De 1° a 15 de julho de 2021
Entre os dias 1 e 15 de julho, as 849 páginas monitoradas por nós geraram mais de 17 de milhões de compartilhamentos, quantidade muito superior a dos últimos relatórios, que rondaram os 10 milhões.
No gráfico de posts por dia, verifica-se maior atividade na rede nos dias 13, 14 e 15, que coincidem com as últimas sessões da CPI da Covid no Senado antes do recesso parlamentar, além da internação hospitalar do presidente Jair Bolsonaro, no dia 14, e da aprovação do Fundo Eleitoral de R$5,7 bilhões pela Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputados, no dia 15.
Com relação aos recursos utilizados nas publicações, como de costume, destaca-se o uso de imagens, representando mais de 40% das inserções, quando somadas fotos e álbuns, seguido por links, vídeos e status.
As páginas de mídia apresentaram a maior média de publicações no período, seguidas pelas de instituições e organizações, e personagens políticos, respectivamente.
Entretanto, o gráfico de engajamento por página mostra que os posts dos personagens políticos são o que mais incitaram interações no Facebook. Assim, o presidente Jair Bolsonaro aparece como líder de engajamento nesta quinzena, acompanhando no ranking da presença de quatro deputados e deputadas do PSL, do ex-presidente Lula e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ). Apenas duas páginas de mídia, uma tradicional e uma alternativa, aparecem neste gráfico, além de um movimento social alinhado ao governo, corroborando o diagnóstico de relatórios anteriores sobre o melhor desempenho de páginas bolsonaristas na rede.
A partir da nuvem de palavras, observamos que o debate no período teve como temas centrais a CPI da Covid, a discussão da PEC 135/2019, sobre um comprovante físico do voto nas eleições, e os protestos em Cuba. Já entre os personagens mais referenciados nas postagens temos o presidente Jair Messias Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
No período analisado, o presidente Bolsonaro foi responsável por oito das dez publicações mais compartilhadas. Na primeira colocada, critica a CPI da Covid, utilizando-se de um vídeo de Alexandre Garcia afirmando que não há corrupção no governo, ao mesmo tempo que acusa governos anteriores de tal prática. Em outro post, condena a declaração do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD/AM), em relação à existência de corrupção nas Forças Armadas. Bolsonaro defendeu também a proposta do ‘voto auditável’. Nesses posts, utilizou-se de uma reportagem do início dos anos 2000, do Jornal da Band, quando as urnas eletrônicas começaram a ser implementadas no país, para alegar que são passíveis de fraude, além de um vídeo no qual defende o voto impresso, criticando os ministros do STF e o fato de Lula estar elegível para o que se refere como “eleições fraudulentas em 2022”. Bolsonaro trouxe ainda imagens de confronto atribuídas às manifestações contra seu governo no dia 3 de julho, acusando seus opositores de quererem voltar ao poder através de fraude eleitoral.
Bolsonaro comparou também em seus posts os ‘valores tradicionais’ com aqueles da chamada geração Z, a qual considera ‘cheia de mimimi’ , divulgou obras nas rodovias do país, e seu Telegram com notícias do presidente. Por fim, outras publicações relevantes foram dos deputados André Janones (AVANTE/MG), que critica o Ministro da Economia, Paulo Guedes, e de Bibo Nunes (PSL/RS), que criticou os opositores das motociatas de Bolsonaro no Rio Grande do Sul.
Entre as instituições e organizações, destaca-se a página Somos todos Bolsonaro, que apresenta taxa de interação seis vezes maior que a média das páginas da categoria. Tiveram expressivo desempenho também as páginas de movimentos sociais como MBL e Vem Pra Rua. Ambas fizeram amplo apelo à população e convocaram aos protestos contra o presidente Bolsonaro, marcados para 12 de setembro. Entre os partidos políticos, o PT é o único a aparecer no ranking, com fortes críticas ao presidente e foco nos protestos, em especial os ocorridos em 3 de julho e 24 de julho.
Entre as páginas de mídia, Quebrando o Tabu apresenta mais de catorze vezes a média de interação da categoria. O desempenho das páginas do grupo Globo (G1, TV Globo e Jornal Nacional) chama a atenção entre as páginas de mídia tradicional, enquanto entre as de mídia alternativa, observa-se a presença no gráfico de páginas com posicionamento tanto à esquerda quanto à direita. Cabe ressaltar que a presença do Portal R7, desta vez, não é acompanhada de sua associada, a Record TV, como ocorreu em quinzenas anteriores.
Em relação aos personagens políticos, o presidente Jair Bolsonaro apresenta uma taxa de interação quase oitenta vezes maior que média da categoria e três vezes maior do que a do segundo colocado, André Janones. Assim como visto no ranking de engajamento, as páginas de deputados aliados ao presidente, além do exceção do ex-presidente Lula, obtiveram as maiores taxas de interação. Contudo, insere-se nesta lista a página do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, cujos posts focaram na divulgação das obras realizadas no país pelo governo federal.
No gráfico das páginas de mídia tradicional, destaca-se a página do G1, com engajamento quase três vezes maior que sua associada e segunda posição, a TV Globo. Renderam muitos engajamentos às páginas de mídia a notícia e os vídeos das agressões do DJ Ivis à sua ex-esposa, Pamella Holanda.
Porém, a publicação mais compartilhada entre esse grupo foi da BBC News, com uma matéria sobre os protestos de 11 de julho em Cuba, que privilegia as reclamações dos manifestantes sobre as condições econômicas, sociais e sanitárias no país, enquanto o governo atribui a dificuldade econômica ao embargo estadunidense e aponta o movimento como uma campanha midiática.
O segundo post mais compartilhado foi da Record TV, sem cunho político. Trata-se do vídeo de uma bebê repetindo palavras difíceis de pronunciar que viralizou na internet.
Dentre as páginas de mídia alternativa, a página Quebrando o Tabu sobressaiu, com engajamento quatro vezes maior que o segunda colocada, Mídia Ninja. Os dois posts mais compartilhados foram da líder do ranking, Quebrando o Tabu.
O primeiro post satiriza o apresentador dos programas Alerta Amazonas e Alerta Nacional, Siqueira Júnior, criticando suas falas de cunho preconceituoso e homofóbico em relação a uma propaganda da rede Burger King, que exibia crianças falando da causa LGBTQ+. O segundo post é um vídeo compilado de falas da série ‘Coisa mais linda’. A série retrata casos de machismo, racismo e violência doméstica na década de 1950. Embora as falas remetam a situações vivenciadas décadas atrás, o vídeo enfatiza a atualidade da discussão.
Entre as páginas de movimentos sociais e sindicatos, Somos todos Bolsonaro figura como líder de engajamento, com desempenho seis vezes superior ao do segundo colocado, o Movimento Brasil Livre (MBL).
De modo oposto, a publicação mais compartilhada foi do MBL, com um vídeo de trecho da CPI da Covid, transmitido pela CNN Brasil, do momento em que o seu presidente, Omar Aziz, dá ordem de prisão ao depoente Roberto Dias, ex-diretor do departamento de logística do Ministério da Saúde. O vídeo é seguido pela fala de Renato Battista, do MBL, criticando o governo Bolsonaro pela gestão da pandemia e pelas denúncias de irregularidades identificadas pela CPI. O segundo post foi da página Somos todos Bolsonaro, que reproduz uma imagem contendo a frase “Cada um vota de acordo com seu caráter. Eu não voto em ladrão”.
No gráfico dos partidos políticos, o PT lidera com mais que o dobro de engajamento do segundo colocado, o Partido Novo. Entretanto, a publicação mais compartilhada da categoria foi do PSOL, com um vídeo das manifestações na Avenida Paulista contra Jair Bolsonaro, realizadas em 3 de julho. A segunda foi do PT, com um vídeo do ex-presidente Lula falando que quem derrotaria o Bolsonaro seria o povo brasileiro, e não ele, o PT ou outro candidato, e que o atual presidente não dá resposta às necessidades dos brasileiros. Enquanto outras publicações mais compartilhadas da categoria também envolvem críticas ao governo federal, majoritariamente por parte do PT, PSOL e PCdoB, o segundo colocado, o Novo, aborda em seus posts a oposição ao que chama de ‘bolsopetismo’, e compara os PIBs per capita de Cuba e Taiwan, atribuindo os números maiores do segundo à sua adesão ao capitalismo.
Entre as páginas de governadores, o líder de engajamento foi João Doria, de São Paulo, que também é responsável pelas duas publicações mais compartilhadas da categoria. A primeira apresenta uma reportagem da Folha de S. Paulo anunciando a vacinação de adolescentes dos 12 aos 17 anos no estado a partir de 23 de agosto, além de divulgar as datas para outras faixas etárias. Na segunda, o governador compartilha um dos seus tweets sobre a aceleração da vacinação no estado, com previsão de oferecer a primeira dose para toda população adulta até 20 de agosto. Doria ressalta, ainda, que a aceleração apenas foi possível devido à compra de 30 milhões de doses da Coronavac.
O segundo colocado, Camilo Santana, do Ceará, apresenta, entre suas publicações mais compartilhadas, diversas ações de seu governo, envolvendo tópicos como a vacinação, a lei para compra de computadores para professores e a distribuição de absorventes íntimos para estudantes da rede estadual.
O gráfico das páginas de prefeitos é o único que não apresenta grande disparidade de engajamento entre o primeiro colocado e os seguintes. O post mais compartilhado da categoria foi de Eduardo Paes, que traz as novas datas de vacinação na cidade do Rio de Janeiro e destaca a aceleração deste calendário. O segundo post foi de Edmilson Rodrigues, e consiste no compartilhamento de um tweet do próprio Rodrigues informando a ampliação nas idades de vacinação em Belém.
Já entre as publicações de David Almeida, líder do ranking, temos uma live de ‘bate papo informal’ com seus seguidores, a divulgação de ações como a revitalização do Passeio do Mindu, a conscientização sobre a necessidade de preservação dos mananciais, e grande foco na vacinação, que aparece em diversos posts.
Entre as páginas de parlamentares, mais uma vez destacam-se os/as deputado/as do PSL, além de três parlamentares do PT. As publicações mais compartilhadas da categoria são as já mencionadas de André Janones (AVANTE/MG), com um vídeo de sua fala na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, em que critica Paulo Guedes, por não cumprir com a promessa de adquirir 1 trilhão com a venda de imóveis, e de Bibo Nunes (PSL/RS), que insinua que as pessoas contrárias à visita de Jair Bolsonaro ao RS poderiam representar uma ameaça ao presidente.
Já a líder do ranking, Carla Zambelli, dedicou-se em seus posts à defesa do presidente sobre as acusações de prevaricação, a questionar as urnas eletrônicas e em ataques à mídia e à esquerda, como de costume.
As reações às publicações mais compartilhadas por subcategoria trazem informações relevantes. O post que mais gerou “ameis” e risos foi o da página Quebrando o Tabu, que criticou as ações LGBTfóbicas do apresentador Siqueira Júnior. Já a publicação do MBL sobre a prisão de Roberto Dias na CPI da Covid e com críticas ao governo, foi a que a mais incitou reações de raiva. Tais reações sugerem que pessoas com posicionamentos distintos aos dessas páginas, e provavelmente apoiadoras do governo, têm acompanhado e se manifestado mediante essas publicações críticas. Por fim, os corações obtidos pelas páginas de prefeitos e governadores com posts sobre o avanço da vacinação no país revela a ampla adesão e apoio dos brasileiros à imunização.
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