DONI # 47 – 16 a 22 de março de 2024
No DONI semanal, são computadas todas as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou algum personagem ou instituição do Executivo, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Nesta semana, foram analisados 108 textos.
Gráfico 1. Cobertura do Governo Federal por jornal (valências)[1]
Em março, o Estadão é o jornal mais negativo, com IV² – 1,19, seguido pelo Globo, com – 1,01, e a Folha, com IV de – 0,60. O IV da cobertura do governo é de – 0,91.
[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em diferentes áreas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é retratado é negativa ou desfavorável.
[2] O IV agregado é calculado aplicando a mesma fórmula ao conjunto dos textos, sem distinção de jornal.
Gráfico 2. Temas mais presentes na cobertura do Governo Federal
Analisaremos os temas que mais surgiram na cobertura dos dois principais personagens políticos, Governo Federal e o presidente Lula. Como mostra o gráfico, essa semana, mais uma vez, a cobertura do petista foi mais negativa do que a do governo.
O destaque da semana é a crise na comunicação do governo. Os jornais apresentam a preocupação do governo com problemas na divulgação das suas próprias realizações. Os jornais noticiaram também que Lula estaria cobrando os ministros a divulgar as ações do governo e defender a gestão.
O segundo foco é o próprio presidente. Os jornais apresentam críticas a um suposto neopopulismo de Lula e o acusam de alimentar a polarização contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Utilizam pesquisas que mostram queda na popularidade do petista para fortalecer seus argumentos. Há ainda a lembrança sobre a tentativa do presidente de tentar interferir em empresas estatais.
Por último, outro tema muito discutido foi a reforma do ensino médio. Os jornais insinuaram que o programa “Pé de meia” – que oferece incentivo financeiro a estudantes – tem baixo valor agregado, e sugeriram mais investimentos diretos em educação pela União e os estados. Os jornais também discutiram os avanços que a reforma no currículo do ensino médio representa na relação entre governo e Câmara dos Deputados, principalmente por conta do impasse que havia entre o Ministério da Educação (MEC) e o relator da reforma
Gráfico 3. Cobertura do Governo Federal por tipo de texto[3]
Nesta semana, a mídia continuou a criticar o Governo Federal. No Estadão, os editoriais e as chamadas concentraram o maior número de registros negativos. O destaque foi o mesmo veículo paulistano, que publicou um farto número de editoriais e chamadas desfavoráveis ao Governo.
[3] Neste gráfico, vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que apresentam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.
Gráfico 4. Cobertura do Presidente Lula por jornal
Até o momento, em março, o Estadão ocupa a liderança no Índice com –2,89, superando
O Globo que agora apresenta IV de –2,63, e a Folha, com IV igual a –1,21. O IV médio
para o mês é de –1,98.
Gráfico 5. Cobertura do Presidente Lula por tipo de texto
A cobertura de Lula é tão homogeneamente negativa que só nos resta diferenciar a disposição de O Globo escalar colunistas contrários ao presidente. Salta aos olhos também a disposição dos 3 jornais de produzirem chamadas de capa desfavoráveis ao petista. Com 10 editoriais negativos na semana, o Estadão está ultrapassando a marca de dedicar um terço dos textos desse formato que publica a desancar Lula. A cobertura dos grandes jornais está mostrando claros sinais de retornar a padrões de alta politização da imprensa, observados ao longo dos anos da Lava Jato, ou mesmo na cobertura do chamado Mensalão.
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DONI
O De Olho Na Imprensa! (DONI) é um relatório semanal produzido pela equipe do Manchetômetro, que é um projeto do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ.
Utilizamos as metodologias da Análise de Valências e Análise de Enquadramentos para avaliar o posicionamento dos jornais.
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[1] As valências no gráfico estão associadas às posições e ações tomadas pelo presidente ou pelo Governo Federal em relação aos temas. Por exemplo, um texto sobre economia com valência Negativa para Lula significa que o texto versa sobre economia e que a maneira como o presidente nele é tratado é negativa ou desfavorável.
[2] O Índice de Viés (IV) é calculado pela fórmula , na qual F é o n° de favoráveis, C o n° de contrárias, A o n° de ambivalentes e N o n° de neutras.
[3] Neste gráfico vemos mais claramente o posicionamento dos jornais, em seus editoriais e na opinião que representam em suas páginas, por meio de colunistas e artigos de convidados.