De 1° a 15 de agosto de 2021
Durante a quinzena de 1 e 15 de agosto de 2021 das 852 páginas analisadas, 797 tiveram interações. Em comparação com período anterior, o número de compartilhamentos foi menor, apresentou uma queda de 8%. Em contrapartida, o conteúdo publicado provocou um crescimento no número de comentários de 16,5%.
Entre os dias 10 a 13 de agosto, note-se uma quantidade maior de publicações, acima de 4 mil, quando a média diária foi de 3.196 posts nesta quinzena. Esse aumento de posts foi motivado por alguns eventos importantes como, por exemplo, a votação na Câmara dos Deputados da PEC ‘do Voto Impresso’, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), e sua repercussão após a não aprovação e consequentemente o arquivamento da proposta, que tinha claro e total apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Sobre os recursos usados, mantém-se o uso de foto como grande favorito. A utilização deste recurso visual favorece, muitas vezes, a melhor difusão de conteúdo, ao contrário dos textos ou dos vídeos mais longos e que demandam mais atenção, além da necessidade de áudio/som por parte do usuário.
O uso de link (33%) também se configura como um importante recurso, principalmente para os veículos de comunicação, sobretudo para as mídias tradicionais, que redireciona os usuários para seus próprios canais na internet (sites/portais).
Já o vídeo (21%) tem sido um recurso muito utilizado por personagens políticos, responsáveis por 68% de todos os vídeos (filmes ou lives) publicados nesta quinzena.
A nuvem de palavras deste período aponta para algumas temáticas que repercutiram na rede, a partir da grande volume de termos, como voto impresso e auditável, Sistema Eleitoral, CPI, Eleições, TSE, Urnas Eletrônicas, Câmara, Ministros, Lula e STF. Observa-se nesses destaques o contínuo desempenho do governo Bolsonaro em pautar o debate público no Facebook, todavia, a CPI, por exemplo, ainda é presente. Já questões relacionadas à pandemia parecem perder força, não aparecendo em evidência, por exemplo, a palavra Vacina entre os 1000 posts mais compartilhados.
No Ranking dos posts mais compartilhados, Jair Messias Bolsonaro (SEM PARTIDO) aparece em cinco das 10 posições no ranking (1º, 4º, 5º, 7º e 8º lugar). Suas publicações versam, sobretudo, em torno da temática do voto impresso com acusações de fraude nas eleições com uso da urna eletrônica, visando sua participação nas próximas eleições de 2022, além de propagar imagens e vídeos de eventos com apoiadores, onde ele faz críticas sobre a atuação de instituições como o STF, Banco Central e BNDES, chama o ex-presidente Lula de ladrão e ainda diz que “é fácil ser comunista em um país livre, difícil é ser livre em um país comunista”, insinuando que o Brasil é um país comunista.
A segunda postagem mais compartilhada é de autoria de Carlos Jordy (PSL-RJ). Em vídeo, o deputado, por um lado, usa imagens de membros do PT para ataca-los com acusações de corrupção e de cunho moral e, de outro, busca enaltecer as ações do Bolsonaro dizendo que o presidente é honesto e temente à Deus.
A página do MBL aparece em 3º lugar entre os posts mais compartilhados. O mote adotado pelo movimento em sua narrativa é o temor pelo possível retorno do PT à presidência da república, onde procuram condenar o ex-presidente Lula por diversos atos e ainda afirmam que o PT “irá financiar ditaduras comunistas” caso volte ao poder.
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) ocupa duas posições no ranking (6ª e 9ª) fazendo coro ao discurso do presidente sobre o voto impresso. Nelas faz uso de vídeo do jornalista Alexandre Garcia e outro de sua autoria, ambos favoráveis ao voto impresso e em defesa das mudanças nas regras do sistema eleitoral.
O décimo lugar ficou por conta de uma postagem do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que reproduz um tuíte do bolsonarista Allan do Santos criticando o presidente do TSE, Luís Barroso e a imprensa.
Relativo à média da quantidade de posts por página/categoria, as mídias aparecem como sendo as maiores produtoras de conteúdo frente às instituições e personagens políticos. Estas páginas produzem sete vezes mais que a média da amostra total. No entanto, as páginas dos personagens políticos, que têm a menor média de publicação, são as que conseguem maior engajamento do público. Nesta quinzena, juntas as páginas desta categoria obtiveram 68.653.335 engajamentos, contra 20.336.988 e 4.748.239 das mídias e instituições respectivamente.
Entre as Instituições e Organizações, destaca-se no quesito taxa de interação (TxI) a página Somos todos Bolsonaro. A recorrência desta página no topo deste ranking demonstra que o presidente possui apoiadores engajados na rede, todavia a diferença desta para as duas páginas seguintes, MBL e Vem Pra Rua Brasil, que são de oposição ao presidente, não é tão grande. Pautados pela narrativa do “Brasil livre da corrupção” estes dois movimentos vem usando a rede para difundir ideias liberais e para mobilizar a sociedade civil em torno destas questões. No gráfico destacam-se ainda páginas de instituições e órgãos do Governo Federal, como Planalto, Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Senado Federal e Política Federal, que tem tido sucesso nas interações de seus posts.
Na categoria Mídias, a maior parte dos integrantes se alternaram em suas posições, mantendo-se no topo a página Quebrando o Tabu com a maior taxa de interação. Nesse enquadramento, as Mídias alternativas dividem igualmente o número de posições com as Mídias tradicionais o que demonstra um desempenho positivo na rede. A novidade nesta quinzena, foi a página Canal de Direita, bolsonarista, que alcançou uma TxI relevante a ponto de derrubar do ranking a página BBC News Brasil, canal da mídia tradicional.
Em relação aos personagens políticos, a página de Jair Messias Bolsonaro mantem-se em primeiro lugar, obtendo uma txI três vezes maior que o segundo colocado, o deputado André Janones (AVANTE-MG). Em seguida, deputados do PSL e de partidos da base governista seguem presentes. A novidade neste quadro ficou por conta do Deputado Boca Aberta (PROS-PR), tido por alguns colegas na Câmara como uma ‘figura folclórica’, obteve bom desempenho na rede, marcadamente ao postar sobre uma abordagem policial em sua própria casa e a despeito do desfile de tanques de guerra do Exército em Brasília. Deixa de aparecer, no entanto, no ranking desta quinzena, a página do ex-presidente Lula.
Na gráfico das páginas com mais compartilhamentos, as de personagens da direita/extrema-direita são maioria. A de Jair Bolsonaro (SEM PARTIDO) aparece em primeiro, sendo seguido até o 6º lugar por páginas de deputados/as do PSL – eleitos ‘na onda’ de Bolsonaro. O partido tem, desde 2018, a segunda maior bancada na Câmara do Deputados, perdendo apenas para o PT, que aparece neste ranking somente com a deputada federal Gleisi Hoffmann no décimo lugar e ainda com o Senador Humberto Costa em sétimo.
Além desses parlamentares, as páginas das mídias Quebrando o Tabu e G1 também destacam-se no ranking em 8º e 9º lugar respectivamente, sendo os únicos meios de comunicação que se aproximam em número de compartilhamentos dos personagens políticos.
Nas Páginas com maior engajamento na subcategoria Partidos Políticos, o PT continua se destacando em primeiro lugar, assim como nas demais quinzenas do ano. Em seguida, ressaltamos o desempenho do PODEMOS, que cresceu 189% em relação ao relatório anterior e ocupa a segunda posição neste período. Perderem lugar, entre os dez partidos com maior engajamento, o PROGRESSISTAS e o PCB, e ganharam posição o PCO e o PDT, estes mesmo com baixo número de interações se comparado aos primeiros lugares.
No Ranking por subcategoria dos posts com maior engajamento, os partidos políticos que obtiveram os dois melhores desempenhos foram o PTB e o PT, nesta ordem. A assunto do post que mais se destacou girou em torno da prisão do presidente do partido e ex-deputado, Roberto Jefferson (13/8), por determinação do STF. Já o segundo post, anunciava o lançamento do “primeiro programa político, de mulher pra mulher, na tvPT”, um canal de notícia diário que será veiculado no YouTube.
Entre as Páginas com maior engajamento na subcategoria dos Parlamentares, novamente, a maioria é de bolsonaristas, membros do PSL. A página da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), apesar de ter apresentado uma queda de 4% no número de engajamentos com relação ao período anterior, manteve-se na frente de seus colegas. Bia Kicis (PSL-DF), autora da PEC do voto impresso, cresceu 14% e ultrapassou Felipe Barros (PSL-PR), conquistando assim o segundo lugar. As outras posições, se comparadas à quinzena anterior, foram alternadas entre os demais parlamentares, exceto pela chegada de André Janones (AVANTE-MG), que alcançou o 8º lugar e pela saída do deputado e presidente da comissão especial da Câmara sobre a PEC 135/19 (voto impresso), Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que tinha a décima posição nessa classificação.
Observado o Ranking por subcategoria dos posts com maior engajamento, as publicações dos parlamentares que melhor repercutiram foram produzidos, nesta ordem, pelos deputados Carlos Jordy e Boca Aberta e já comentados neste relatório.
O gráfico das Páginas com maior engajamento na subcategoria Prefeitos, mantiveram-se entre os melhores os mesmos personagens da quinzena anterior, com alteração de posição e de desempenho entre eles. Rafael Greca (DEM-PR) ganhou o posto de nº1 após David Almeida (AVANTE-AM) perder 46% de engajamentos com relação a última quinzena. Também houve baixa no desempenho dos prefeitos Eduardo Paes (PSD-RJ) e Sebastião Melo (MDB-RS), ambos caíram em 65% na somatória de engajamentos cada um.
No que se refere ao Ranking por subcategoria dos posts com maior engajamento, entre os prefeitos, Alexandre Kalil (PSD-MG) conseguiu o maior número de engajamentos com o único post dele publicado no período. Nele, o prefeito publicou uma foto ao lado de seus três filhos seguida da frase “Feliz dia dos pais”. David Almeida (AVANTE-AM), segundo post com mais engajamento, também fez circular um momento familiar, em vídeo, cantou ao lado da filha desejando-lhe feliz aniversário.
Entre as Páginas com maior engajamento na subcategoria dos Governadores/as, João Doria (PSDB-SP) se mantém na liderança com 3,4 vezes mais engajamentos que o próximo colocado, o governador do Ceará Camilo Santana (PT-CE). Nesta quinzena, tiveram queda no desempenho Helder Barbalho (MDB-PA), com menos 42% e Eduardo Leite (PSDB-RS), que perdeu 48% de engajamentos com relação ao período anterior (16 a 31/7/2021). Também não conseguiu manter o nível de interatividade o governador Wilson Lima (PSC-AM) e ganha lugar neste espaço Carlos Moisés (PSL-SC).
No Ranking por subcategoria dos 2 posts com maior engajamento, com relação aos Governadores/as, João Dória (PSDB-SP) novamente se sobressai, primeiro ao republicar um tuíte seu criticando a atitude de Bolsonaro frente ao aumento do preço do gás de cozinha e, em segundo, em outro tuíte, ao condenar o desfile de tanques de guerra na Praça do Três Poderes em Brasília.
No gráfico das Páginas com maior engajamento dos Movimentos Sociais e Sindicatos, as três primeiras posições continuam sendo ocupadas pelas mesmas páginas da quinzena anterior. Porém quem mais conseguiu dinamizar sua rede foi a FIES que obteve o maior crescimento, 1047% em relação a segunda quinzena de julho, isso ocorreu sem que a página aumentasse o número de posts (13) publicados no mesmo período e sem pagar impulsionar conteúdo. Neste quadro, quem mais retraiu em desempenho foi a página da UNE, que perdeu 66% da totalidade de suas interações, mas ainda manteve sua posição em 7º lugar. Os demais deslocaram-se entre si.
Com relação às duas mensagens dos Movimentos Sociais/Sindicatos no Ranking por subcategoria dos posts com maior engajamento, o MBL e Somos Todos Bolsonaro marcaram presença. O primeiro com conteúdo sobre o temor da volta de Lula, já anunciado neste relatório e o segundo fez coro ao discurso do presidente sobre a defesa do voto impresso.
Em um cenário pandêmico em que cresce a busca por notícias em veículos tradicionais, o gráfico das Páginas com maior engajamento na subcategoria Mídias Tradicionais, demonstra que mais uma vez veículos do grupo Globo seguem com o melhor desempenho, mantendo-se nas duas primeiras colocações. Apesar de terem diminuído o nº de engajamentos em 11% e 8% respectivamente, juntos somam mais de 6 milhões de engajamento, ficando ainda bem à frente dos canais do grupo Record, que ocupam o 3º e o 4º lugar. Ainda com relação a quinzena anterior, ganharam posição Correio Braziliense e a CNN Brasil, enquanto El País Brasil e Uol foram deslocados para fora desta classificação.
A publicação número 1 no Ranking por subcategoria dos 2 posts com maior engajamento, na subcategoria Mídias Tradicionais, foi do G1 com a notícia da medalha de ouro nas olimpíadas da ginasta Rebeca Andrade. O segundo posts foi da Record TV com a notícia da morte de um jovem alvo de haters (pessoas que atacam com ódio nas redes).
Dentre as Páginas com maior engajamento das Mídias alternativas, os três primeiros lugares se mantiveram, ainda que tenham diminuído o número de engajamento em 33%, 34% e 41% respectivamente, em comparação à quinzena anterior. Diário do Centro do Mundo e BuzzFeed Brasil também permaneceram nas mesmas posições. As demais página variaram entre si, exceto pela volta para o quadro da página Pragmatismo Político e a saída do Jornal GGN.
Os dois posts que se destacaram no Ranking por subcategoria dos posts com maior engajamento na subcategoria Mídias Alternativas são da página Quebrando o Tabu. A postagem vencedora foi a replicação de um vídeo que viralizou na internet de uma conversa entre avó e neta sobre a Covid, nele a neta diz (brincando) que irá tomar ivermectina e por isso não precisa da vacina, a vó reprova e pergunta para quê a neta está estudando, ‘Pra ser orelhuda?”. Já a segunda postagem mostra o medalhista olímpico Tom Daley (Inglaterra) fazendo tricô enquanto espera a sua vez de saltar na piscina. O tom era de que o machismo não tem mais espaço.
As diferentes reações (Gosto, Amei, Surpresa, Riso, Tristeza ou Raiva) do público ao conteúdo publicado demonstra que eles estão mais engajados além de, por exemplo, refletir a empatia ou a falta dela por determinados temas. Neste sentido podemos ver nos posts com maior engajamento por subcategoria que reação mais usada, além do ‘gosto’ – que sempre predomina pela facilidade e é quase automático para os seguidores da página, foi ‘amei’, especificamente nas postagens das mídias Quebrando o Tabu (40%) e Tv Globo (37%) e que, por sua vez, faziam referência à atletas medalhistas nos jogos olímpicos de Tóquio.
Outra reação que se também marcou foi a ‘tristeza’, impulsionada pela notícia da Record TV sobre a morte de um jovem supostamente por causa de haters, representando 50% das reações deste post e 10% do total da amostra.
Resumidamente podemos perceber uma forte atuação política na rede a despeito da possibilidade do retorno de Lula à presidência da República, conteúdo negativo difundido particularmente por atores contrários a ele, da direita e extrema direita. Outro tema que também tomou conta da pauta na rede foi a proposta do voto impresso, defendida fortemente pela base bolsonarista, mas que foi arquivada na Câmara do Deputados. Em paralelo, as questões em torno da pandemia e da crise econômica vivida pelo país parecerem perder relevância entre os atores com melhor desempenho neste ambiente digital. E ainda o gosto pelos esportes, marcadamente por causa das Olimpíadas de Tóquio, por outro lado, quebrou a rotina de temas ‘depressivos’, que vinham ocupando quase todo o debate público, o que motivou de forma mais positiva as interações na rede.
Você pode baixar nosso relatório, clicando aqui.