Vaza Jato nos jornais – 17 de julho
Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr.
O trigésimo oitavo dia de Vaza Jato trouxe o maior número de textos desde 6 de julho, 17 no total. A reunião entre Raquel Dodge e a Lava Jato, o tuíte de Sérgio Moro criticando as denúncias contra ele e a abertura de investigação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra Deltan Dallagnol foram os temas que impulsionaram a cobertura do dia.
O GLOBO
O Globo manteve sua cobertura acanhada sobre a Vaza Jato, com cinco textos sobre o escândalo. Em sua coluna diária, Merval Pereira se opõe à utilização pelo CNMP das mensagens vazadas pelo Intercept – que teriam sido obtidas ilegalmente – para investigar as palestras proferidas por Dallagnol, acatando pedido feito pelo PT. Elio Gaspari critica Dallagnol e sua proposta de criar uma empresa para gerir suas palestras. Por sua vez, Bernardo Mello Franco chama atenção para o fato de Moro ter saído de seu período de férias para acusar os vazamentos de serem “campanha contra a Lava Jato e a favor da corrupção”. O jornalista chega a comparar o discurso enganoso do ex-juiz aos utilizados por políticos que ele julgou.
ESTADÃO
O Estadão continuou com sua cobertura tímida, com apenas dois textos. Em reportagem, o diário cita a reunião entre Raquel Dodge e Dallagnol, destacando o afago institucional que a PGR fez à Lava Jato em nota oficial. O Estadão também noticia a abertura de processo no CNMP contra Dallagnol.
FOLHA
A Folha mais uma vez ultrapassa seus pares, com dez textos sobre o escândalo, sete deles críticos a Moro ou à Lava Jato. Em artigo de opinião, Fernanda Mena afirma que as mensagens vazadas expõe que Dallagnol e Moro extrapolaram suas funções a partir de convicções e desejos pessoais. Bruno Boghossian, por sua vez, critica o tuíte de Moro contra a divulgação de conversas da Lava Jato, afirmando que o ex-juiz demonstra não aceitar questionamentos à sua atuação.
JORNAL NACIONAL
A edição de ontem (16/7) do Jornal Nacional incluiu uma matéria (2m44s) sobre a reunião da PGR, Raquel Dodge, com procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato. O JN cita trechos da nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República após a reunião, reforçando seu apoio à operação. A repórter menciona rapidamente na matéria que a referida reunião ocorreu após a divulgação pelo Intercept de mensagens trocadas entre os procuradores e, em seguida, reproduz a fala de Dallagnol agradecendo à PGR e reafirmando que a ética não foi ultrapassada na atuação da força-tarefa. Terminando a matéria, a repórter informou que o procurador José Alfredo de Paula, que coordenava a Lava Jato na PGR, deixou o posto e apontou como possível motivo que estivesse insatisfeito com o ritmo das investigações e com a demora de Dodge em se pronunciar dando apoio aos procuradores após o vazamento das mensagens.
O JN mais uma vez deu voz à defesa da operação, mas deixou de noticiar os vazamentos em si (como a articulação de vazamento para a oposição venezuelana, o áudio de Dallagnol e as mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol sobre relação com o ministro do STF Luís Roberto Barroso).
No dia 16 de julho, não tivemos posts relacionados à Vaza jato entre os mais compartilhados. Os assuntos que obtiveram maior repercussão na rede foram a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de suspender todas as investigações em curso contra o senador Flávio Bolsonaro com base nas informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Fisco e do Banco Central, e o rompimento, por parte da Ministério da Saúde, dos contratos firmados com laboratórios de produção de remédios que eram distribuídos gratuitamente para a população.
CONCLUSÃO
A Vaza Jato mas uma vez voltou a ser centro da atenção da cobertura nas edições de hoje. Apesar de não termos novos vazamentos, as repercussões institucionais devem continuar a se desenrolar nos próximos dias. Contudo, é Importante notar que os jornais e o JN ignoraram totalmente as novas revelações de Reinaldo Azevedo na Bandnews sobre a relação entre o ministro Roberto Barroso, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.