Vaza Jato nos jornais – 11 de julho
Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.
O dia seguinte à aprovação da Reforma da Previdência foi também o dia com a menor cobertura sobre a Vaza Jato até o momento, com apenas seis textos sobre o escândalo. Sem novas denúncias ou informações, as mensagens vazadas foram citadas sobretudo nos textos sobre a aprovação do pacote anticrime de Sérgio Moro na CCJ do Senado Federal.
O GLOBO
O Globo continuou com uma cobertura acanhada, com apenas um texto sobre o assunto. Em coluna, Carlos Alberto Sardenberg reconta a história do Mensalão para defender a Operação Lava Jato, que não seria uma armação para tirar Lula da política, como o economista afirma que alguns dizem. Para Sardenberg, a Lava Jato exagerou, mas era necessário para “pegar esse bando de ladrões ilustres e poderosos”.
ESTADÃO
O Estadão também apresenta apenas um texto que cita a Vaza Jato em sua edição diária. O jornal relembra as denúncias do Intercept em reportagem sobre a aprovação na Comissão de Constituição de Justiça do Senado de projeto de lei que torna o caixa 2 crime, parte do pacote proposto por Sérgio Moro.
FOLHA
A Folha reduz sua cobertura diária, mas continua com o maior número de textos que citam o escândalo, comparada com seus pares: são quatro. Em artigo de opinião, Maria Hermínia Tavares destrincha a pesquisa Datafolha e demonstra haver uma parcela importante da sociedade para a qual Moro pode sim cruzar a linha da legalidade para lutar contra a velha política e a corrupção. Em reportagem, o jornal destaca o pedido do procurador do Ministério Público, Lucas Furtado, para que o TCU determine a imediata suspensão de qualquer investigação que exista sobre o jornalista Glenn Greenwald, até que os motivos para tal investigação fiquem claros. O diário também cita os vazamentos na reportagem sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro indicar um ministro do STF ‘terrivelmente evangélico’, destacando que a afirmação não foi bem recebida pela equipe de Moro que receia que as mensagens do Intercept estejam desgastando a imagem do ministro.
JORNAL NACIONAL
Não houve menção à Vaza Jato na edição de ontem (11/07) do Jornal Nacional.
Devido à votação da Reforma da Previdência na Câmara e ao falecimento do jornalista Paulo Henrique Amorim, não houve posts entre os mais compartilhados que tratassem dos vazamentos do Intercept em 10 de julho.
CONCLUSÃO
Com a aprovação da Reforma da Previdência e sem novas denúncias, a Vaza Jato perdeu espaço na cobertura. O grupo Globo decidiu excluir os vazamentos de suas reportagens, restando somente espaço em textos de colunistas. O Estadão, por sua vez, relembrou as mensagens quando discutiu a aprovação do pacote de Moro no Senado. A Folha, por sua vez, destacou os possíveis reflexos das reportagens do Intercept nas pretensões que alimenta Moro de tornar-se ministro do STF. Dado o investimento de meses dos diários na pauta da Reforma da Previdência, era de se esperar que, no dia da sua votação na Câmara dos Deputados, outros assuntos, como a Vaza Jato, perdessem espaço na cobertura.