O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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Vaza Jato nos jornais – 30 de junho

Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)
Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)

As novas mensagens divulgadas pelo The Intercept repercutiram nas edições do vigésimo primeiro dia de Vaza Jato. Também tivemos novas denúncias exclusivas apresentadas pela Folha de S. Paulo contra a Operação Lava Jato, que não fazem referência direta à Moro. Esse novo fato nos levou a alterar o código “Crítico a Moro” para “Crítico a Sérgio Moro/ Lava Jato”, a partir de hoje. A cobertura do dia 30 de junho contou com 15 textos.

O GLOBO

Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)
Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)

O Globo continua apresentando com uma cobertura tímida, com apenas quatro textos. Em sua coluna, Merval Pereira compara a campanha contrária a Moro à reação oligárquica contra a Operação Mãos Limpas na Itália nos anos 1990. Se no caso italiano a reação obteve sucesso, no Brasil Merval acredita que não terá. Em reportagem, o jornal noticia o projeto que cria a figura do juiz das garantias, que voltou a tramitar na Câmara após o episódio envolvendo Moro. Em artigo publicado também neste domingo, Ascânio Seleme elogia Glenn Greenwald pelas reportagens, mas questiona porque Renata Lo Prete não teve o mesmo apoio quando divulgou o Mensalão.

ESTADÃO

Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)
Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)

O Estadão mantém cobertura tímida, com apenas dois textos sobre o tema. Uma reportagem cita a instauração de CPI mista para investigar Fake News que discutirá também a divulgação da troca de mensagens entre Moro e a Lava Jato.

FOLHA

Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)
Número de textos publicados desde o primeiro dia da cobertura do escândalo (10/06/19)

A edição dominical da Folha de São Paulo traz nove textos sobre o escândalo, dentre eles a manchete que destaca nova denúncia: Léo Pinheiro só teria conquistado a confiança dos procuradores da Lava Jato após mudar sua versão dos fatos, o que demorou um ano. O jornal repete o modelo da primeira denúncia, com três textos sobre o fato: uma reportagem falando somente sobre os fatos, uma citando o outro lado da história e uma terceira reportagem que explica o acordo do jornal com o Intercept e apresenta a metodologia da pesquisa. Em outra reportagem, o jornal discute as manifestações convocadas para este domingo, organizadas por grupos como o MBL, que defendem Moro e Dallagnol. Em artigo de opinião, Janio Freitas critica a reativação da Operação Abafa, que tenta proteger Moro e Dallagnol das consequências legais de seu comportamento delituoso na Lava Jato.

JORNAL NACIONAL

Com a divulgação de mais conversas ontem (29/6) pelo Intercept, o Jornal Nacional veiculou longa matéria (11m8s) sobre o episódio. O telejornal citou e explicou trechos dos chats divulgados pela agência, mas, citando o site Antagonista, deu destaque predominante a diferenças na apresentação do diálogo, como o fato de o nome de um dos procuradores ter aparecido seguido de sobrenome na prévia e apenas o primeiro nome na veiculação completa da matéria, e a correção do ano em que uma das mensagens foi enviada. O jornal explorou fartamente esse ponto inserindo vozes de uma procuradora citada nas mensagens, do ex-juiz Sérgio Moro, da força-tarefa da Operação Lava-Jato e da Associação Nacional dos Procuradores da República, argumentando, de modo geral, a ilegitimidade, a obtenção criminosa e a possibilidade de edição do material. Desta vez, apresentou a resposta de Glenn Greenwald como única voz de crítica à relação exposta entre ex-juiz e Ministério Público no âmbito da Operação Lava-Jato.

FACEBOOK

A Vaza Jato foi tema de três dos dez posts mais compartilhado do dia 29 de junho. No post que liderou a lista, que atingiu 30 mil compartilhamentos em um dia, o Movimento Brasil Livre, por meio de meme, criticou o Intercept Brasil, enumerando uma série de elementos supostamente contraditórios dentre as informações reveladas, na tentativa de desacreditar as denúncias. Em contrapartida, a Revista Veja noticiou os novos diálogos, publicados na madrugada do sábado, nos quais procuradores da Lava Jato repudiam as condutas de Moro enquanto juiz, afirmando ser ele “inquisitivo”, que “viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”. Este post alcançou 10 mil compartilhamentos. Por fim, tivemos outro post da Veja que reproduzia resposta de Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan acerca da sugestão da Ordem dos Advogados do Brasil de afastamento de Moro devido aos vazamentos. O presidente saiu em defesa do ministro e respondeu: “Para que serve essa Ordem dos Advogados do Brasil a não ser para defender quem está à margem da lei?”.

CONCLUSÃO

As novas mensagens sobre Sérgio Moro reativaram a cobertura da Vaza Jato, mesmo que timidamente. As novíssimas denúncias publicadas pela Folha S.Paulo, que agora atingem diretamente o trabalho dos procuradores da Operação Lava Jato, colocam em xeque a própria denúncia feita pelo Ministério Público contra Lula. Enquanto isso, o Jornal Nacional intensifica o apoio a Moro e à Lava Jato, ora omitindo o escândalo do noticiário, ora adotando práticas de apresentação das notícias que são explícita manipulação.

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