DONI # 43 – 17 a 23 de Fevereiro de 2024
No DONI semanal são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 126 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
O Globo foi o mais negativo, com IV[1] – 1,33, seguido pelo Estadão, com – 0,67, e a Folha, com IV de – 1,06.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal
O destaque da semana foi a discussão sobre Israel e a fala de Lula, que gerou significativa controvérsia e repercussões midiáticas. Enquanto alguns textos argumentam que a crítica ao governo de Netanyahu é legítima, outros condenam sua comparação com o Holocausto como excessiva e potencialmente prejudicial para as relações diplomáticas do Brasil. A recusa de Lula em se desculpar e os elogios recebidos do Hamas exacerbam ainda mais a situação, alinhando politicamente o Brasil com o grupo palestino. O incidente também gerou críticas internas, com preocupações levantadas sobre potenciais sentimentos antissemitas dentro do círculo de Lula e o impacto sobre o papel do Brasil como mediador diplomático. Apesar de resultados positivos de reuniões subsequentes, Lula continuou a enfrentar críticas nos jornais, destacando a necessidade de uma diplomacia cuidadosa e linguagem ponderada por parte do presidente.
O segundo tema abordado é a arrecadação federal. Os jornais destacam que seu aumento, combinado com o aumento da taxa de emprego, oferece um suporte adicional para a viabilidade do plano fiscal proposto por Haddad. Por outro lado, ressaltam que esse aumento da arrecadação não deve ser utilizado como desculpa para abandonar a prudência fiscal, especialmente em um ano eleitoral. Os textos pedem parcimônia e foco na regulamentação da reforma tributária por parte dos líderes do governo. Além disso, o projeto do governo voltado para melhorar a relação entre a Receita Federal e os contribuintes é tratado com ressalvas pelos periódicos, destacando a importância de políticas tributárias equilibradas e transparentes para garantir a estabilidade econômica e o bem-estar fiscal.
Na terceira posição ficou com a saidinha de presos. A cobertura destaca que o tema se tornou delicado para o governo, após o líder da bancada petista Jacques Wagner liberar o voto do partido. Os jornais pontuam que a decisão pode colocar Lula sob pressão de aliados, uma vez que a segurança pública é uma agenda central para o governo e para o país.
O quarto destaque é o debate sobre Segurança Pública, agora motivado pela fuga de presos registrada no presídio de Mossoró. Os jornais taxam a situação de grave e ressaltam a urgência de medidas para garantir a segurança pública e a eficácia do sistema prisional.
Finalmente, o último tema é a crise dos Yanomamis. Os jornais Voltaram a culpar a gestão Bolsonaro pelo descaso em relação à situação. No entanto, o governo Lula também é cobrado a assumir responsabilidades, especialmente diante do aumento do número de mortes e do avanço do garimpo ilegal na região. Apesar de ter utilizado a pauta no início de seu mandato, os jornais destacam que o governo Lula não conseguiu resolver efetivamente os problemas enfrentados pelos Yanomamis, evidenciando a necessidade de uma ação mais eficaz e comprometida com a proteção dos povos indígenas e do meio ambiente.
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Esta semana, a mídia intensificou as críticas ao Governo Federal. O Estadão concentrou sua negatividade nos editoriais, já Folha e O Globo distribuíram textos negativos generosamente em todos os formatos, com exceção do único artigo de opinião pertinente publicado no Globo.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Essa semana, o Estadão ficou na liderança do Índice, com um IV de –4,75, seguido pelo Globo, com IV de –3,57, e a Folha, com IV igual a –1,27.
Gráfico 5. Temas mais presentes na cobertura do Presidente Lula
Assim como na cobertura do Governo Federal, as discussões sobre Israel, as saidinhas de presos e a crise no território Yanomami ocuparam uma parte significativa das notícias relacionadas ao Presidente Lula. Contudo, dois outros temas também tiveram destaque essa semana: as relações exteriores brasileiras e o Supremo Tribunal Federal.
A temática das Relações Exteriores teve destaque para além do debate sobre Israel. A viagem de Lula à África e a reunião do G-20 no Rio de Janeiro trouxeram o tema de volta às páginas do noticiário. Os jornais destacaram as ações do país na arena internacional, porém criticaram os anseios de Lula em ser líder do Sul Global. Tais anseios resultariam em movimentos, como a fala sobre Israel, que prejudicariam o papel de mediador do Brasil na esfera internacional.
O segundo tema foi a posse de Flávio Dino como ministro do STF. A cerimônia permitiu aos jornais retomarem discussões políticas sobre o Tribunal, como a agressão ao ministro Alexandre de Moraes que, segundo a cobertura, teria sido apenas mais um caso sem solução utilizado pelo governo para promoção do presidente Lula. Quanto a Dino, os jornais destacam a importância do mesmo neste novo momento da Corte e principalmente diante da polarização em que o país se encontra.
Gráfico 6. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
A cobertura em torno de Lula continua sendo menor em comparação àquela dedicada ao Governo Federal. Os três jornais apresentam textos negativos em todas as modalidades de texto. Mesmo a mais rápida mirada no gráfico consegue compreender que Lula está sendo massacrado pela cobertura dos grandes jornais. O tema de Israel dominou a semana e os jornais mais alinharam com os interesses norte-americanos, inclusive agora o apoio ao sionismo genocida. Resta saber se passada a ativação desse tema, a cobertura vai voltar ao seu padrão normal que é negatividade mais moderada em relação ao presidente.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.