O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

Parceria

Boletim editorial 16

No período de 27 de novembro a 3 de dezembro, os editoriais da grande imprensa abordaram as temáticas listadas na Figura 1.

Por Juliana Gagliardi, Eduardo Barbabela, Lidiane Vieira e João Feres Júnior

No período de 27 de novembro a 3 de dezembro, os editoriais da grande imprensa[1] abordaram as temáticas listadas na Figura 1. Consideramos, para análise mais específica em nosso boletim, a temática presente simultaneamente nos três jornais que, nesta semana, foi apenas o resultado das eleições uruguaias.[2] Dada a gravidade do evento, incluímos também nesta edição as abordagens à ação da PM em Paraisópolis que, tendo ocorrido no corte da data deste boletim, apareceu no terceiro jornal apenas no dia 4 de dezembro.[3]

A Figura 2 apresenta, a título de acompanhamento, a posição dos editoriais sobre o presidente Bolsonaro.

Figura 1: Temáticas presentes nos editoriais (27/11 a 3/12/2019)

 

Uruguai (eleições). O resultado das eleições uruguaias, nas quais foi eleito, em vitória apertada, o candidato de oposição Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, foram tema presente nos três jornais que monitoramos. O Globo focou sua análise no desafio que o novo presidente terá para negociar decisões no Legislativo e lidar com superficialidade dos compromissos de sua coalizão.[4] Os dois jornais de São Paulo reconheceram os resultados expressivos e os benefícios dos governos anteriores, de esquerda e depositam no novo presidente a função de unir o país. OESP menciona a redução da pobreza, o aumento do salário mínimo e o crescimento do Uruguai, mas argumenta que havia desgastes, tanto na recepção à agenda progressista, quanto em decorrência da desaceleração da economia, e destaca a expectativa de que Lacalle Pou una os uruguaios.[5] A FSP argumenta que, embora tenham trazido benefícios, os governo anteriores sofreram desgaste nos campos da economia e da violência urbana, e destaca a “atitude conciliadora”, o “espírito de tolerância e a “civilidade” do novo presidente.[6]

 

Paraisópolis (ação da PM). O episódio em que ação policial resultou em nove civis mortos no bairro Paraisópolis, em São Paulo, também foi abordado nos editoriais dos três jornais. OESP critica o governo do Estado de São Paulo e a polícia que realizou ação consciente da ocorrência de um baile funk no bairro, e atuou de forma disfuncional, com o uso exorbitante da violência, sem motivo e sem objetivo plausíveis.[7] O Globo aborda a “tragédia” com foco na polícia e argumenta que o que aconteceu expõe o seu despreparo. Assim como a FSP, o jornal carioca afirma que episódios como esse “mostram o equívoco do projeto de excludente de ilicitude proposto pelo presidente”. Também de forma semelhante à FSP, O Globo lamenta que os “governadores dos dois maiores estados do país, João Doria (SP) e Wilson Witzel (RJ), sigam a linha bolsonarista de enfrentamento do crime a qualquer custo, sem medir as consequências.”[8] Em intensa crítica, a FSP foca no governador João Doria (PSDB) por suas manifestações após a ação “catastrófica” da PM. A FSP também critica a ação da polícia que ilustra “cenas de espancamento selvagem e gratuito de moças e rapazes” que circulam nas redes, enquanto não há evidência perseguição a motociclistas que teriam disparado armas de fogo na versão dos policiais. Para a Folha, “policiais militares se sentem autorizados a surrar e a atirar a esmo em ambientes de pobreza, coisa que não praticam em bairros nobres, porque governadores como Doria e Wilson Witzel (PSL-RJ) estão sempre prontos a contemporizar com a violência policial”.[9]

Figura 2: Valências da abordagem a Jair Bolsonaro nos editoriais (27/11 a 3/12/2019)

 

[1] Para este boletim, consideramos 49 editoriais publicados por Folha de S. Paulo (FSP), O Estado de S. Paulo (OESP) e O Globo.

[2] Outros dez temas ficaram fora do ranking, mas foram abordados centralmente por editoriais de dois jornais cada na última semana: críticas a Bolsonaro pelo recuo nas reformas (O Globo e OESP); Paulo Guedes e a menção ao AI-5 (O Globo e OESP); críticas às medidas de Trump (O Globo e OESP); Amazônia (O Globo e OESP); gestão da educação (FSP e O Globo); intervenção federal em terras rurais (FSP e OESP); julgamento do sigilo fiscal pelo STF (O Globo e OESP); política sul-americana (FSP e O Globo); cheque especial (FSP e OESP); alta do dólar (FSP e OESP).

[3] Embora incluído na redação, o dia 4 de dezembro não foi considerado nas figuras deste boletim.

[4] Lacalle Pou precisa unir o Uruguai e negociar cada decisão no Legislativo, O Globo, 29/11/2019.

[5] Novos ventos no Uruguai, OESP, 30/11/2019.

[6] Paz uruguaia, FSP, 3/12/2019.

[7] Violência inaceitável, OESP, 3/12/2019.

[8] Tragédia em favela de Paraisópolis expõe despreparo das polícias, O Globo, 3/12/2019.

[9] Os 9 de Paraisópolis, FSP, 4/12/2019.

Apoie o Manchetômetro

Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

Para cumprirmos nossa missão, é fundamental que continuemos funcionando com autonomia e independência. Daí procurarmos fontes coletivas de financiamento.

Conheça mais o projeto e colabore: https://benfeitoria.com/manchetometro

Compartilhe nossas postagens e o link da campanha nas suas redes sociais.

Seu apoio conta muito!