O Manchetômetro é um site de acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP). O LEMEP tem registro no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e é sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O Manchetômetro não tem filiação com partidos ou grupos econômicos.

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DONI # 39 – 20 a 26 de Janeiro de 2024

No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais nas capas e nas páginas 2 e 3 dos jornais Folha de São Paulo, O Globo e Estado de São Paulo. Consideramos na análise textos que citaram o Governo Federal ou algum de seus representantes, sejam eles pessoas físicas ou instituições. Textos que citam, por exemplo, a pessoa do presidente da república, ministras ou ministros de estado, a Caixa Econômica Federal ou Petrobrás são incluídos na análise. Esta semana 118 textos compõem a amostra.

Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]

O Estadão foi o mais negativo, com Índice de Viés[2] (IV) de -1,45, seguido por O Globo, com -0,53, e a Folha, com valor de -0,43.


[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.



Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal [2]

O destaque da semana foi a abordagem do novo programa de desenvolvimento industrial do governo, batizado de Nova Indústria Brasil (NIB) e lançado no dia 22 de janeiro. O debate em torno do NIB serviu para os jornais reafirmarem sua postura negativa em relação ao Governo Federal durante o ano de 2023. Os veículos de comunicação argumentaram que as propostas governamentais representam meras revisões de programas anteriores, carecendo de eficácia como alternativas viáveis para o cenário atual, prognosticando a futura falência do pacote, usando de base para isso supostos insucessos em administrações passadas.

O segundo ponto em destaque foi a relação entre Legislativo e Executivo. Com o início do ano eleitoral, os jornais ressaltaram as preocupações do governo em relação ao impacto das emendas no orçamento anual. As críticas se dirigem ao Congresso, especialmente no que toca às emendas parlamentares impositivas, percebidas como conferindo excessivo poder à instituição.

Por fim, o terceiro tópico relevante da semana foi a discussão em torno da refinaria Abreu e Lima. O anúnicio dos investimentos na refinaria foi alvo de críticas da mídia, que alegou persistência em políticas desatualizadas e em projetos malsucedidos no passado. A imprensa caracterizou a retomada dos investimentos como uma insistência em práticas associadas à corrupção petista e aos desdobramentos da Operação Lava Jato.

Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]

Na semana percebemos uma diminuição do viés negativo da cobertura dos jornais em relação ao Governo. O Estadão tem uma posição editorial de oposição, com um total de 10 editoriais negativos na semana, ou seja, quase dois por dia, e um grande número de chamadas também negativas, o que é sinal de sintonia entre o viés do jornal como um todo e sua posição editorial. O Globo tem um número desproporcional de colunas negativas, o que indica a permanência nos quadros do jornal de colaboradores “oposicionistas”, mas os editoriais e as manchetes são menos negativos. Há de se notar também a presença de textos positivos neste jornal. A Folha já não tem qualquer texto favorável ao governo e distribui negativos por quase todos os formatos, mas não de maneira abundante.

[3] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal

Essa semana, o Globo ficou na liderança da negatividade, com IV de –1,78, seguido pelo Estadão, com –1,09, e pela Folha, com IV de –0,45.

Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula

Assim como ocorreu na abordagem do Governo Federal, as discussões acerca da política industrial, da refinaria de Abreu e Lima e das relações entre Executivo e Legislativo estiveram significativamente presentes nas notícias relacionadas ao Presidente Lula. A distinção notável foi a inclusão do tema das Eleições Municipais de 2024 na cobertura do mandatário. Os veículos de comunicação criticaram uma suposta tentativa de Lula de nacionalizar e polarizar o debate político em várias localidades, estabelecendo confrontos com Bolsonaro.

Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto

Da mesma forma que ocorreu na cobertura do Governo Federal, a atenção dedicada a Lula equiparou-se em quantidade de textos, porém, foi ligeiramente mais negativa. Os três principais jornais adotaram abordagens distintas. No Estadão, as cŕiticas ao presidente sobresairam nos editoriais. Na Folha de São Paulo, foram as chamadas que concentraram o maior número de textos negativos sobre Lula. Por fim, no O Globo, tanto as chamadas quanto as colunas apresentaram disposição dominantemente negativa em relação ao presidente.

Para baixar o nosso relatório, clique aqui.


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DONI

O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.

Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.

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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.

[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.

[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.

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Criado em 2014, o Manchetômetro (IESP-UERJ) é o único site de monitoramento contínuo da grande mídia brasileira. As pesquisas do Manchetômetro são realizadas por uma equipe com alto grau de treinamento acadêmico e profissional.

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