior e a discussão se deteve no arquivamento da investigação contra Deltan Dallagnol.
2O Globo
O Globo traz uma cobertura tímida, com apenas dois textos, ambos críticos ao Intercept. Em seu editorial, o jornal ataca a aprovação do projeto de lei contra abuso de autoridade e destaca que as supostas mensagens hackeadas estão servindo para tentar anular a Lava Jato, em parte ou totalmente. O texto ainda assevera que o certo seria esperar que o fato fosse esclarecido para então utiliza-lo.
Estadão
O Estadão é também possui uma cobertura tímida com apenas dois textos, ambos sobre o caso de Dallagnol.
Folha
A Folha de São Paulo traz sua menor cobertura do escândalo até o momento, com apenas dois textos que citam a Vaza Jato. Uma das reportagens o jornal noticia a recomendação no CNJ para juízes evitarem promotores e advogados nas redes, baseada sobretudo no caso Moro-Dallagnol.
Jornal Nacional
Na edição de 27 de junho do Jornal Nacional, foi ao ar uma matéria (29s) informando que o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu arquivar a investigação do coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, em razão de suas “supostas” conversas, divulgadas pelo site Intercept, com o ex-juiz Sergio Moro e envolvendo outros integrantes da força-tarefa. Segundo o telejornal, o corregedor Orlando Rochadel afirmou que há elementos que apontam para as mensagens terem sido obtidas de forma ilícita e que não há indício de infração funcional nos diálogos. Conforme temos observado, o jornal prossegue dando espaço predominante à defesa da atuação dos agentes envolvidos na operação.
No dia 27 de junho, nenhum post sobre a Vaza Jato alcançou alto volume de compartilhamentos. O bloqueio dos bens do ex-presidente Lula pelo juiz que substituiu Sergio Moro foi o assunto predominante entre os posts do ranking. Cabe ressaltar a forma como essa notícia vem sendo veiculada na rede. As páginas da direita e da grande imprensa – Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, Álvaro Dias e G1 – noticiaram a decisão judicial de modo a induzir o leitor a crer que o ex-presidente tem um patrimônio de R$78mi e não que esta é a reparação mínima de danos imposta correspondente ao total da porcentagem de propina supostamente oferecida pela Odebrecht em razão de oito contratos com a Petrobras. Segundo o post do MBL: “Substituto de Sérgio Moro na Lava Jato bloqueia R$ 78 milhões de Lula”. Mais uma fake news.
Conclusão
Com o caso Lula postergado para agosto, a representação contra Dallagnol arquivada e sem novos vazamentos, a Vaza Jato parece ter perdido espaço na cobertura jornalística e tornou-se um tema com quase nenhum espaço nos jornais.